quarta-feira, 16 de abril de 2025

REFLETINDO A PALAVRA - “O discípulo que Jesus amava”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Lendo os evangelhos sempre vejo João dizer: o discípulo que Jesus amava! Não existe uma discriminação? Por que não se fala o mesmo dos outros? João, quando fala de si no seu evangelho não cita seu nome, mas simplesmente aquilo que o identificava no grupo dos apóstolos: aquele que Jesus amava. Não amava os outros? Jesus dava a cada um o tratamento que lhe era especial. Amava cada um do modo que cada um queria ser amado. A discriminação é desprezar um pelo outro. Por exemplo: Jesus tinham um modo de tratar Judas que os outros não sabiam. Havia coisas que os outros não entendiam. Basta ver a última ceia quando Judas sai da sala. Com João, o tratamento era conhecido de todos: João era jovem (quantos anos? 15, 18?). Era cheio de vida e entusiasmo. Era bravo, tanto que Jesus chamava-o, como também a seu irmão Tiago, de Boanerges, filhos do trovão. Numa cidade samaritana onde não queriam receber Jesus, eles pediram para fazer descer fogo do céu sobre a cidade. Parece-nos ouvir Jesus dizer a João: Joãozinho, calma! devagar! João era como que a sombra de Jesus. Estava em todas. Nos momentos mais selecionados de Jesus, quando não queria ninguém por perto, levava consigo Pedro, Tiago e João. Testemunha escolhida, querida, amada. João bebia as palavras de Jesus e mais as palavras, a própria pessoa de Jesus. Quando escreve sua carta ele diz: "o que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos, e o que nossas mãos apalparam do Verbo da vida, nós a vimos e lhes damos testemunho e vos anunciamos esta Vida eterna...o que vimos e ouvimos nos vo-lo anunciamos para que estejais em comunhão conosco" (1 Jo.1.1-3). E está ali, ao pé da Cruz tocando o sangue, expressão do amor: "tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao extremo do amor" (Jo 13,1). Está sempre ao lado. Na ceia pode recostar a cabeça no peito de Jesus e ouvir sobre o traidor. Era uma proximidade palpável (aquele que nossas mãos tocaram). João pegava toda a mensagem de Jesus como que através do contato pessoal. É ele que vai falar tanto do amor. Ele viu este amor em Jesus, conheceu Jesus como o Amor do Pai, comunhão com o Pai. E se sentiu envolvido por este amor. Para ele, existir era ser amado por Jesus. Sua identidade era o amor de Jesus que estava nele. Quando Madalena anuncia a ressurreição ele corre ao túmulo. Ele o reconhecia: na pesca milagrosa ele diz: “é o Senhor!” Este amor que era sua identidade torna-se sua pregação: "filhinhos, não amemos só com palavras” (1 Jo.18). Amar é permanecer nele. No quadro da Semana Santa não existe somente o mal. Existe o amor de tantos por Jesus. Somos chamados a partilhar!
QUARTA-FEIRA DA SEMANA SANTA

EVANGELHO DO DIA 16 DE ABRIL

Evangelho segundo São Mateus 26,14-25. 
Naquele tempo, um dos Doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes e disse-lhes: «Que estais dispostos a dar-me para vos entregar Jesus?». Eles garantiram-lhe trinta moedas de prata. E a partir de então, Judas procurava uma oportunidade para O entregar. No primeiro dia dos Ázimos, os discípulos foram ter com Jesus e perguntaram-Lhe: «Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?». Ele respondeu: «Ide à cidade, a casa de tal pessoa, e dizei-lhe: "O Mestre manda dizer: o meu tempo está próximo. É em tua casa que Eu quero celebrar a Páscoa com os meus discípulos"». Os discípulos fizeram como Jesus lhes tinha mandado e prepararam a Páscoa. Ao cair da noite, sentou-Se à mesa com os Doze. Enquanto comiam, declarou: «Em verdade vos digo: um de vós há de entregar-Me». Profundamente entristecidos, começou cada um a perguntar-Lhe: «Serei eu, Senhor?». Jesus respondeu: «Aquele que meteu comigo a mão no prato é que há de entregar-Me. O Filho do homem vai partir, como está escrito acerca dele. Mas ai daquele por quem o Filho do homem vai ser entregue! Melhor seria para esse homem não ter nascido». Judas, que O ia entregar, tomou a palavra e perguntou: «Serei eu, Mestre?». Respondeu Jesus: «Tu o disseste».
Tradução litúrgica da Bíblia 
Santo Agostinho(354-430) 
Bispo de Hipona (norte de África), 
doutor da Igreja 
Sermões sobre o evangelho de João, n.° 27, § 10 
Deus tira bem do mal e justiça da injustiça 
«Não vos escolhi Eu a vós, os Doze? Contudo, um de vós é um diabo» (Jo 6,70). 
O Senhor deveria dizer: «Escolhi onze de vós»; pois terá Ele escolhido um diabo, haveria um diabo entre os eleitos? Poderemos dizer que, ao escolher Judas, o Salvador quis cumprir, através dele, contra a vontade dele e sem que ele soubesse, uma obra tão grande e tão boa? Isto é próprio de Deus: fazer que as obras más dos maus sirvam o bem. O mau faz que todas as obras boas de Deus sirvam o mal; o homem de bem, pelo contrário, faz que as ações más dos maus sirvam o bem. Ora, haverá alguém tão bom como o Deus único? O próprio Senhor diz: «Ninguém é bom senão Deus» (Mc 10,18) E haverá alguém que seja pior do que Judas? De entre os discípulos do Mestre, de entre os Doze, foi ele o escolhido para guardar a bolsa e prover aos pobres (cf Jo 13,29). E, depois dessa escolha, recebe dinheiro para entregar Aquele que é a Vida (cf Mt 26,15); persegue como inimigo Aquele a quem tinha seguido como discípulo. Mas o Senhor fez que tão grande crime servisse o bem. Aceitando ser traído para nos resgatar, transmuta o crime de Judas em bem. Quantos mártires terá Satanás perseguido? Mas, se não o tivesse feito, não celebraríamos hoje o seu triunfo. O mal não pode contrariar a bondade de Deus. Ainda que Satanás seja um artesão do mal, o supremo Artesão não permitiria a existência do mal se não pudesse servir-Se dele para que tudo concorra para o bem.

Engrácia de Saragoça Virgem e Mártir, Santa (ca. + 303-304)

Engrácia era uma jovem de Bracara Augusta (actual Braga) prometida em casamento a um nobre da região de Rossilhão, na província da Gália Narbonense, sul da actual França. Para escoltá-la na viagem fora o seu tio Lupércio (por vezes identificado com Lupércio, o bispo da antiga diocese de Eauze, dezoito cavaleiros e uma empregada, de nome Júlia. Ao chegar à cidade de César Augusta (actual Satagoça) e ao inteirar-se das atrocidades que o governador, Daciano, estava a cometer junto dos cristãos (por decreto do Imperador), apresenta-se espontânea e directamente diante de si para o confrontar com as crueldades, injustiças e a insensatez com que tratava os seus irmãos de religião. Termina martirizada com a oferta da sua própria vida e a dos seus companheiros, assim que se percebe que era também cristã. Nos registos do martírio, os feitos encontram-se descritos da maneira tradicional, tanto que acaba por ser difícil separar a realidade dos factos daquilo que poderá ser produto da imaginação, consequência da piedade dos cristãos. Com efeito, o diálogo entre a frágil donzela e o cruel governador afigura-se-nos claro: ela usando raciocínios humanos e firmes na sua fé com que acusa a injustiça cometida (que hoje diríamos serem questões de Direitos Humanos), a existência de um deus único a quem serve, a loucura dos deuses pagãos e a disposição em sofrer até ao fim pelo amado; ele, por seu turno, utiliza recursos como o castigo, a ameaça, a promessa e a persistência.

Frutuoso de Braga Bispo de Dume e de Braga, Santo († 665)

Bispo de Dume e depois de Braga. 
Fundou vários mosteiros em Braga e arredores.
Quase uns 90 anos depois de S. Martinho de Dume falecer, é S. Frutuoso que vem presidir na Sé de Braga, depois de, também como ele, ter estacionado na de Dume. E, como aquele, também Frutuoso procede de além-fronteiras, este último da diocese de Astorga. Tomou posse de Braga em 656. A vida monástica gozava então de honra e estima, como o refúgio ou terra privilegiada da virtude e cultivo da ciência, primariamente da ciência e cultura sagradas. Por isso, S. Frutuoso surge como o assíduo e incansável cultor do monaquismo e fundador de uns dez mosteiros. Primeiro, vários na Hispânia que cedo se tornaram célebres, em várias e distantes províncias, percorridas nesta audaciosa propaganda de fundações monásticas. Tentou também uma viagem ao Oriente, que não conseguiu realizar, porque o rei visigodo Recesvinto, sabedor das suas fundações na Galiza, o designou para bispo de Dume, para poder assegurar assim, para esta província, os múltiplos bens do seu apostolado. Fundar mosteiros tinha sido, pois, quase todo o seu apostolado, e isto mesmo se lhe pedia para Braga, como o melhor elemento, o mais eficaz promotor duma cristã e autêntica civilização. Provam-no a natureza e finalidades da sua regra, que começou por ser, mais própria ou primariamente, dos Monges, sua formação espiritual e disciplina religiosa: oração e contemplação, com o trabalho manual e agrícola.

