Evangelho segundo São Mateus 8,28-34.
Naquele tempo, quando Jesus chegou à região dos gadarenos, na outra margem do lago, vieram ao seu encontro, saindo dos túmulos, dois endemoninhados. Eram tão furiosos que ninguém se atrevia a passar por aquele caminho.
E disseram aos gritos: «Que tens que ver connosco, Filho de Deus? Vieste aqui para nos atormentar antes do tempo?».
Ora, perto dali, andava a pastar uma grande vara de porcos.
Os demónios suplicavam a Jesus, dizendo: «Se nos expulsas, manda-nos para a vara de porcos».
Jesus respondeu-lhes: «Então ide». Eles saíram e foram para os porcos. Então, os porcos precipitaram-se pelo despenhadeiro abaixo e afogaram-se no lago.
Os guardadores fugiram e foram à cidade contar tudo o que acontecera, incluindo o caso dos endemoninhados.
Toda a cidade saiu ao encontro de Jesus. Quando O viram, pediram-Lhe que Se retirasse do seu território.
Tradução litúrgica da Bíblia
(345-407)
Presbítero de Antioquia,
bispo de Constantinopla,
doutor da Igreja
Homilia sobre a palavra «cemitério» e sobre a cruz
A libertação dos cativos
Naquele dia, Jesus Cristo entrou no abismo e conquistou os infernos. Naquele dia, «despedaçarei as portas de bronze, quebrarei as portas de ferro», como disse Isaías (Is 45,2). Reparemos bem nestas expressões. Não está dito que abrirá as portas de bronze ou que as tirará de seus gonzos, mas que as despedaçará, para nos fazer compreender que deixará de haver prisão, porque Jesus aniquilou a morada dos prisioneiros. Prisão onde já não haja portas nem ferrolhos deixa de poder ter cativos os seus reclusos. Ora, Jesus despedaçou essas portas; quem poderá voltar a pô-las? E os ferrolhos que quebrou: que homem poderá voltar a colocá-los? Quando os príncipes da Terra soltam os prisioneiros, enviando cartas de indulto, deixam ficar as portas e os guardas da prisão, para demonstrar àqueles que saem que podem ter de ali voltar, eles ou outros. Cristo não age desta maneira. Ao despedaçar as portas de bronze, dá testemunho de que não voltará a haver prisão, nem morte.
E porque eram as portas de bronze? Porque a morte era impiedosa, inflexível, dura como o diamante. Durante todos os séculos que precederam Jesus Cristo, nunca recluso algum pudera fugir, até ao dia em que o Soberano dos Céus desceu aos abismos para arrancar ao demónio as vítimas que ele tinha aprisionado.
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