Encerramos
o Tempo Pascal. Pudemos contemplar e viver o Mistério de Cristo em sua
manifestação: Vida, Morte, Sepultura, Ressurreição, Ascensão, Glorificação e
Envio do Espírito. Celebramos o Mistério de Cristo sempre em totalidade, mesmo
contemplando por parte. Assim conhecemos mais como Deus age, o que chamamos
economia da Salvação. Deus sempre é inesperado. O modo como o Pai age escapa ao
nosso controle. Jesus poderia dizer: faço do jeito que o Pai faz. O Pai sempre
chegou primeiro: Amou-nos por primeiro e não porque quisesse pagar o bem que
fizemos, como lemos: “Deus demonstra seu amor para conosco pelo fato de Cristo
ter morrido por nós quando ainda éramos pecadores” (Rm 5,8). Mais que nos acolher, Deus nos
colhe. Para estar conosco, não põe obstáculos à aproximação. Ele não Se impõe,
oferece intimidade e comunhão. Para isso, oferece Jesus como Homem-Deus. Ele assume
nossa humanidade. Mesmo ressuscitado e glorificado a traz em Si. Pela
Encarnação está unido a nós. Foi como o sereno que fecundou no silêncio. Jesus
como ser humano se ofereceu, propôs, acolheu o mundo e o jeito das pessoas.
Todos queriam tocá-lo. Essa atitude de abertura é o reflexo do Pai. Ele próprio
diz: “Quem me viu, viu o Pai” (Jo 14,9). Está a dizer também: Faço como o Pai faz. A
divinização do homem passa por sua humanização. Deus para nos oferecer a graça
dessa comunhão usou nossa natureza. A graça supõe a natureza.
1430.
Um modo de ser Igreja
A
Igreja se debate com tantos problemas e tantas vezes não encontra solução.
Acontece que nos esquecemos que ela é também humana. Quanto mais humana, mais
pode oferecer o Evangelho de Jesus que era humano. Ele era tão humano que os
discípulos poderiam dizer: tão humano assim, só se pode ser divino (L.Boff). Jesus seguia
as leis, mas não só. Seguia os ritos, mas não aceitava a imposição de tradições
que sacrificavam a vontade de Deus. Seguindo o modo de Deus agir, tudo o que fizermos
será dignificado e facilitado. Jesus partiu do humano para nos levar ao Divino.
Em nenhum momento deixou a divindade, mas soube vivê-la na humildade do Pai que
acolhe o Filho no Espírito. O Filho acolhe o Amor do Pai. O Papa Francisco está
atraindo o mundo não pela sua sabedoria (e a tem muito), mas pela sua
humildade, pelo acolhimento e humanidade. Isso não é sinal de fraqueza ou falta
de poder. A Igreja já usou e usa muito do poder. Sem humildade o Evangelho de
Jesus não tem a transparência. O Papa dá o espetáculo da simplicidade. Dá o
exemplo de como Jesus não precisava do aparato messiânico para comunicar o
Evangelho. As muitas divisões da Igreja foram provocadas porque não se buscou a
Verdade na humildade que confundimos com teorias espirituais.
1431.
Um novo modo de ser
Somos chamados a um testemunho mais
claro de Jesus. Vemos que os santos que impressionam, mesmo os não cristãos,
são os que mais expressaram em sua vida uma face particular da humanidade de
Jesus. Para chegar a isso, é preciso um novo modo de ser na permanente busca de
imitá-Lo. A humildade é a virtude que, como expressão do amor, é a face de
Jesus. Não fazemos sucesso com humildade. Está já passando da hora de
assumirmos que há algo mais no ser humano que supera todos os condicionamentos
da atual sociedade. Na esperteza de Deus, seguindo o exemplo de Jesus,
deixaremos transparecer o espiritual através de nosso humano simples e humilde
jeito de ser. Deus não é um caso perdido.
http://padreluizcarlos.wordpress.com/
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