Arcanjo Canetoli Arcebispo de Florença, Beato (1460-1513)

Arcebispo de Florença, na Itália. 
Antes de ser nomeado Arcebispo, 
em 1484 vestiu o hábito dos 
Cónegos Regulares de Santa Maria de Reno.
O Beato Arcanjo nasceu em 1460 em uma das famílias mais nobres de Bolonha: os Canetoli. Era mundo violento, cheio de assassinatos e rivalidades, que caracterizavam a Bolonha de seus dias. Sua família foi responsabilizada pela morte de Annibale Bentivoglio num clima de lutas. Assim, o pai e todos os irmãos de Arcanjo foram assassinados e somente este último, ainda criança, conseguiu salvar-se graças a circunstâncias fortuitas. Em 29 de Setembro de 1484 vestiu o hábito dos Cónegos Regulares de Santa Maria de Reno, no convento do Santíssimo Salvador de Veneza, onde teve o encargo de acolher os peregrinos, chegando inclusive a dar as boas-vindas a quem assassinou a seu pai e irmãos. Recebeu a ordenação sacerdotal e em 1498 é transferido para o mosteiro de Santo Ambrósio perto de Gubbio. Passou os doze anos seguintes amadurecendo em sabedoria e santidade, o que notavam todos os que entravam em contacto com ele, em quem encontravam uma fonte inesgotável de esperança e valentia para os tempos difíceis. Um dos testemunhos dizia que "sua santidade é como uma luz que brilha sempre e em todas partes, e o mais formoso e profundo é que aparece desde as sombras".

Bento José Labre Leigo, Santo (1748-1783)

“O cigano de Cristo”, este também é seu apelido, que demonstra claramente o que foram os trinta e cinco anos de vida de Bento José Labre, treze deles caminhando e evangelizando pelas famosas e seculares estradas de Roma. Aliás, o antigo ditado popular que diz que “todos os caminhos levam a Roma” continua sendo assim para todos os cristãos. Entretanto, principalmente no século XVII, em qualquer um deles era possível cruzar com o peregrino Bento José e nele encontrar o caminho que levava a Deus. Ele era francês, nasceu em Amettes, próximo a Arras, no dia 27 de março de 1748, o mais velho dos quinze filhos de um casal de agricultores pobres. Frequentou a modesta escola local, mas aprendeu latim com um tio materno. Ainda muito jovem, quis tornar-se monge trapista, mas não conseguiu o consentimento dos pais. Com dezoito anos, pediu ingresso no convento trapista de Santa Algegonda, mas os monges não aprovaram sua entrada. Percorreu a pé, então, centenas de quilómetros até a Normandia, debaixo de um inverno extremamente rigoroso, onde pediu admissão no Convento Cisterciense de Montagne. Também foi recusado ali, tentando, ainda, a entrada nos Cartuchos de Neuville e Sept-Fons, com o mesmo resultado. Foi então que, com vinte e dois anos, tomou a decisão mais séria da sua vida: seu mosteiro, já que não encontrava guarida em nenhum outro, seriam as estradas de Roma.

Bernadete Soubirous Vidente de Lourdes, Religiosa, Santa 1844-1879

Santa Marie Bernard – Bernadete – Soubirous nasceu em 7 de janeiro, de 1844, no povoado de Lourdes, França. Era a primeira de vários irmãos. Seus pais viviam em um sótão húmido e miserável, e o pai tinha por ofício colectar o lixo do hospital. Desde pequena, Bernadete teve uma saúde bem delicada por causa da falta de alimentação sufi-ciente, e do estado lamentavelmente pobre da casa onde morava. Nos primeiros anos sofreu de cólera que a deixou muito enfraquecida. Em seguida, por causa também do clima terrivelmente frio no inver-no, a santa adquiriu aos dez anos uma asma. Tempos depois das aparições, Bernadete foi admi-tida na Comunidade de Filhas da Caridade de Ne-vers. Em julho de 1866 começou seu noviciado e em 22 de setembro de 1878 pronunciou seus votos, fale-ceu alguns meses depois, no dia 16 de Abril de 1879. A vida da jovenzinha, depois das aparições esteve cheia de enfermidades, penalidades e humilhações, mas com tudo isto foi adquirindo um grau de san-tidade tão grande que ganhou enorme prêmio para o céu. Em seus primeiros anos com as freiras, a jovem Santa sofreu muito, não somente pela falta de saúde, com também por causa da Madre superiora do lugar que não acreditava em suas doenças, inclusive dizia que coxeava a perna, não pelo tumor que tinha, mas para chamar a atenção. Em sua comunidade, a santa dedicou-se a ser enfermeira e sacristã, e mais tarde, por nove anos esteve sofrendo ma dolorosa doença.

ORAÇÕES - 16 DE ABRIL

Oração da manhã para todos os dias 
Senhor meu Deus, mais um dia está começando. Agradeço a vida que se renova para mim, os trabalhos que me esperam, as alegrias e também os pequenos dissabores que nunca faltam. Que tudo quanto viverei hoje sirva para me aproximar de vós e dos que estão ao meu redor. Creio em vós, Senhor. Eu vos amo e tudo espero de vossa bondade. Fazei de mim uma bênção para todos que eu encontrar. Amém. 
As reflexões seguintes supõem que você antes leu o texto evangélico indicado.
16 – Quarta-feira – Santos:Bernadete, Calisto de Corinto, Júlia
Evangelho (Mt 26,14-25)Um dos doze discípulos, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os sumos sacerdotes e disse: – Que me dareis se vos entregar Jesus?”
Judas conviveu com Jesus tempo bastante para o conhecer e ligar-se a ele pela fé e pela amizade. Continua sendo um mistério o que o levou a romper com o Mestre e odiá-lo. Ou terá sido levado sópor desinteresse e interesses?Diante de suas escolhas, é impossível não nos inquietar e temer por nossa fragilidade.Só me resta renovar minha entrega ao Senhor, e pedir que não me abandone.
Oração
Senhor Jesus, só a certeza que nunca me abandonareisajuda-me a esperar que,  apesar de minhas oscilações, continuarei a vos seguir. Peço perdão para minhas pequenas ou grandes fugas. Tende misericórdia de mim, pois só vós me podeis salvar.Hoje vos peço por mim e por todos que nos inquietamos com o perigos de vos trair. Sabeis o que fazer para nos guardar apesar de tudo. Amém.

terça-feira, 15 de abril de 2025

REFLETINDO A PALAVRA - “Judas, é com um beijo que trai o Amigo”!

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
E PADRE JOSÉ OSCAR BRANDÃO(+)
REDENTORISTAS NA PAZ DO SENHOR
A pessoa de Judas me impressiona muito. Por que este homem entra deste modo na vida de Jesus? O que quer dizer esta atitude para nós? Quando lemos os evangelhos vemos logo a impressão que Ele deixou entre os apóstolos. Aquelas palavras fortes que dizem refletem o quanto eles ficaram machucados com a atitude de seu companheiro. Por que Judas trai Jesus? Nestes dias aparecem três figuras emblemáticas dos discípulos: Judas, Pedro e João. Penso que devemos refletir juntas estas figuras no centro das quais gira o mesmo: o amor de Jesus. Cada um responde de um modo. Qual é o seu modo de responder. Nestes dias da Semana Santa, 2ª,3ªe4ª os evangelhos falam de Judas: Na segunda: Jo 12,1-11: Maria unge os pés de Jesus com um perfume caríssimo e Judas diz: por que não se usou isso para os pobres? O evangelista diz: não que ele se preocupasse com os pobres, mas tendo a bolsa pegava o que punham nela. Na terça, Jo,13,21-38: Jesus diz na ceia. um de vós me há de trair. João coloca a cabeça no peito de Jesus e pergunta com amor: quem? Aquele que põe a mão no prato comigo. Deu-lhe o pedaço de pão molhado no molho, gesto que manifestava a preferência de amor daquele que dirigia a refeição. Tendo comido, o demônio entrou nele. O que tens que fazer, faze-o agora. Na quarta, Mt. 26, 14-25. Judas vai aos sumos sacerdotes e diz: quanto me dão para entregá-lo? 30 moedas de prata - preço de um escravo. Judas comanda o grupo que vai prender Jesus. Judas é com um beijo que entregas o Filho do Homem? (Lc, 22,48). Depois Judas vai devolveu o dinheiro – “Pequei entregando sangue inocente! Eles disseram isto é lá contigo!” Os malvados se entendem. Jogou o dinheiro na cara deles e foi e se enforcou. (Mt 27,3-10). Por que não funcionou seu arrependimento? Arrependimento só existe se é por amor. Penso que há uma resposta muito grande que não quer ser total: Jesus amava muito Judas. Tinha confiança nele e era o confidente. Judas não soube amar do jeito de Jesus. Amou a si. Não funcionou. Jesus manifestou amor até o último momento. No fim se dói? É no falso amor que me entrega? Como a dizer: Não entendeu o que é amar?
TERÇA-FEIRA DA SEMANA SANTA

