Vivemos um
momento fascinante na vida da Igreja com a eleição do Papa Francisco. Ele mesmo
se intitulou, quando eleito, um Papa que
veio do fim do mundo. Até agora o pensamento europeu dominou a cabeça da
Igreja. Com Francisco mudou o modo de ver. Acho importante tomarmos
conhecimento da contribuição que o Hemisfério Sul pode dar à Igreja. Não se
está mudando a doutrina, os costumes etc... São novos ares como foi o Vaticano
II. Há quem não goste. Contudo, ele é o Papa. Papa Bento XVI, durante os dias
do Sínodo, deu uma resposta muito clara sobre a pessoa de Francisco quando
quiseram envolvê-lo contra Papa Francisco: “O Pontífice é ele”. Francisco traz
uma experiência da base. Sabe muito bem traduzir as verdades em palavras
simples. Há outro que também era especial nisso: Jesus de Nazaré. Numa
linguagem simples explica uma verdade muito grande da fé: o sensus fidelium, isto é, o povo de Deus, no seu conjunto, não
erra na fé. Quando se trata de definir um dogma, o Papa consulta o povo de
Deus. Orientando diz que os bispos às vezes estão à frente do povo para indicar
a estrada e sustentar a esperança; outras vezes estão no meio com sua presença;
em outras, estão atrás para ajudar os que se atrasam, “porque o próprio rebanho
possui o olfato para encontrar novas estradas”(EG 31). Normalmente
párocos e bispos, devido aos muitos empenhos, são administradores de qualidade,
mas longe do povo. Quem conhece o bispo? Quem o vê? Francisco, quando cardeal
de Buenos Aires, andava de metrô. Vejamos quanta dificuldade temos de nos
misturar no meio do povo. Não se trata de abaixar o nível, mas de abaixar-se
como fez o bom samaritano, isto é, Jesus. No meio do povo vamos saber a direção
que o Espírito coloca no coração das comunidades
1496.
Direção do vento
Em Angola,
Africa, aprendi o seguinte provérbio: “a palanca pasta, pasta... e de quando em
quando levanta os chifres”. Quer dizer que ela está atenta à direção do vento e
aos perigos que corre. Os ventos sopram. O Espírito sopra os corações com seu
hálito como Deus soprou no rosto do homem e ele se tornou alma vivente (Gn
2,7).
Podemos dizer que está soprando para todo lado. Assim é o Espírito, como diz
Jesus a Nicodemos: “O vento sopra onde quer e ouves o seu ruído, mas não sabes
de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do
Espírito” (Jo 3,8). A movimentação do momento
presente são sinais muito bons para a renovação de todo universo da Igreja. “O
Reino de Deus sofre a violência dos violentos que querem entrar e violentos se
apoderam dele” (Mt 11,12). A violência não quer dizer um mal, mas uma força de
assumir uma direção. É coragem de despir-se da aparência e assumir uma postura
de fé e de coerência evangélica. Isso exige conversão e força de despojar-se do
secundário para assumir o fundamental.
1497.O
cheiro e o faro
Impregnados de cheiro de ovelhas por estar com elas percebe-se
a ação do Espírito que age no povo. Há erros que podem ser colhidos e
reformados se estamos juntos. A Igreja propõe muitos organismos canônicos para
que isso aconteça, como os conselhos de pastoral e de economia, como o espírito
colegial nas diversas instâncias. É preciso ouvir todos e não grupos
selecionados. O próprio exercício papado está em reforma para abrir-se ao
movimento das ovelhas que, pelo Espírito sabem escolher caminhos. S. Agostinho
dizia: para vós sou bispo, convosco sou cristão. Dizer que sempre deu certo do
jeito que fazemos, é uma defesa de situações pessoais cômodas.
http://padreluizcarlos.wordpress.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário