Evangelho segundo São Lucas 1,57-66.80.
Naquele tempo, chegou a altura de Isabel ser mãe e deu à luz um filho.
Os seus vizinhos e parentes souberam que o Senhor lhe tinha feito tão grande benefício e congratularam-se com ela.
Oito dias depois, vieram circuncidar o menino e queriam dar-lhe o nome do pai, Zacarias.
Mas a mãe interveio e disse: «Não, ele vai chamar-se João».
Disseram-lhe: «Não há ninguém da tua família que tenha esse nome».
Perguntaram então ao pai, por meio de sinais, como queria que o menino se chamasse.
O pai pediu uma tábua e escreveu: «O seu nome é João». Todos ficaram admirados.
Imediatamente se lhe abriu a boca e se lhe soltou a língua e começou a falar, bendizendo a Deus.
Todos os vizinhos se encheram de temor e por toda a região montanhosa da Judeia se divulgaram estes factos.
Quantos os ouviam contar guardavam-nos em seu coração e diziam: «Quem virá a ser este menino?». Na verdade, a mão do Senhor estava com ele.
O menino ia crescendo e o seu espírito fortalecia-se. E foi habitar no deserto até ao dia em que se manifestou a Israel.
Tradução litúrgica da Bíblia
(354-430)
Bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
2.º Sermão para a Natividade de João Batista,
n.º 288, 2; PL 38-39, 1302-1304
«Entre os filhos de mulher, não apareceu
ninguém maior do que João Batista»
Antes de João Batista, houve profetas santos em grande número, homens dignos de Deus, cheios do seu Espírito, que anunciavam o advento do Senhor e que testemunhavam a verdade. Mas de nenhum deles se disse o que se disse de João Batista: «Entre os filhos de mulher, não apareceu ninguém maior do que João Batista» (Mt 11,11). Porquê esta grandeza, enviada antes daquele que é a própria grandeza? Para testemunhar a profunda humildade do Precursor.
Ele era tão grande que poderia ter sido confundido com Cristo. Nada mais fácil porque, sem que ele o dissesse, era o que pensavam quantos o ouviam e o viam. Mas este humilde amigo do esposo, zelando pela honra do mesmo esposo, não pretende tomar o seu lugar como um adúltero. Ele dá testemunho do seu amigo, recomenda à esposa o verdadeiro esposo e tem horror a ser amado em seu lugar, porque apenas quer ser amado nele: «O amigo do esposo, que o acompanha e escuta, sente muita alegria ao ouvir a sua voz» (Jo 3,29).
O discípulo escuta o mestre; e permanece de pé porque o escuta, pois, se se recusasse a ouvi-lo, a sua queda era certa. O que se destaca a nossos olhos da grandeza de João é que ele podia ser tomado por Messias, mas preferiu dar testemunho de Jesus Cristo, proclamar a sua grandeza e humilhar-se, a passar por Messias e enganar-se a si próprio, enganando os outros. Com toda a justiça, pois, diz Jesus que ele era mais do que um profeta. Humilhando-se perante a grandeza do Senhor, João mereceu que a sua humildade fosse levantada por esta grandeza. «Eu não sou digno de me inclinar para desatar as correias das suas sandálias», dizia (Mc 1,7).
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