EVANGELHO DO DIA 15 DE ABRIL

Evangelho segundo São João 13,21-33.36-38. 
Naquele tempo, estando Jesus à mesa com os discípulos, sentiu-Se intimamente perturbado e declarou: «Em verdade, em verdade vos digo: Um de vós Me entregará». Os discípulos olhavam uns para os outros, sem saberem de quem falava. Um dos discípulos, o predileto de Jesus, estava à mesa, mesmo a seu lado. Simão Pedro fez-lhe sinal e disse: «Pergunta-Lhe a quem Se refere». Ele inclinou-Se sobre o peito de Jesus e perguntou-Lhe: «Quem é, Senhor?». Jesus respondeu: «É aquele a quem vou dar este bocado de pão molhado». E, molhando o pão, deu-o a Judas Iscariotes, filho de Simão. Naquele momento, depois de engolir o pão, Satanás entrou nele. Disse-lhe Jesus: «O que tens a fazer, fá-lo depressa». Mas nenhum dos que estavam à mesa compreendeu porque lhe disse tal coisa. Como Judas era quem tinha a bolsa comum, alguns pensavam que Jesus lhe tinha dito: «Vai comprar o que precisamos para a festa»; ou então, que desse alguma esmola aos pobres. Judas recebeu o bocado de pão e saiu imediatamente. Era noite. Depois de ele sair, Jesus disse: «Agora foi glorificado o Filho do homem e Deus foi glorificado nele. Se Deus foi glorificado nele, também Deus O glorificará em Si mesmo e glorificá-lo-á sem demora. Meus filhos, é por pouco tempo que ainda estou convosco. Haveis de procurar-Me e, assim como disse aos judeus, também agora vos digo: não podeis ir para onde Eu vou». Perguntou-Lhe Simão Pedro: «Para onde vais, Senhor?». Jesus respondeu: «Para onde Eu vou, não podes tu seguir-Me por agora; seguir-Me-ás depois». Disse-Lhe Pedro: «Senhor, por que motivo não posso seguir-Te agora? Eu darei a vida por Ti». Disse-Lhe Jesus: «Darás a vida por Mim? Em verdade, em verdade, te digo: não cantará o galo, sem que Me tenhas negado três vezes». 
Tradução litúrgica da Bíblia 
São Máximo de Turim  
Bispo(420) 
Sermão 36; PL 57, 605 
«[Judas] aproximou-se de Jesus e beijou-O, 
dizendo: "Mestre". 
Então, deitaram-Lhe as mãos 
e prenderam-no» (Mc 14,45-46) 
A paz é um dom da ressurreição de Cristo. E, no limiar da sua morte, Ele não hesitou em dar essa paz ao discípulo que O entregou: beijou o traidor como se beija um amigo fiel. Não penseis que o beijo que o Senhor deu a Judas Iscariotes foi inspirado por qualquer sentimento que não fosse a ternura. Cristo já sabia que Judas O trairia. Sabia o que significava esse beijo, que era normalmente um sinal de amor, e não Se furtou a ele. A amizade é assim mesmo: não recusa um último beijo àquele que vai morrer; não retira essa última prova de ternura aos entes queridos. Mas Jesus também esperava que esse gesto sobressaltasse Judas e que, espantado pela sua bondade, ele acabasse por não trair Aquele que o amava, por não entregar Aquele que o beijava. Assim, o beijo foi dado como um teste: se o reabilitasse, seria um laço de paz entre Jesus e o seu discípulo; mas, se Judas efetivamente O traísse, aquele beijo criminoso tornar-se-ia a sua própria acusação. O Senhor disse-lhe: «Judas, é com um beijo que entregas o Filho do Homem?» (Lc 22,48) Onde está a conjura do inimigo? Onde se esconde a sua manha? Todos os segredos serão postos a descoberto. O traidor trai-se a si próprio antes de trair o seu mestre. Entregas o Filho do homem com um beijo? Feres com o selo do amor? Derramas sangue com um gesto de ternura? Trazes a morte com um sinal de paz? Diz-me, que amor é esse? Dás um beijo e ameaças? Esses beijos, pelos quais o servo trai o seu Senhor, o discípulo o seu mestre, o eleito o seu criador, esses beijos não são beijos, são veneno.

SANTO ÊUTIQUES

Êutiques foi um monge de Constantinopla, que fundamentou a heresia do monofisismo. Êutiques negava que Cristo, após a encarnação, tinha duas naturezas perfeitas. Nasceu no ano de 378, provavelmente em Constantinopla. Ingressou na vida monástica num mosteiro da capital, onde teve como superior um abade de nome Máximo, ferrenho adversário do nestorianismo. Nascia assim, graças à sua formação religiosa, um repúdio intransigente pelas doutrinas que versavam sobre a existência da dualidade da natureza de Cristo. Já como sacerdote, Êutiques começou a participar ativamente das questões doutrinárias. Pelos idos de 440, ele converteu-se numa figura de grande projeção no monofisismo em Constantinopla e, quando subiu ao poder, em 441, principiou uma campanha fulminante contra o nestorianismo, atacando a todos a quem julgava suspeitos. Assim, denunciou a Teodoreto de Ciro, Ibas de Edessa, Dono II de Antioquia (442-449) e até Flaviano de Constantinopla, numa carta enviada por si à sé romana. Em 8 de novembro de 448, num sínodo regional em Constantinopla presidido pelo patriarca Flaviano, Eusébio de Dorileia, um dos primeiros que haviam sido denunciados por ele como adepto ou simpatizante do nestorianismo, acusou-o de heresia. O sínodo, depois de uma turbulenta onda de acontecimentos políticos, concluiu pela condenação de Êutiques como herético.

Santos Teodoro e Pausilopus (Pausilippo) Mártires na Trácia Festa: 15 de abril

Sua história, embora incerta, traça um perfil biográfico e contextualiza seu martírio. O Martirológio Romano os menciona em 15 de abril sob o imperador Adriano. A Sinaxária bizantina não os inclui, mas a Menologia de Basílio II dedica atenção a Pausillipo, identificando-o como um companheiro de Teodoro. Sob Adriano, Pausillipo foi preso por sua fé cristã e levado perante o imperador. Sua profissão de fé o condenou à flagelação e encaminhamento ao prefeito da Europa, Prisco ou Praicus. Condenado à morte por sua obstinação, Pausillipo escapou milagrosamente a caminho da tortura. Ele se refugiou em um lugar seguro, onde morreu em oração.
Martirológio Romano: Na Trácia, os santos Teodoro e Pausílipo, mártires, cuja paixão teria ocorrido sob o imperador Adriano. 

SANTO ABÔNDIO, MANSIONÁRIO VATICANO

As poucas notícias sobre a vida de Abôndio chegaram até nós por São Gregório Magno, que descreveu este funcionário do Vaticano como um homem humilde e de grande dignidade no cumprimento do seu serviço. O Papa narrou também sobre uma cura milagrosa realizada por Abôndio, que faleceu no ano 564.
Santo Abôndio Segundo a tradição, Abôndio teria nascido na Tessalônica, Grécia. Alguns estudiosos não aceitam esta informação, porque o seu nome tem raiz latina e, além disso, não existe registro algum sobre sua vida antes de sua ordenação sacerdotal. Entretanto, temos dele uma rica documentação do exercício do seu apostolado e das vitórias que trouxe à Igreja. Assim, começamos a narrá-lo a partir de 17 de novembro de 440, quando foi consagrado bispo de Como, Itália. Era nesta cidade que Abôndio vivia, exercendo a função de assistente do bispo Amâncio, o qual sucedeu. Mas dirigiu por pouco tempo essa diocese, pois o papa Leão Magno o chamou para trabalhar a seu lado em Roma. Abôndio era um teólogo muito conceituado, falava com fluência o latim e o grego, por isso foi designado para resolver uma missão delicada, até mesmo perigosa, para a Igreja.

