A história de Acisclo e Vitória consta no Memorial dos Santos do século IX do também mártir Santo Eulógio de Córdoba. Há dúvidas sobre a veracidade histórica da existência de Vitória, mas ambos são venerados nos ritos litúrgicos moçárabes e sua veneração espalha-se por toda a Espanha e França. Seu culto é tão antigo quanto o século VI como atestável numa inscrição hispânica deste período referente a relíquias. Atualmente Acisclo e Vitória são os principais santos patronos de Córdoba e são invocados especialmente contra as tempestades.
Segundo a narrativa de Eunápio, Acisclo e Vitória, nativos e residentes de Córdoba, foram mártires da primeira perseguição que afetou a cidade de Córdoba, sob o domínio do imperador Septimio Severo e Dião, como pretor, quem por decreto de 202, ordenou a morte dos seguidores do Cristianismo.
Denunciados como cristãos ao prefeito Dião, descrito como um "iníquo perseguidor de cristãos", este tratou de prendê-los. A principal acusação para prendê-los era de que Acisclo teria dito que os deuses romanos eram "nada mais que pedras, não melhores que aqueles que as cultuavam".
Visando puni-los, Dião ordenou que fossem queimados numa fornalha, mas seu plano fracassou, com eles entoando músicas de júbilo do interior da fornalha. Em seguida, prendeu-os em pedras e lançou-os no Rio Guadalquivir, porém novamente fracassou, com ambos sendo encontrados flutuando ilesos na superfície.
Por fim, Dião suspendeu-os sobre o fogo, mas o fogo saiu de perto deles e matou centenas de pagãos. Após tais eventos, Acisclo e Vitória, sentindo já terem demonstrado suficientemente que permaneceriam resolutamente cristãos, bem como o poder exercido por seu Deus, entregaram-se a seus pretensos carrascos, que executá-los no anfiteatro: Acisclo foi decapitado, enquanto Vitória foi morta a flechadas.
Os corpos de Acisclo e Vitória foram sepultados por uma dama cristã chamada Minciana em sua propriedade fora dos muros da cidade.
No século IV, época do Bispo Osio, havia três basílicas em Córdoba: uma, chamada dos Três Santos (atual basílica menor de São Pedro); outra, chamada de São Zoilo no centro da cidade e já desaparecida; e a terceira dedicada aos Santos Mártires ou de Santo Acisclo, local onde haviam sido sepultados os dois irmãos, situada na margem do Guadalquivir, junto ao Moinho de Martos. Nela foram depositados os restos dos mártires cordobeses colocados em um sepulcro de mármore em estilo greco-romano do século III ou princípios do IV, conservado até os dias atuais.
Na época da invasão árabe, o templo cristão mais venerado depois da catedral dos Três Santos, era a dos Santos Mártires. Segundo testemunho de Santo Eulógio, nela foram depositados os corpos de São Perfeito, Santo Argemiro, São Sisenando, Santas Maria e Flora, virgens e mártires da perseguição muçulmana em Córdoba.
A reconquista de Córdoba pelo rei São Fernando em 1236 resultou no engrandecimento da Basílica dos Santos Mártires; o rei entregou-a à Ordem de Cister. Em diversas ocasiões foram feitas ampliações. Os monges cistercienses ali permaneceram até 1527, passando para as mãos dos frades da Ordem dos Dominicanos em 1531.
A Basílica sofreu uma diminuição devocional com o passar dos séculos, mas os dominicanos ali permaneceram até 1835, quando foram exclaustados. Foi um golpe mortal para a Basílica, abandonada e em ruinas. Em 1858 o convento foi demolido. A ermida se manteve e os devotos a visitavam, mas estava muito deteriorada. Em 1963 uma remodelação foi realizada e a ermida foi inaugurada em 17 de novembro de 1965, com a missa de abertura oficiada pelo vigário da diocese João Jurado Ruiz.
Desde 2005 está aberta ao culto todos os domingos e dias de festa, celebrando-se missa.
As relíquias de São Acisclo foram divididas no tempo de Carlos Magno e uma parte chegou a Toulouse, França; enquanto outra era venerada no mosteiro beneditino de São Salvador em Breda, na diocese de Gerona.
Acisclo e sua irmã Vitoria são venerados em toda a Espanha e no sul da França, especialmente em Provence. A Basílica de São Saturnino de Toulouse, na França, possui algumas das relíquias de Acisclo e Vitória. Existe uma pequena igreja dedicada a eles nas faldas da montanha de Montserrat. O poeta Prudêncio redigiu uma homenagem a eles em versos.
Acisclo (em latim: Acisclus) ou Ocíselo (em latim: Ocysellus)Fontes:
https://cordobapedia.wikanda.es/wiki/Basílica_de_los_Santos_Mártireswww.santiebeati.it/
Ponte romana e ao fundo Catedral - Córdoba, Espanha |
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