A figura mais interessante do reinado de Pedro II, segundo
Rica herdeira, viu-se quase desde o princípio desejada pelo favorito de Carlos VII, Jorge de La Trémoille , para seu filho Luís; a infeliz criança teve de fugir com a mãe e colocar-se sob a guarda do condestável de Richemont, em Parthenay.
Este influente protetor negociou o casamento de Francisca, aos quatro anos, com o seu sobrinho Pedro, segundo filho do Duque da Bretanha. Por isso foi ela transportada para Nantes e educada na corte da Bretanha. Sua futura sogra, Joana, irmã de Carlos VII da França, imprimiu em sua alma um espírito profundamente cristão.
Contratado em 1431, o casamento só veio a celebrar-se dez anos mais tarde. Os jovens esposos estabeleceram-se então em Guingamp. Em 1450, na Catedral de Reims, era coroada como Duquesa da Bretanha juntamente com seu esposo.
De comum acordo, decidiram conservarem-se castos e oferecer à alta sociedade um modelo de lar cristão com a prática assídua de excelsas virtudes. Juntos se consagraram à Virgem Maria em seu Santuário de Folgoët, onde deixaram marcada uma Missa a ser celebrada todos os sábados.
Francisca soube frear os excessos da moda feminina na corte e se dedicou particularmente às obras de piedade e caridade. Todas as quartas-feiras onze donzelas pobres se sentavam à sua mesa; no dia Natal escolhia um menino pobre, o vestia com roupas novas e o hospedava como representante do Menino Jesus, às Quintas-feiras Santas lavava os pés de doze pobres e lhes oferecia roupas novas.
Desejando prolongar a boa influência de São Vicente Ferrer, que foi canonizado durante o reinado de seu esposo Pedro II, Francisca interessou-se especialmente pelas casas religiosas e fundou um convento de Clarissas em Nantes e um Carmelo em Vannes, o primeiro convento feminino desta Ordem em território francês.
Trabalhou tanto a favor da religião católica que, segundo disse um historiador, "Deus se serviu desta jovem para realizar uma reforma geral na Bretanha e para fazer reflorescer, depois de tantas desgraças, um século de ouro".
Após a morte de seu esposo e conhecendo a fundo as misérias da corte, resolveu tornar-se monja de clausura. Teve que enfrentar mil dificuldades: Luís XI, Rei da França, fez todo o possível para que desistisse de seu plano; tudo foi em vão, e o monarca acabou se desenganando quando ela, ao receber a Comunhão, fez em voz alta o voto de castidade.
Depois de um encontro providencial com o Beato João Soreth († 1471), na ocasião Prior Geral dos Carmelitas, se decidiu pela Ordem Carmelita de clausura, que havia sido instituída pouco antes canonicamente pela Bula "Cum nula" de Nicolau V, datada de 7 de outubro de 1452.
Resolvidos todos os seus compromissos ducais, o Beato mesmo lhe impôs, com toda solenidade, o hábito. Junto com um grupo de carmelitas vindas da Bélgica, Francisca iniciou sua vida religiosa no convento de Vannes, fundado por ela.
Renunciou a seus títulos e não quis ser tratada com especial distinção, mas ser considerada “uma humilde serva de Cristo”. Desde então seu grande empenho foi tornar efetiva sua total entrega a Deus.
Em 1475 foi nomeada priora pela comunidade. Mas a afeição de Francisco II e da esposa Margarida de Frois que desejava aproximá-la deles, obteve de Roma a transferência do mosteiro para Nantes. Ali ela também exerceu o cargo de priora.
No exercício deste cargo alimentava o espírito de suas religiosas com sábias "Exortações", que foram publicadas mais tarde. Ela era exemplar em todas as virtudes, especialmente por seu espírito de oração e penitência. Insistiu sempre na prática do silêncio, da obediência e da pobreza. Introduziu a comunhão frequente e uma estrita clausura.
Suas últimas palavras foram: "Adeus, minhas filhas! Vou provar o que é amar a Deus sobre todas as coisas". Ela expirou no dia 4 de novembro de 1485.
A Beata é considerada fundadora das Monjas Carmelitas na França e foi a primeira santa desde que o Carmelo feminino teve existência canônica. O seu culto litúrgico foi reconhecido pelo Papa Pio IX em 16 de julho de 1867.
Altar da Beata na Catedral de Nantes, França |
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