Santas Anastácia e Basilissa, Mártires - 15 de abril

Martirizadas em torno do ano 68 d.C. A tradição diz que duas nobres romanas, Basilissa e Anastácia, foram convertidas ao Cristianismo pelas pregações dos Apóstolos São Pedro e São Paulo, dos quais receberam a missão e o privilégio de enterrarem os Apóstolos. Após os dois Apóstolos terem sido martirizados em Roma, Basilissa e Anastácia encontraram os seus corpos e os enterraram secretamente à noite. Isto teria enfurecido as autoridades que acabaram descobrindo quem havia enterrado os Apóstolos; elas foram presas e levadas diante do tribunal de Nero para renunciarem a sua fé e confessarem onde tinham enterrado os dois, para seus corpos serem exumados e queimados. Nenhuma das duas confessou o local e tiveram as suas línguas arrancadas, os braços e pés cortados antes de serem finalmente decapitadas. Os restos das duas gloriosas mártires, segundo o Diário Romano de 1926, ainda hoje são venerados na igreja de Santa Maria da Paz. Em edições anteriores o Martirológio Romano recordava as Santas Anastásia e Basilissa no dia 15 de abril, mas as últimas reformas reuniram todos os primeiros mártires cristãos de Roma em uma única comemoração no dia 30 de junho. Na arte litúrgica da Igreja, Basilissa e Anastácia são mostradas com as suas mãos e pés cortados fora. Em outras gravuras são mostradas enterrando os corpos de São Pedro e São Paulo. Etimologia: Anastácia = do grego Anastasios, “que ressurgiu (pelo Batismo à vida nova)”; Basilissa = do grego, “rainha”. 

Cesar de Bus Sacerdote, Fundador, Santo (1544-1607)

César de Bus, que desejava seguir a carreira militar, estava quase embarcando para atender ao chamado de seu irmão, capitão a serviço do rei Carlos IX, da França, quando foi impedido por uma enfermidade que o atingiu de maneira fulminante. Foi essa ocasião que o aproximou do bispo de Cavaillon, cidadezinha da Provença, onde ele tinha nascido em 3 de fevereiro 1544. Os jesuítas de Avignon, um humilde capelão e uma camponesa, que o assistiam durante a convalescença, com as suas palavras e os seus exemplos o reconduziram para a religião cristã, da qual ele se havia afastado. Não perdeu tempo: tão logo se curou, trocou de vida e se pôs a estudar para tornar-se sacerdote. Enquanto se preparava, começou a percorrer os sítios e fazendas ensinando o catecismo. Fundou, com o auxilio de um primo, Romillon, centros de instrução religiosa nos cantos mais escondidos e esquecidos, nos quais começou a experimentar novos métodos de ensino da doutrina às crianças do meio rural. César de Bus tornou-se sacerdote aos trinta e oito anos de idade e já reunia em torno de si muitos jovens, formando, com a ajuda dos bispos e dos sacerdotes da região, uma numerosa comunidade, que tomou o nome de Congregação dos Padres da Doutrina Cristã, ou Doutrinários, os quais, por não terem pronunciado os votos, viviam todos juntos.

Damião de Molokai Sacerdote Picpus, Missionário, Santo (1840-1889)

Josef de Veuster-Wouters nasceu no dia 3 de janeiro de 1840, numa pequena cidade ao norte de Bruxelas, na Bélgica. Aos dezenove anos de idade, entra para a Ordem dos Padres do Sagrado Coração e toma o nome de Damião. Em seguida, é enviado para terminar seus estudos num colégio teológico em Paris. A vida de Damião começou a mudar quando completou vinte e um anos de idade. Um bispo do Havaí, arquipélago do Pacífico, estava em Paris, onde ministrava algumas palestras e pretendia conseguir missionários para o local. Ele expunha os problemas daquela região e, especialmente, dos doentes de lepra, que eram exilados e abandonados numa ilha chamada Molokai, por determinação do governo. Damião logo se interessou e se colocou à disposição para ir como missionário à ilha. Alguns fatos antecederam a sua ida. Uma epidemia de febre tifóide atingiu o colégio e seu irmão caiu doente. Damião ainda não era sacerdote, mas estava disposto a insistir que o aceitassem na missão rumo a Molokai. Escreveu uma carta ao superior da Ordem do Sagrado Coração, que, inspirado por Deus, permitiu a sua partida. Assim, em 1863 Damião embarcava para o Havaí, após ser ordenado sacerdote. Chegando ao arquipélago, Damião logo se colocou a par da situação. A região recebera imigrantes chineses e com eles a lepra. Em 1865, temendo a disseminação da doença, o governo local decidiu isolar os doentes na ilha de Molokai. Nessa ilha existia uma península cujo acesso era impossível, exceto pelo mar.

ORAÇÕES - 15 DE ABRIL

Oração da manhã para todos os dias 
Senhor meu Deus, mais um dia está começando. Agradeço a vida que se renova para mim, os trabalhos que me esperam, as alegrias e também os pequenos dissabores que nunca faltam. Que tudo quanto viverei hoje sirva para me aproximar de vós e dos que estão ao meu redor. Creio em vós, Senhor. Eu vos amo e tudo espero de vossa bondade. Fazei de mim uma bênção para todos que eu encontrar. Amém. 
As reflexões seguintes supõem que você antes leu o texto evangélico indicado.
15 – Terça-feira – Santos: Êutiques, Anastácia, Vitoriano
Evangelho (Jo 13,21-33.36-38)Filhinhos, pouco tempo ainda estou convosco. Vós me procurareis, e agora vos digo, como disse aos judeus: – Para onde vou, não podeis ir.”
O diminutivo filhinhos, que está no original grego,destaca a emoção de Jesus na despedida.Por um tempo não estará com os discípulos, que agora não o podem seguir. Parece que Pedro pensou que se tratava de um perigo a enfrentar, e mostrou-se corajoso: – Eu darei a minha vida por ti!Jesus disse a ele o que diz também para mim: se depender de ti, logo haverás de me abandonar.
Oração
Senhor Jesus, vós me amais com amor de carinho, não pondes distância entre nós.Não vos posso amar de fato se não comprometo todo meu ser, meus afetos,  meu querer e meu agir. Meu amor é volúvel, Senhor, é medroso e pequeno. Só pelo amor que tendes posso amar-vos, e por ele peço que me guardeis de minha inconstância. Mesmo que no escuro e no silêncio quero estar convosco. Amém.

segunda-feira, 14 de abril de 2025

REFLETINDO A PALAVRA - “Pedro, eu rezei por você!”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Por que Judas não se arrependeu se enforcou ao passo que Pedro traiu, fracassou e depois se arrependeu e tudo voltou às boas? A figura de Pedro nos Evangelhos é até engraçada. É cheia de vitalidade, contradições, disposição a se entregar por Jesus e ao mesmo tempo o fraco que foge, nega. Volta atrás e se firma numa segurança muito grande no seu ministério apostólico. Creio que serve muito bem para nós que temos um pouco este modo de ser. Ser disposto, fracassar, voltar e vencer. Jesus o moldou dentro de seu modo de ser: Pedro é Pedro e Jesus o põe como pedra de alicerce da Igreja: "Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja". Por que a fraqueza de Pedro não entrou na conta quando Jesus lhe confia um grande ministério na Igreja. Pedro no horto pegou a espada para enfrentar um batalhão e logo depois nega-o diante de uma mocinha. Ele testemunhara pessoalmente os mais fortes momentos de Jesus: sua transfiguração, a ressurreição da menina, a oração no horto e agora testemunha a Paixão. Depois testemunhará a ressurreição. O Evangelho conta que Pedro seguiu Jesus de longe quando foi preso. Ao ser reconhecido nega vergonhosamente tê-lo conhecido. Foi feio! Jesus já o tinha prevenido: "Simão, Simão, Satanás pediu para te peneirar como trigo. Eu porém orei por ti para que tua fé não desfaleça. Quando porém te converteres, confirma teus irmãos. Pedro retruca: Estou pronto a ir contigo à prisão e à morte. Ele respondeu: Irás comigo até à morte? Pedro, eu te digo: o galo não cantará hoje sem que por três vezes me tenhas negado" (Lc.22,31-34). Como é bom a gente saber que nossos desfalecimento são acompanhados com uma oração de Jesus: “Eu rezei para que tua fé não desfaleça”. Como fracassara em Judas, não queria fracassar em Pedro. Parece que se está a dizer: o povo precisa da fraqueza de Pedro para ser forte na fé. Parece que o poder sem a certeza da fragilidade humana se transforma em fracasso. Jesus escolheria um fundamento forte porque se sabe fraco. O que faz Pedro converter-se? Ele nega três vezes: Jesus olha. Jesus não olhou repreendendo. Olhou amando. "Pedro, eu amo você" - diziam aqueles olhos doloridos. Quem sabe Jesus olha pedindo força naquele momento doloroso. Na fragilidade Pedro ainda dá força a Jesus. Isto o fez sair e chorar amargamente. Jesus está a lhe dizer: "Pedro, eu creio no seu amor". Como é bom saber que ele aceita nosso amor fraco!

