PADRE CLÓVIS DE JESUS BOVO CSsR |
Até de um caso cômico Deus tira proveito. Certa tarde, narra o próprio vigário daquela paróquia, um homem, tomado pela bebida, viu a igreja aberta e entrou aos cambaleios. Tinha tentado em vão ir para sua casa, mas perdera o rumo. A igreja estava vazia e silenciosa. Descansaria um pouco até se refazer da bebida. Depois tentaria novamente caminhar para casa.
Viu o confessionário e teve a idéia de esconder-se dentro dele. Assim, quem entrasse não o perturbaria, nem ele chamaria a atenção. A cortina da frente o protegeria de algum olhar indiscreto. Veio o sono pesado da ressaca. Anoiteceu. E ele dormindo. De repente o som forte do órgão o despertou. Olhou pela gradezinha do confessionário. Meu Deus, a igreja estava cheia de gente! Devia ser a reza do mês de maio.
Estava num beco sem saída. Se saísse do confessionário, o povo o tomaria por louco ou ladrão. Resolveu ficar bem quieto e aguardar o fim da cerimônia. Começou a pregação do padre. Falou sobre Nossa Senhora, refúgio dos pecadores. Exortou os fiéis a deixar vícios e pecados, para merecer a proteção de Maria. O beberrão ouvia, forçado pela circunstância. Nunca prestara tanta atenção a um sermão.
Terminou a novena. A igreja seria fechada. E agora, como sair sem ser percebido? Fez então uma promessa: Se conseguisse escapar sem ninguém notar, nunca mais ia beber. E se, por fraqueza, voltasse ao copo alguma vez, colocaria no cofre da igreja tanto dinheiro quanto gastou na bebida. Além do mais, ficaria rezando na igreja durante o mesmo tempo que ficasse nos botequins. A promessa foi pesada. Mas cumpriu-a fielmente. O vigário é testemunha de que o homem nunca mais bebeu. Tornou-se participante assíduo da comunidade.
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