O Reino de Deus é a realidade nova instaurada por Jesus. Nas parábolas conhecemos seus diversos aspectos. A recompensa aos que O acolhem supera a expectativa. Jesus quer nos ensinar que Deus é diferente de nós. Nós pensamos Deus a partir de nosso modo de agir humano. Deus é Deus. Queremos mandar em Deus. Quando não sai de nosso jeito, já nos levantamos contra Ele, pedindo satisfação: ‘Por que fizestes assim conosco?’ A parábola é muito curiosa e desconcertante. Havia um sistema para agenciar trabalhadores. Quem queria trabalhar se reunia em um lugar costumeiro da cidade e os patrões iam lá contratar. Assim fez esse senhor da vinha. Mas, foi diversas vezes. Acertou o preço com os primeiros e prometeu pagar o justo a todos. Na hora do acerto final pagou o mesmo para todos, inclusive para os que trabalharam só uma hora. Houve reclamação dos que haviam trabalhado todo o dia. Ele respondeu que pagou o que prometeu e quis dar o mesmo a todos. Jesus explica que Deus no Reino é sempre generoso com todos. Na comunidade havia o problema dos novos convertidos, o que gerava ciúmes nos mais antigos da comunidade. Deus não olha os méritos, mas sua bondade. Não temos como cobrar de Deus para nos atender como queremos, mas como Ele quer, pois age com generosidade. Deus tem sempre uma oferta generosa de perdão e está sempre a convidar e não há o que temer (Is 55,7). O Salmo completa esses pensamentos descrevendo como é Deus: “Misericórdia e piedade é o Senhor, Ele é amor, é paciência e compaixão. O Senhor é bom para com todos; sua ternura abraça toda criatura” (Sl 144). Esta é a justiça que aplica a todos não premiando méritos pessoais, mas mostrando sua generosa bondade.
Meus pensamentos não são os vossos
As profecias não são somente ameaças e acusações. Elas são, sobretudo, convite à conversão: “Buscai o Senhor, enquanto pode ser achado; invocai-O, enquanto está perto... abandone o ímpio seu caminho... volte para o Senhor...que é generoso no perdão”. Deus não pensa como nós. A sociedade não tem os pensamentos de Deus. Seu modo de raciocinar é diferente, pois está sempre aberto ao que O procura. O arrependimento não é simplesmente pedir perdão. É principalmente mudar de pensamento, de caminhos e de atitude. O perdão só terá sentido se mudarmos nossas escolhas. Ele tem a força transformadora que purifica e estimula à mudança interior. É preciso ter uma visão mais clara sobre Deus e reconhecê-Lo. Diz: Eu sou Deus e não um homem. Não que esteja distante de nós. É diferente e por isso pode agir de modo diverso do nosso.
Viver à altura do Evangelho
Paulo mostra que sua vida tem sentido somente se vive Jesus Cristo: “Para mim, viver é Cristo e o morrer é lucro” (Fl 1,23).Não lhe importava o modo de vida, se era partindo para estar com Cristo ou permanecendo no trabalho por Cristo, se isso for bom para a comunidade. Sua vida toma sentido em Cristo e no empenho que todos vivam em Cristo, à altura do Evangelho de Cristo. A parábola nos ensina que a vida toma sentido quando vivemos à altura do Evangelho. Viver à altura do Evangelho é criar na comunidade o clima de acolhimento aos novos e não cristalizar grupos e pessoas que se consideram donos e por isso não entendem esta parábola como um modo de vida da comunidade. A Eucaristia de cada semana nos coloca em relacionamento com Deus que nos ensina seu modo de viver.
Leituras:Isaias 55,6-9;Salmo 144;
Filipenses 1,20c-24.27ª;Mateus 20,1-16ª
1. Como nossos pensamentos não são os de Deus, nossa compreensão do Reino difere do modo de agir de Deus que é de extrema generosidade. A parábola dos trabalhadores da última hora ensina que Deus recompensa a todos, e com abundância. Vai além de nossas medidas, pois Ele é misericórdia e piedade. Bom para com todos.
2. As profecias não são só condenações, mas estímulo a buscar o Senhor que é generoso. Deus está sempre aberto ao que o procura. O arrependimento é verdadeiro quando é mudança de pensamentos, de atitudes e de caminhos. É preciso ter uma visão clara de Deus. Deus não é distante, mas tem seu modo próprio de agir.
3. Paulo mostra que sua vida tem sentido somente se viver Jesus Cristo. O que lhe interessa é o serviço a Cristo na comunidade. Seu empenho é que todos vivam em Cristo, à altura do Evangelho.
Relógio de ponto parado
A parábola dos trabalhadores da última é bem contra nosso modo de pensar. Parece até injustiça. Uns trabalham apenas uma hora e ganham como os que trabalharam o dia todo. Bem diz o profeta na primeira leitura que nem os pensamentos de Deus nem seus caminhos são como os nossos. Estão muito acima.
O texto é uma parábola sobre o Reino dos Céus. Jesus compara o anúncio do Reino como um patrão que saiu para contratar operários para sua plantação de uva. Naquele tempo os trabalhadores se reuniam num lugar e os patrões iam lá buscá-los. Acertavam o preço. A parábola diz que fez assim diversas vezes durante o dia até à tarde. E, no fim do dia, pagou o mesmo valor para todos. Os que trabalharam o dia inteiro se revoltaram. O patrão disse que fez o que prometeu, mas foi além sendo generoso com os demais, pois o dinheiro era dele.
Poderia haver na comunidade gente que há tempo vivia na fé, principalmente judeus convertidos. Agora chegam os novos e são tratados do mesmo modo. O Reino não é um direito de tempo de serviço. Deus é generoso para com todos. Ninguém recebe migalhas do Reino. Deus é gratuito e dá tudo em abundância para todos.
O importante é o amor a Jesus Cristo. Paulo diz: para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro.
Homilia do 25º Domingo Comum (21.09.2014)
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