EVANGELHO DO DIA 14 DE ABRIL

Evangelho segundo São João 12,1-11. 
Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi a Betânia, onde vivia Lázaro, que Ele tinha ressuscitado dos mortos. Ofereceram-Lhe lá um jantar: Marta andava a servir e Lázaro era um dos que estavam à mesa com Jesus. Então, Maria tomou uma libra de perfume de nardo puro, de alto preço, ungiu os pés de Jesus e enxugou-Lhos com os cabelos; e a casa encheu-se com o perfume do bálsamo. Disse então Judas Iscariotes, um dos discípulos, aquele que havia de entregar Jesus: «Porque não se vendeu este perfume por trezentos denários, para dar aos pobres?». Disse isto, não porque se importava com os pobres, mas porque era ladrão e, tendo a bolsa comum, tirava o que nela se lançava. Jesus respondeu-lhe: «Deixa-a em paz: ela tinha guardado o perfume para o dia da minha sepultura. Pobres, sempre os tereis convosco; mas a Mim, nem sempre Me tereis». Soube então grande número de judeus que Jesus Se encontrava ali e vieram, não só por causa de Jesus, mas também para verem Lázaro, que Ele tinha ressuscitado dos mortos. Entretanto, os príncipes dos sacerdotes resolveram matar também Lázaro, porque muitos judeus, por causa dele, se afastavam e acreditavam em Jesus. 
Tradução litúrgica da Bíblia 
Guilherme de Saint-Thierry 
(1085-1148) 
Monge beneditino, depois cisterciense 
Orações para meditar, n.° 5 
«A casa encheu-se com o perfume do bálsamo» 
Desde a infância, não parei de pecar, e Tu não cessaste de me fazer bem. Mas que o teu juízo se transforme em misericórdia, Senhor. Que o meu coração seja digno do fogo do teu perfeito amor, que o seu calor intenso faça sair de mim e consuma todo o veneno do pecado! Que ponha a nu e afogue nas lágrimas dos meus olhos a infeção da minha consciência. Que a tua cruz crucifique tudo o que a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e o orgulho da vida corromperam devido à minha prolongada negligência. Senhor, quem o desejar pode ouvir-me e troçar a minha confissão: ver-me prostrado, como a pecadora, aos pés da tua misericórdia, banhando-os com as lágrimas do meu coração, vertendo sobre eles o perfume de uma terna devoção (cf Lc 7,38). Que todos os meus recursos de corpo e alma, por pobres que sejam, sirvam para comprar este perfume que Te agrada. Derramá-lo-ei sobre a tua cabeça, sobre Ti cuja cabeça é Deus; e sobre os teus pés, sobre Ti cuja extremidade é a nossa natureza fraca. Ainda que o fariseu murmure, Tu, meu Deus, tem piedade de mim! Ainda que o ladrão aperte os cordões da bolsa rangendo os dentes, desde que eu Te agrade, pouco me importa incomodar seja quem for. Ó amor do meu coração, que em cada dia eu verta sem parar este perfume, porque, derramando-o sobre Ti, derramo-o também sobre mim. Concede-me o dom de Te entregar lealmente tudo o que tenho, tudo o que sei, tudo o que sou, tudo o que posso! Que fique sem nada! Estou aos pés da tua misericórdia, aonde permanecerei, chorando, até que me faças escutar a tua doce voz, o juízo da tua boca, a sentença da tua e da minha justiça: «São-lhe perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou» (Lc 7,47).

São Lamberto de Lyon Bispo Festa: 14 de abril

(†)687
 
A "Vida de Lambert", escrita por um monge de Saint-Wandrille no início do século VIII ou IX, conta a história deste ilustre abade de Fontenelle e bispo de Lyon. Nascido em uma família rica na diocese de Therouanne, Lambert, após sua educação na corte, abraçou a vida monástica em Fontenelle, sucedendo a São Vandregisilo em 668. Sua década de governo foi marcada por um crescimento excepcional nos ativos da abadia, favorecido por doações reais como as de Childerico II e Teodorico III. Lambert também fundou mosteiros na Provença e no Loire, consolidando a influência de Fontenelle. Em 678 tornou-se bispo de Lyon, uma posição da qual há pouca informação, morrendo pouco depois de 683. 
Martirológio Romano: Em Lyon, na França, São Lambert, bispo, que foi primeiro monge, depois abade de Fontenelle.

SS. Tibúrcio, Valeriano e Máximo, mártires, na via Ápia

Transcorria o ano 229. As perseguições anticristãs se enfureciam. O edito de Constantino sobre a liberdade de culto ainda estava longe. Neste contexto, os três mártires, que celebramos hoje, viviam em Roma. Sua veneração era muito viva no século V e sua história foi transmitida por diversas fontes: as mais completas são a Passio de Santa Cecília e o Martirológio Jeronimiano, que depois passou para o Romano, muito usado ainda hoje. 
Valeriano e Cecília, uma união virginal 
A história começa com Valeriano, um nobre romano, nascido em 177, com quem Cecília, também filha de patrícios de alto escalão, se casou. Apesar de pertencer a uma família pagã, Cecília, desde sua tenra idade, tornou-se discípula de Jesus; às ocultas, vivia em comunhão com Ele, em contínua oração e na prática das virtudes; consagrou-se a Jesus no segredo do seu quarto. No dia do casamento, Cecília confiou a Valeriano o voto que havia feito: "Nenhuma mão profana pode me tocar, porque um anjo me protege. Se você me respeitar, ele também vai lhe amar como me ama". Valeriano era um ótimo rapaz e a graça começou a entrar nele: aceitou sua esposa e sua união virginal. Naquele momento, um anjo sorridente lhe apareceu, com duas coroas nas mãos: uma, com lírios para ele, e, outra, com rosas para a sua esposa. 

Pedro Gonçalves Telmo Sacerdote dominicano, Santo (ca. 1190-1246)

Pedro Gonçalves Telmo nasceu em Frómista (Espanha) por volta de 1190, segundo os diversos biógrafos que se debruçaram sobra a sua vida. De família distinta, estudou na Universidade de Palência e foi ordenado sacerdote. Após ser presbítero canónico em Astorga, ingressou na Ordem dos Dominicanos, onde se distinguiu pela sua retórica e capacidade de pregação. Graças à protecção de um tio, bispo de Astorga, foi-lhe atribuído o título de canónico e uma bula especial permitiu que fosse nomeado deão sem que tivesse ainda a idade requerida. Conta-se que, ao chegar a Astorga para ocupar o seu posto, com os seus melhores trajes e num cavalo ricamente ajaezado, o animal tropeçou e o cavaleiro estatelou-se no chão. A humilhação sofrida enfureceu-o, tendo decidido de imediato recolher-se a um convento, afastando-se do mundo. Como frade, ocupou o posto de capelão militar, ofício em que o seu dom de oratória chamou a atenção do rei Fernando III, que o convocou para a sua Corte. Como confessor do rei, incentivou-o a renunciar às hostilidades contra a Andaluzia, e acompanhou-o na campanha de conquista de Córdoba e Sevilha; consagrou como igrejas as mesquitas das cidades conquistadas. No regresso da campanha, abandonou a Corte para pregar nas Astúrias e na Galiza. É nesta fase de sua vida que a tradição popular lhe atribuiu a realização de diversos milagres, em particular os relacionados com a vida dos pescadores e marinheiros da Galiza, a quem teria dedicado muito do seu labor de pregador.

