Atribuímos a Deus nossos sentimentos, por isso dizemos que sorriu para nós. Quis Ele que o homem e a mulher tivessem a capacidade de sorrir e assim, poder mostrar-nos seu rosto. Vamos refletir os ensinamentos do Papa Francisco que entende bem de sorriso. Vale a pena dedicarmos a seu ensinamento porque é um marco de mudança na Igreja. É um novo modo de ser Igreja que nos é apresentado por quem viveu imerso na vida do povo. É certo que muita gente, da própria Igreja não concorda com Ele. Sempre foi assim. Em sua Exortação Apostólica “Alegria do Evangelho” ensina como anunciar o Evangelho no mundo atual. Esse texto é uma fotografia do Papa sempre sorridente. Está de bem com a vida. Vive o Evangelho. Jesus veio para trazer a alegria. Fechar-se buscando apenas seus interesses bloqueia a possibilidade da alegria. Já não se ouve a voz de Deus nem goza da doce alegria de seu amor (EG 2). A quem tem fé, é feito o convite a renovar o encontro pessoal com Jesus Cristo ou deixar que nos encontre para transmitir essa alegria. Corremos atrás da felicidade e ela está tão perto de nós. Ninguém pode pensar que não será acolhido por Deus, que não merece, que não presta etc... pois foi para sermos felizes que nos criou. Ouvimos no evangelho: “Entra na alegria do teu senhor!” (Mt 25,23). É triste ver tanto sofrimento no mundo. Todos têm o direito de serem alegres. Se nos abrirmos a Deus, podemos estar certos que a violência, os males da sociedade, os desequilíbrios, a fome, as guerras, a exploração, a pobreza seriam resolvidas. “Eis que vos anuncio uma grande alegria. Hoje nasceu para vós um Salvador” (Lc 2,10), disse o anjo aos pastores. Ele é a fonte da Alegria. Sabemos que os pobres, mesmo em situações difíceis, sabem se alegrar. Deus sorriu para nós e exultamos de alegria. Quem tem bens, saiba que sua primeira missão é manifestar este sorriso de Deus através de sua vida. Pude ver um irmão meu dando presentes às crianças de uma creche. Ele estava bem mais feliz que elas. O que paga um sorriso de uma criança? Se não sabemos nos alegrar, aprendamos dos pobres. Isso lhe dará a alegria. O pobre é capaz de se alegrar com tão pouco.
O dom da alegria
Na história da Salvação, o anúncio de alegria domina as ações de Deus vem ao encontro das pessoas. Deus age através de meios ao alcance das pessoas. As profecias noticiam os novos tempos com ênfase na alegria, como lemos em Isaias: “Multiplicastes a alegria e aumentaste o júbilo” (Is 9,2). Papa o continua citando o Antigo Testamento dizendo que a própria criação se rejubila: “Cantai, ó céus! Exulta de alegria, ó terra! Rompei em exclamações,ó montes. Na verdade, o Senhor consola o seu povo e se compadece dos desamparados” (Is 49,13). O profeta Sofonias nos mostra o próprio Deus como um centro irradiante de festa e de alegria que quer comunicar a seu povo este júbilo salvífico (EG 4). Em o Novo Testamento, ouvimos a saudação do Anjo a Maria: “Alegra-te, cheia de graça!” (Lc 1,28). Maria, em seu canto exclama: “O meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador” (Lc 1,47). O Papa diz também: “sua mensagem é fonte de alegria: ‘Manifestei-os estas coisas, para que esteja em vós a minha alegria, e vossa alegria seja completa”’ (Jo 15,11). Depois da Ressurreição, a alegria dos discípulos é total. Os primeiros cristãos batizados viviam na alegria (EG 5). Pregar um Reino de Deus carrancudo e ameaçador, não combina com a Palavra de Deus.
Alegres filhos
A alegria tem sempre um rosto novo em cada situação. Mesmo a seriedade dos tempos quaresmais não tira a serena e séria alegria que acontece no interior. Alegria não é barulhos. Ela nasce da paz de Deus em nós. No sofrimento “é preciso permitir que a alegria da fé comece a despertar como uma secreta, mas firme confiança” (EG 6). O Papa salienta, em outras palavras, que a sociedade técnica promove os prazeres, mas encontra dificuldade de gerar a alegria. Acontece que as alegrias mais belas provêm dos pobres que tem pouco a que se agarrar. Há alegria entre os que estão bem de vida, mas mantêm a fé num coração fiel, generoso e simples. O amor de Deus em Cristo é fonte de alegria. Tudo provém, citando o Papa Bento XVI, “não de uma idéia, mas de um encontro com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte”.
ARTIGO PUBLICADO EM OUTUBRO DE 2014
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