sexta-feira, 6 de junho de 2014

REFLETINDO A PALAVRA - “Saber viver bem”.

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Vaidade das Vaidades!
          A palavra do Evangelho deste domingo poderia ter sido escrita hoje que teria a mesma força. O que diz o evangelho? Jesus conta a parábola de um homem que fez uma grande colheita. Derrubou os celeiros velhos e fez novos e maiores. Abarrotou-os de trigo e “disse a si mesmo: ‘meu caro, tens uma boa reserva para muitos anos. Descansa, come, bebe, aproveita!’ “Mas Deus disse: ‘Louco! Ainda esta noite pedirão de volta a tua vida! Para quem ficará o que tu acumulaste?’ Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo e não é rico para Deus”. Hoje é muito falado: ‘ricos mais ricos, pobres mais pobres’. É o acúmulo de bens. Jesus não critica o acúmulo, mas sim o fato de não ser também rico para Deus. São tantos que sugam o sangue do povo e amontoam nos os seus verdinhos dólares nos paraísos econômicos. Vivemos a idolatria de ter coisas. Esta foi uma das tentações fortes. O que o texto quer dizer é que não devemos parar no desejo de acumular de bens, mas ir além: “Tomai cuidado com toda a ganância, porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida do homem não consiste na abundância de bens” (Lc 12,15).  É uma loucura, pois o ‘caixão não tem gaveta’, como diz o povo. A parábola é clara: “Meu caro tens muitos bens”, diz o homem a si mesmo. Deus lhe diz: “Louco! Ainda hoje sua vida será tirada”. A parábola mostra a loucura de viver só para os bens materiais, sem pensar no que constrói a vida eterna: ser rico para Deus. O livro do Eclesiastes proclama: “Vaidade, tudo é vaidade“.
Saber viver bem.
          Certamente que as situações de instabilidade em que vivemos reclamam cautela e segurança. O ensinamento de Jesus demonstra que o que temos é para construir vida. Os bens materiais, intelectuais ou espirituais têm a finalidade de fazer-nos crescer. O acúmulo, sem ganância, não atrapalha, mas nos ajuda construir e produzir frutos. É interessante como os cristãos, de modo geral, vivem tranqüilamente somente a partir das leis do mercado. Saber viver bem e aplicar os bens que temos para que a riqueza leve a todos a crescer é a proposta de Jesus. Chegamos a um ponto na mentalidade do mundo que parece não ter saída. Mas é preciso reverter o quadro.
Ricos para Deus.
            A perspectiva da riqueza termina com a morte que julgamos sempre longe. Mas o dia chega, e muitas vezes sem avisar. Jesus afirma que isso acontece com quem ajunta para si mesmo e não é rico diante de Deus. Ser rico diante de Deus é, conforme Paulo escreve, “buscar as coisas do alto e não as terrenas” (Cl 3,2). E também: “Já vos despojastes do homem velho e da sua maneira de agir e vos revestistes do homem novo” (Cl 3.9-10). A Deus não se compra, nem se vendem lotes do Céu, como alguns ousam fazer. Compra-se sim aqui, através de uma vida regrada pela fé, que para muitos é loucura. E não pela loucura da ganância, que para Deus é loucura. Com os bens terrestres vividos na justiça e no amor fazem-nos ricos para Deus.
http://padreluizcarlos.wordpress.com/

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