Santas Berenice, Prosdócima e Domnina, mártires de Antioquia – 14 de abril

Martirológio Romano:
Em Antioquia, na Turquia moderna, santas e mártires Berenice e Prosdócima, virgens, e Domnina, sua mãe, que em tempos de perseguição, para escapar das intenções de alguns que estavam tentando minar a sua pureza, enquanto tentavam escapar em fuga, encontraram o martírio nas águas de um rio. 
Berenice, Prosdócima, virgens, e sua mãe Domnina, leigas e mártires de Antioquia, nasceram na Antioquia de Síria no século III e foram martirizadas na mesma cidade nos anos 303/305. A Santa Domnina que celebramos hoje (diminutivo carinhoso de Domina, Senhora) é a mesma que no Martirológio anterior era celebrada em 4 de outubro, junto com as suas filhas Berenice e Prosdócima. O escasso testemunho que temos de Domnina é uma notícia transmitida pela “História Eclesiástica” de Eusébio de Cesareia, que conta que para escapar das garras vergonhosas dos soldados, a mãe havia aconselhado suas belas e castas filhas a buscar refúgio no rio, com estas palavras: “Nos salvamos pela água (do batismo) e nas águas encontraremos a coroa de glória”. A forma especial do martírio torna facilmente identificável as três santas na menção a elas dedicada por Santo Eusébio de Cesaréia em sua obra “História Eclesiástica”, e nos panegíricos pronunciados no dia da sua festa por Eusébio de Emesa e São João Crisóstomo, autores que, entretanto, não dizem os seus nomes. Seus nomes aparecem no Breviário Siríaco em 20 de abril: «Prôsdòqas et Berenices...».

Santa Tomáide, mártir - 14 de abril

Martirológio Romano: Em Alexandria do Egito, Santa Tomáide, mártir. (476) 
Mártir por defender sua castidade Santa Tomáide é recordada nos sinassários bizantinos que lhe tecem um grande elogio, rico de detalhes, perfilando uma Santa Maria Goretti de outros tempos, um de tantos exemplos de jovens cristãs que preferiram a morte a perder a integridade de sua virgindade. Nascida em Alexandria, foi dada por esposa a um pescador, porém o sogro tomado de uma paixão impura tentou seduzi-la. A Santa se opôs com firmeza de ânimo e com toda sua força e então o cortejador, com um golpe de espada, cortou-a em dois, provocando sua morte. Era o ano 476. O velho, que ficou cego, confessou o delito e foi decapitado. A notícia do glorioso martírio de Tomáide se difundiu pelos arredores de Alexandria, e o abade Daniel mandou sepultar o corpo da Santa no cemitério dos monges. As relíquias foram transladadas para Constantinopla. O azeite das lamparinas que ardiam sobre seu túmulo era utilizado como remédio contra as tentações da carne. 

Santa Liduina (ou Ludovina) de Schiedam, Virgem - 14 de abril

Santa Liduína (Ludovina, Lydwina) de Schiedam, cuja vida foi escrita no começo do século XX por J. K. Huysmans, é uma vítima expiatória. Esse conhecido escritor francês, convertido no final do século XIX dos mais profundos antros da anti-Igreja – como ele próprio o narra em seu livro “Là-Bas” – descreveu a vida dessa santa, apoiando-se em biografias escritas pouco depois de sua morte, por três religiosos que a conheceram muito de perto e acompanharam a impressionante ascensão de sua vida espiritual.     Sem as mencionadas fontes – bastante fidedignas –, dado o teor tão extraordinário da existência de Santa Liduína, dificilmente se conceberia a série de catástrofes físicas, de intervenções sobrenaturais e preternaturais que semearam a vida dessa virgem holandesa. Pareceu-nos oportuno focalizar aqui alguns aspectos da vida dessa alma expiatória, infelizmente pouco conhecida até mesmo nos ambientes católicos.     É, pois, baseado duas fontes (*) que apresentaremos traços dessa vida extraordinária.     O período que decorreu entre o fim da Idade Média até o precipitar-se da Europa “nessa cloaca desenterrada do paganismo, que foi a Renascença” (Huysmans, op. cit., pág. 51), consistiu numa das eras mais conturbadas da História.     As consequências religiosas e políticas desse estado de coisas foram catastróficas. Três Pontífices, em determinado momento, eleitos cada qual por um grupo de Cardeais, lançavam-se reciprocamente excomunhões e anátemas, dilacerando a unidade do Corpo Místico de Cristo, sendo apoiados por reis e senhores, na medida em que serviam aos interesses de cada um.

Beata Isabel Calduch Rovira, Mártir da Guerra Civil - 14 de abril

Isabel (Josefina) nasceu em Alcalá de Chivert, diocese de Tortosa e província de Castellón de la Plana, em 9 de maio de 1882. Seus pais, Francisco Calduch Roures e Amparo Rovira Martí, tiveram cinco filhos, a última dos quais foi Isabel. Os que conviveram com ela dizem: “Durante sua infância viveu em um ambiente muito católico. Exercitou naquele tempo a caridade para com os necessitados. Com uma amiga, ela levava comida para uma anciã e a ajudava também no asseio pessoal e da casa”. Durante a juventude relacionou-se com um jovem da cidade, muito bom católico, mas rompeu o relacionamento para abraçar um estado de vida mais perfeito, sempre com o consentimento de seus pais. Entrou no mosteiro das Capuchinhas de Castellón de la Plana, vestindo o hábito em 1900. Seu irmão José conta: “Só a vocação foi o motivo que levou minha irmã a entrar na ordem religiosa”. Emitiu a profissão temporária em 28 de abril de 1901 e a perpétua em 30 de maio de 1904. As religiosas dizem: “Ela tinha um temperamento tranquilo e amável, sempre alegre. Era uma religiosa exemplar. Sempre contente. Muito observante da Regra e das Constituições. Muito modesta no olhar, prudente no falar e muito mortificada. Muito mortificada na alimentação; sempre muito estimada pela comunidade. Era uma alma de intensa vida interior, muito devota do Santíssimo, da Virgem e de São João Batista”. Desempenhou a função de Mestra de noviças por dois triênios, “fazendo isto com muito zelo para que fossem religiosas observantes; não fazia distinção entre as noviças”, disse dela a Irmã Micaela. Foi reeleita para outro triênio, que não chegou a completar devido à chegada da revolução.

ORAÇÕES - 14 DE ABRIL

Oração da manhã para todos os dias 
Senhor meu Deus, mais um dia está começando. Agradeço a vida que se renova para mim, os trabalhos que me esperam, as alegrias e também os pequenos dissabores que nunca faltam. Que tudo quanto viverei hoje sirva para me aproximar de vós e dos que estão ao meu redor. Creio em vós, Senhor. Eu vos amo e tudo espero de vossa bondade. Fazei de mim uma bênção para todos que eu encontrar. Amém. 
As reflexões seguintes supõem que você antes leu o texto evangélico indicado.
14 – Segunda-feira – Santos: Lamberto, Donina, Próculo
Evangelho (Jo 12,1-11)“Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi a Betânia, onde morava Lázaro, que ele havia ressuscitado dos mortos. Ali ofereceram a Jesus um jantar...”
Era como se fosse uma despedida. Na casa dos três irmãos Jesus era bem acolhido e sentia-se bem. O Filho de Deus mantinha relacionamentos pessoais e diferenciados. O mesmo contato ele nos oferece e espera de nós. Um relacionamento não apenas formal, mas contato entre pessoas que se conhecem e se amam. Que se importam uma com a outra. Esse o contato que devo procurar.
Oração
Senhor, creio que me conheceis e me amais pessoalmente. Sou importante para vós, sempre me acompanhais com interesse, atenção e cuidado, tudo fazendo para meu bem. Eu é que nem sempre vos trato como amigo conhecido e apreciado. Ajudai-me a vos conhecer cada vez mais intimamente, e a vos amar com um amor forte e comprometido, que faça a diferença em minha vida. Amém.

