quarta-feira, 17 de junho de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “Coragem! Ele te chama!”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
Um novo modo de ver
            Jesus está chegando à última etapa de seu ministério. Depois desse milagre em que curou o cego de Jericó, vai para Jerusalém e faz sua entrada na cidade. O milagre, “ao longo do caminho” mostra uma estrada da fé. Os milagres de Jesus são revelação de sua pessoa e de seu evangelho. A multidão segue estrada com Jesus para Jerusalém. Um cego, Bartimeu, sentado à beira do caminho, pergunta quem está passando. Ao saber que é Jesus, começa a gritar: “Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim”. Mandam que se cale. Grita mais ainda. Jesus manda chamá-lo. Dizem ao cego: “Coragem! Ele te chama!” Jesus pergunta: “Que queres que eu te faça”. Linda resposta: “Mestre, que eu veja!” Jesus diz: “Vai, tua fé te curou”. Curado, seguiu Jesus. Uma cena simpática, mas ao mesmo tempo muito clara para nos indicar o caminho da fé: Para seguir Jesus é preciso sair da cegueira e enfrentar, com Ele, o caminho que vai a Jerusalém, onde vai sofrer, morrer para ressuscitar como dissera pouco antes. Quando se está cego à fé acontecem os obstáculos: “mandavam que se calasse”. Mas há também a ajuda: “Coragem! Ele te chama”! A súplica do cego é uma profissão de fé: “Filho de Davi, tem compaixão de mim”. Ele reconhece Jesus como o Messias prometido. A profissão de fé e a chamada de Jesus abrem nossos olhos para seguir o caminho da fé. Vê a luz e segue a Luz. A fé é um dom divino, transformador. Aceitar a fé é dar o salto no escuro: Ao ser chamado, o cego joga o manto que o cobria e dá um salto. Ele salta para a Luz. Não basta uma fé de conceitos. É preciso a fé que toma atitudes de busca de Deus. Nós fazemos o mesmo caminho de fé, cada um a seu modo, mas em busca da Luz. Na Luz veremos a Luz. Somos animados pelo Espírito: “Coragem! Ele te chama!”
Sacerdote tirado do meio do povo
            A carta aos Hebreus, que lemos neste domingo, não está em função de explicar o evangelho, mas podemos entendê-la como um conhecimento maior de Jesus – Sacerdote. A carta faz um longo tratado sobre a superioridade do Sumo Sacerdote Jesus. Jesus não é uma continuação do sacerdócio da lei antiga. Ele é único, como Melquisedec, que quer dizer rei de justiça – santidade. Depende de Deus. O sacerdócio de Jesus, não provém de uma família, como Aarão, mas tirado do meio do povo. Ele tem suas raízes no meio do povo e sabe compadecer-se porque viveu a mesma realidade, menos deixar-se levar ao pecado. “Ele está em favor dos homens nas coisas que se referem a Deus”: Ser a Luz para a caminhada para Deus. Ele oferece a Deus dons e sacrifícios pelos pecados. É Luz que nos abre à Luz que é Deus. Ao oferecer sacrifícios pelos pecados está lançando Luz sobre nossas trevas, como cura o cego. É o que profetiza Jeremias (31,7-9) sobre o retorno dos exilados. É como sair da cegueira. No fundo está sempre a súplica dirigida a Deus pelo Sumo Sacerdote: “Salva, Senhor, teu povo, o resto de Israel”- “Senhor que eu veja!”
Oração do nome de Jesus
            Esse grito do cego transformou-se em uma oração que sustenta, de modo particular, na Igreja Oriental:“Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!” O nome está sempre em ligação à pessoa. Paulo diz que “ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor! Senão pelo Espírito Santo” (1Cor 12,3). Dizer Jesus é ser movido pelo Espírito. Repetindo sem cessar essa oração, o fiel está se unindo à pessoa de Jesus. Ao repetirmos o nome bendito, “JESUS”, entramos em comunhão com a pessoa de Jesus, o que nos coloca, como o cego, na Luz. 

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