Evangelho segundo São Lucas 10,1-9.
Naquele tempo, designou o Senhor setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois à sua frente, a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir.
E dizia-lhes: «A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao dono da seara que mande trabalhadores para a sua seara.
Ide. Eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos.
Não leveis bolsa nem alforge nem sandálias, nem vos demoreis a saudar alguém pelo caminho.
Quando entrardes nalguma casa, dizei primeiro: "Paz a esta casa".
E se lá houver gente de paz, a vossa paz repousará sobre eles; senão, ficará convosco.
Ficai nessa casa, comei e bebei do que tiverem, que o trabalhador merece o seu salário. Não andeis de casa em casa.
Quando entrardes nalguma cidade e vos receberem, comei do que vos servirem,
curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: "Está perto de vós o Reino de Deus"».
Tradução litúrgica da Bíblia
Constituição dogmática sobre a Igreja,
«Lumen Gentium», 3-5
«Dizei-lhes: "Está perto de vós o Reino de Deus"»
Cristo, a fim de cumprir a vontade do Pai, deu começo na terra ao Reino dos Céus e revelou-nos o seu mistério, realizando a redenção com a sua obediência. A Igreja, ou seja, o Reino de Cristo já presente em mistério, cresce visivelmente no mundo pelo poder de Deus. Tal começo e crescimento, exprimem-nos o sangue e a água que manaram do lado aberto de Jesus crucificado (cf Jo 19,34), e preanunciam-nos as palavras do Senhor acerca da sua morte na cruz: «E, quando Eu for elevado da Terra, atrairei todos a Mim» (Jo 12,32).
O mistério da Santa Igreja manifesta-se na sua fundação. O Senhor Jesus deu início à sua Igreja pregando a boa nova do advento do Reino de Deus prometido desde há séculos nas Escrituras: «Cumpriu-se o tempo e está próximo o Reino de Deus» (Mc 1,15; cf Mt 4,17). Este Reino manifesta-se na palavra, nas obras e na presença de Cristo. A palavra do Senhor compara-se à semente lançada ao campo (cf Mc 4,14): aqueles que a ouvem com fé e entram a fazer parte do pequeno rebanho de Cristo (cf Lc 12,32) já receberam o Reino; depois, por força própria, a semente germina e cresce até ao tempo da messe (cf. Mc 4,26-29). Também os milagres de Jesus comprovam que o Reino já chegou à Terra: «Se Eu expulso os demónios pelo dedo de Deus, então quer dizer que o Reino de Deus chegou até vós» (Lc 11,20; cf Mt 12,28). Mas este Reino manifesta-se sobretudo na própria Pessoa de Cristo, Filho de Deus e Filho do homem, que veio «para servir e dar a vida pela redenção de todos» (Mc 10,45).
E quando Jesus, tendo sofrido a morte da cruz pelos homens, ressuscitou, apareceu como Senhor, Cristo e sacerdote eterno (cf At 2,36; Heb 5,6; 7,17-21) e derramou sobre os discípulos o Espírito prometido pelo Pai (cf At 2,33). Pelo que a Igreja, enriquecida com os dons do seu Fundador e guardando fielmente os seus preceitos de caridade, de humildade e de abnegação, recebe a missão de anunciar e instaurar o Reino de Cristo e de Deus em todos os povos e constitui o germe e o princípio deste mesmo Reino na Terra. Enquanto vai crescendo, suspira pela consumação do Reino e espera e deseja juntar-se ao seu Rei na glória.
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