domingo, 13 de abril de 2025

REFLETINDO A PALAVRA - DOMINGO DE RAMOS

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
“Bendito o que vem em nome do Senhor” 
A liturgia deste domingo tem duas manifestações diferentes: a primeira é a alegria da procissão de Ramos e a segunda é a séria missa de Quaresma. Abrem-se para nós a comemoração dos dias em que o Senhor se entregou à morte. A densidade de ensinamentos destes dias é muito grande. Jerusalém estava cheia de gente que veio para a festa da Páscoa, festa da libertação da escravidão do Egito e festa de toda a salvação que Deus oferecera ao povo. Jesus vem à festa e faz o ingresso triunfal, como o rei prometido, como diz o Profeta Zacarias: “Exulta! Solta gritos de alegria Jerusalém, eis que o teu rei vem a ti, ele é justo e vitorioso, humilde montado sobre um jumento, sobre um jumentinho, filho da jumenta" (Za 9,9). Ele é o grande rei, descendente de Davi, o Messias esperado. E o povo entendeu. O povo o acolheu. Depois os chefes o recusarão e matarão. Esta é a primeira parte da celebração. Na segunda parte ouvimos a narrativa de Isaías sobre o servo sofredor. Ele sofre, mas não perde sua confiança em Deus e está pronto a aprender Dele através do sofrimento que passa. Continuando a conhecer Jesus, S.Paulo mostra-nos o caminho de nossa salvação que percorre Jesus: faz-se humilde, servo, toma a forma humana e em tudo se faz como um de nós. Faz-se obediente, como se diz em Isaías. Obediente quer dizer aquele que tem os ouvidos abertos para saber o que Deus quer e seguir seus caminhos. Pelo seu sofrimento é ouvido por Deus e glorificado. Mas Jesus já não está glorificado ao lado do Pai? Sim, mas agora é glorificada nossa humanidade assumida por Ele na condição de fragilidade para restaurá-la e glorificá-la com Ele. Nesta missa temos a leitura da Paixão de Jesus. Ler a Paixão significa aprender, recordar e viver melhor. Não podemos perder de vista a história e os acontecimentos de Nossa Redenção. Proclamar o acontecimento é fazê-lo vivo entre nós e fazer-nos participantes dos frutos deste mistério. É importante contar os fatos acontecidos. Vivemos num mundo que pode ser chamado de ateu, descrente. Os cristãos não ficam atrás. Fazemos um cristianismo a nossa imagem e com a mentalidade do mundo, avessa ao evangelho. A renovação anual da celebração pascal quer trazer à nossa memória o que Deus fez por nós em Cristo. É fundamental que isso se concretize, pois lembrando os fatos, nós podemos retomar a estrada. Sempre as escrituras nos dizem de lembrar as maravilhas que Deus fez. Assim nós nos voltamos para Ele e renovamos nosso coração. Somente uma sugestão: Vamos à procissão de ramos e levamos os ramos para casa. Este gesto simpático significa tomar um atitude de comprometimento com Cristo de ser de seu reino e ser dele.
Leituras: Mateus 21,1-11; Isaias, 50,4-7; 
Filipenses 2,6-11; Mateus 27,11-54)

EVANGELHO DO DIA 13 DE ABRIL

Evangelho segundo São Lucas 22,14-71.23,1-56. 
Quando chegou a hora, Jesus sentou-Se à mesa com os seus apóstolos e disse-lhes: «Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de padecer; pois digo-vos que não tornarei a comê-la até que se realize plenamente no Reino de Deus». Então, tomando um cálice, deu graças e disse: «Tomai e reparti entre vós, pois digo-vos que não tornarei a beber do fruto da videira até que venha o Reino de Deus». Depois, tomou o pão e, dando graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: «Isto é o meu corpo, entregue por vós. Fazei isto em memória de Mim». No fim da ceia, fez o mesmo com o cálice, dizendo: «Este cálice é a nova aliança no meu sangue, derramado por vós. Entretanto, está comigo à mesa a mão daquele que Me vai entregar. O Filho do homem vai partir, como está determinado. Mas ai daquele por quem Ele vai ser entregue!». Começaram então a perguntar uns aos outros qual deles iria fazer semelhante coisa. Levantou-se também entre eles uma questão: qual deles se devia considerar o maior? Disse-lhes Jesus: «Os reis das nações exercem domínio sobre elas, e os que têm sobre elas autoridade são chamados benfeitores. Vós não deveis proceder desse modo. O maior entre vós, seja como o menor, e aquele que manda, seja como quem serve. Pois quem é o maior: o que está à mesa ou o que serve? Não é o que está à mesa? Ora, Eu estou no meio de vós como aquele que serve. Vós estivestes sempre comigo nas minhas provações. E Eu preparo para vós um reino, como meu Pai o preparou para Mim: comereis e bebereis à minha mesa, no meu reino, e sentar-vos-eis em tronos, a julgar as doze tribos de Israel. Simão, Simão, Satanás vos reclamou para vos agitar na joeira como trigo. Mas Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça. E tu, uma vez convertido, fortalece os teus irmãos». Pedro respondeu-Lhe: «Senhor, eu estou pronto a ir contigo, até para a prisão e para a morte». Disse-lhe Jesus: «Eu te digo, Pedro: não cantará hoje o galo sem que tu, por três vezes, negues conhecer-Me». Depois acrescentou: «Quando vos enviei sem bolsa nem alforge nem sandálias, faltou-vos alguma coisa?». Eles responderam que não lhes faltara nada. Disse-lhes Jesus: «Mas agora, quem tiver uma bolsa, pegue nela, bem como no alforge; e quem não tiver espada, venda a capa e compre uma. Porque Eu vos digo que se deve cumprir em Mim o que está escrito: "Foi contado entre os malfeitores". Na verdade, o que Me diz respeito está a chegar ao fim». Eles disseram: «Senhor, estão aqui duas espadas». Mas Jesus respondeu: «Basta». Então saiu e foi, como de costume, para o monte das Oliveiras, e os discípulos acompanharam-no. Quando chegou ao local, disse-lhes: «Orai, para não entrardes em tentação». Depois afastou-Se deles cerca de um tiro de pedra e, pondo-Se de joelhos, começou a orar, dizendo: «Pai, se quiseres, afasta de Mim este cálice. Todavia, não se faça a minha vontade, mas a tua». Então, apareceu-Lhe um anjo vindo do Céu, para O confortar. Entrando em angústia, orava mais instantemente e o suor tornou-se-Lhe como grossas gotas de sangue, que caíam na terra. Depois de ter orado, levantou-Se e foi ter com os discípulos, que encontrou a dormir, por causa da tristeza. Disse-lhes Jesus: «Porque estais a dormir? Levantai-vos e orai, para não entrardes em tentação». Ainda Ele estava a falar, quando apareceu uma multidão de gente. O chamado Judas, um dos Doze, vinha à sua frente e aproximou-se de Jesus, para O beijar. Disse-lhe Jesus: «Judas, é com um beijo que entregas o Filho do homem?». Ao verem o que ia suceder, os que estavam com Jesus perguntaram-Lhe: «Senhor, vamos feri-los à espada?». E um deles feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. Mas Jesus interveio, dizendo: «Basta! Deixai-os». E, tocando na orelha do homem, curou-o. Disse então Jesus aos que tinham vindo ao seu encontro, príncipes dos sacerdotes, oficiais do Templo e anciãos: «Vós saístes com espadas e varapaus, como se viésseis ao encontro dum salteador. Eu estava todos os dias convosco no Templo e não Me deitastes as mãos. Mas esta é a vossa hora e o poder das trevas». Apoderaram-se então de Jesus, levaram-no e introduziram-no em casa do sumo sacerdote. Pedro seguia-os de longe. Acenderam uma fogueira no meio do pátio, sentaram-se em volta dela, e Pedro foi sentar-se no meio deles. Ao vê-lo sentado ao lume, uma criada, fitando os olhos nele, disse: «Este homem também andava com Jesus». Mas Pedro negou: «Não O conheço, mulher». Pouco depois, disse outro, ao vê-lo: «Tu também és um deles». Mas Pedro disse: «Homem, não sou». Passada mais ou menos uma hora, afirmava outro com insistência: «Esse homem, com certeza, também andava com Jesus, pois até é galileu». Pedro respondeu: «Homem, não sei o que dizes». Nesse instante -- ainda ele falava --, um galo cantou. O Senhor voltou-Se e fitou os olhos em Pedro. Então, Pedro lembrou-se da palavra do Senhor, quando lhe disse: «Antes de o galo cantar, Me negarás três vezes». E, saindo para fora, chorou amargamente. Entretanto, os homens que guardavam Jesus troçavam dele e maltratavam-no. Cobrindo-Lhe o rosto, perguntavam-Lhe: «Adivinha, profeta: quem Te bateu?». E dirigiam-Lhe muitos outros insultos. Ao romper do dia, reuniu-se o conselho dos anciãos do povo, os príncipes dos sacerdotes e os escribas. Levaram-no ao seu tribunal e disseram-Lhe: «Diz-nos se Tu és o Messias». Jesus respondeu-lhes: «Se Eu vos disser, não acreditareis e, se fizer alguma pergunta, não respondereis. Mas o Filho do homem sentar-Se-á doravante à direita do poder de Deus». Disseram todos: «Tu és então o Filho de Deus?» Jesus respondeu-lhes: «Vós mesmos dizeis que Eu sou». Então exclamaram: «Que necessidade temos ainda de testemunhas? Nós próprios o ouvimos da sua boca». Levantaram-se todos e levaram Jesus a Pilatos. Começaram a acusá-lo, dizendo: «Encontrámos este homem a sublevar o nosso povo, a impedir que se pagasse o tributo a César e dizendo ser o Messias-Rei». Pilatos perguntou-Lhe: «Tu és o Rei dos Judeus?». Jesus respondeu-lhe: «Tu o dizes». Pilatos disse aos príncipes dos sacerdotes e à multidão: «Não encontro nada de culpável neste homem». Mas eles insistiam: «Amotina o povo, ensinando por toda a Judeia, desde a Galileia, onde começou, até aqui». Ao ouvir isto, Pilatos perguntou se o homem era galileu; e, ao saber que era da jurisdição de Herodes, enviou-O a Herodes, que também estava nesses dias em Jerusalém. Ao ver Jesus, Herodes ficou muito satisfeito. Havia bastante tempo que O queria ver, pelo que ouvia dizer dele, e esperava que fizesse algum milagre na sua presença. Fez-Lhe muitas perguntas, mas Ele nada respondeu. Os príncipes dos sacerdotes e os escribas que lá estavam acusavam-no com insistência. Herodes, com os seus oficiais, tratou-O com desprezo e, por troça, mandou-O cobrir com um manto magnífico e remeteu-O a Pilatos. Herodes e Pilatos, que eram inimigos, ficaram amigos nesse dia. Pilatos convocou os príncipes dos sacerdotes, os chefes e o povo, e disse-lhes: «Trouxestes este homem à minha presença como agitador do povo. Interroguei-O diante de vós e não encontrei nele nenhum dos crimes de que O acusais. Herodes também não, uma vez que no-lo mandou de novo. Como vedes, não praticou nada que mereça a morte. Vou, portanto, soltá-lo, depois de O mandar castigar». Pilatos tinha obrigação de lhes soltar um preso por ocasião da festa. E todos se puseram a gritar: «Mata Esse e solta-nos Barrabás». Barrabás tinha sido metido na cadeia por causa de uma insurreição desencadeada na cidade e por assassínio. De novo Pilatos lhes dirigiu a palavra, querendo libertar Jesus. Mas eles gritavam: «Crucifica-O! Crucifica-O!». Pilatos falou-lhes pela terceira vez: «Mas que mal fez este homem? Não encontrei nele nenhum motivo de morte. Por isso vou soltá-lo, depois de O mandar castigar». Mas eles continuavam a gritar, pedindo que fosse crucificado, e os seus clamores aumentavam de violência. Então, Pilatos decidiu fazer o que eles pediam: soltou aquele que fora metido na cadeia por insurreição e assassínio, como eles reclamavam, e entregou-lhes Jesus para o que eles queriam. Quando O conduziam, lançaram mão de um certo Simão de Cirene, que vinha do campo, e puseram-lhe a cruz às costas, para a levar atrás de Jesus. Seguia-O grande multidão de povo, e mulheres que batiam no peito e se lamentavam, chorando por Ele. Mas Jesus voltou-Se para elas e disse-lhes: «Filhas de Jerusalém, não choreis por Mim; chorai antes por vós mesmas e pelos vossos filhos; pois dias virão em que se dirá: "Felizes as estéreis, os ventres que não geraram e os peitos que não amamentaram". Começarão a dizer aos montes: "Caí sobre nós"; e às colinas: "Cobri-nos". Porque, se tratam assim a madeira verde, que acontecerá à seca?». Levavam ainda dois malfeitores, para serem executados com Jesus. Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, crucificaram-no, a Ele e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda. Jesus dizia: «Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem». Depois, deitaram sortes, para repartirem entre si as vestes de Jesus. O povo permanecia ali a observar. Por sua vez, os chefes zombavam e diziam: «Salvou os outros: salve-Se a Si mesmo, se é o Messias de Deus, o Eleito». Também os soldados troçavam dele; aproximando-se para Lhe oferecerem vinagre, diziam: «Se és o rei dos Judeus, salva-Te a Ti mesmo». Por cima dele, havia um letreiro: «Este é o rei dos judeus». Entretanto, um dos malfeitores que tinham sido crucificados insultava-O, dizendo: «Não és Tu o Messias? Salva-Te a Ti mesmo e a nós também». Mas o outro, tomando a palavra, repreendeu-o: «Não temes a Deus, tu que sofres o mesmo suplício? Quanto a nós, fez-se justiça, pois recebemos o castigo das nossas más ações. Mas Ele nada praticou de condenável». E acrescentou: «Jesus, lembra-Te de mim quando vieres com a tua realeza». Jesus respondeu-lhe: «Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso». Era já quase meio-dia quando as trevas cobriram toda a Terra, até às três horas da tarde, porque o Sol se tinha eclipsado. O véu do Templo rasgou-se ao meio. E Jesus exclamou com voz forte: «Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito». Dito isto, expirou. Vendo o que sucedera, o centurião deu glória a Deus, dizendo: «Realmente, este homem era justo». E toda a multidão que tinha assistido àquele espetáculo, ao ver o que se passava, regressava batendo no peito. Todos os conhecidos de Jesus, bem como as mulheres que O acompanhavam desde a Galileia, mantinham-se à distância, observando estas coisas. Havia um homem chamado José, da cidade de Arimateia, que era pessoa reta e justa, e esperava o Reino de Deus. Era membro do Sinédrio, mas não tinha concordado com a decisão e o proceder dos outros. Foi ter com Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus. E, depois de o ter descido da cruz, envolveu-o num lençol e depositou-o num sepulcro escavado na rocha, onde ninguém ainda tinha sido sepultado. Era o dia da Preparação e começavam a aparecer as luzes do sábado. Entretanto, as mulheres que tinham vindo com Jesus da Galileia acompanharam José, e observaram o sepulcro e a maneira como fora depositado o corpo de Jesus. No regresso, prepararam aromas e perfumes. E, no sábado, guardaram o descanso, conforme o preceito. 
Tradução litúrgica da Bíblia 
Santo Anselmo(1033-1109) 
Monge, bispo, doutor da Igreja 
«Meditação sobre a redenção do homem» 
Medita sobre o amor do teu Redentor! 
O nosso Cristo foi crucificado, redimiu-nos pela cruz. Foi esta, cristão, a força que te salvou, é esta a causa da tua liberdade, é este o preço da tua redenção. Tu eras cativo e foi assim que foste redimido. Eras escravo, e foi assim que foste libertado. Estavas exilado e foste repatriado; estavas perdido e foste renovado; estavas morto e foste ressuscitado. Deixa que o teu coração se alimente desta verdade, que a mastigue, a saboreie e a absorva quando a tua boca receber a carne e o sangue do teu Redentor. Faz dela o teu pão quotidiano, o teu alimento e o teu viático nesta vida, pois é pela redenção, e só graças a ela, que habitas em Cristo, e Cristo em ti, e que, na vida futura, a tua alegria será completa. Mas Tu, Senhor, que consentiste na morte para que eu pudesse viver, como posso alegrar-me com uma liberdade a que só tive acesso graças às tuas correntes? Como posso alegrar-me com uma salvação que devo aos teus sofrimentos? Que alegria posso encontrar numa vida que me vem através da morte? Devo alegrar-me com os teus tormentos e com a crueldade daqueles que Te fizeram sofrer, a pretexto de que, se eles não tivessem agido dessa maneira, Tu não terias sofrido, e que sem os teus sofrimentos eu não teria estes bens? Mas a ferocidade dos homens não fez nada que Tu não tivesses consentido livremente, e só sofreste porque, na tua bondade, quiseste sofrer. Assim, pois, criatura fraca, deixa a crueldade dos homens ao juízo de Deus e medita no que deves ao teu Salvador. Considera o teu estado interior e o que te foi dado; avalia o amor de que é digno o autor desta bênção. Olha para a tua indigência e para a bondade dele; e vê quantas ações de graças deves dar-Lhe e tudo o que deves ao seu amor.

Santa Margarida de Città di Castello

No dia 24 de abril p.p., o Papa Francisco autorizou o prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, Cardeal Marcello Semeraro, a promulgar os decretos relativos à até então Beata Margarida, que fez parte da Ordem Terceira dos Frades Pregadores (dominicanos). Por meio do procedimento conhecido como “canonização equipolente”, Margarida foi inserida no Catálogo dos Santos e, desta forma, o seu culto está agora formalmente estendido a toda a Igreja. A “canonização equipolente” foi instituída no século XVIII pelo Papa Bento XIV. Mediante este processo, o pontífice “vincula a Igreja como um todo para que observe a veneração de um Servo de Deus ainda não canonizado pela inserção de sua festividade no calendário litúrgico da Igreja universal, com Missa e Ofício Divino”.
"Meu pai e minha mãe me abandonarem, mas o Senhor me recebeu"