Evangelho segundo São Lucas 12,8-12.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «A todo aquele que Me tiver reconhecido diante dos homens também o Filho do homem o reconhecerá diante dos anjos de Deus.
Mas quem Me tiver negado diante dos homens será negado diante dos anjos de Deus.
E todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem será perdoado; mas quem tiver blasfemado contra o Espírito Santo não será perdoado.
Quando vos levarem às sinagogas, aos magistrados e às autoridades, não vos preocupeis com o que haveis de responder nem com o que haveis de dizer em vossa defesa.
O Espírito Santo vos ensinará naquela hora o que haveis de dizer».
Tradução litúrgica da Bíblia
o martírio de São Policarpo (69-155)
bispo
SC 10
«Quem Me tiver negado diante dos homens
será negado diante dos anjos de Deus»
O mais admirável dos mártires foi o bispo, Policarpo. Primeiro, quando soube de tudo o que se passara, não se perturbou, pelo contrário, quis permanecer na cidade. Perante a insistência da maioria, acabou por se afastar, retirando-se para uma pequena propriedade situada perto do centro e aí permanecendo com alguns companheiros; noite e dia, nada mais fazia que rezar por todos os homens e pelas Igrejas do mundo inteiro, como era seu costume. Os guardas, a pé e a cavalo, puseram-se a caminho, armados como se fossem no encalço de um bandido. Noite dentro, chegaram à casa onde se encontrava Policarpo, que estava deitado num quarto do andar de cima. Daí, ainda poderia ter ido para outra propriedade, mas não quis fazê-lo, dizendo: «Seja feita a vontade de Deus». Ouvindo as vozes dos guardas, desceu e pôs-se a conversar com eles. A sua idade avançada e a sua calma encheram-nos de admiração: não percebiam porque se tinham dado a tantos trabalhos para prender tal ancião. Apesar da hora tardia, Policarpo foi solícito em servir-lhes de comer e de beber, tanto quanto desejaram. Pediu-lhes apenas que lhe concedessem uma hora para orar livremente, e eles consentiram. Era um homem cheio da graça de Deus; pôs-se a rezar de pé e assim continuou a rezar em voz alta durante duas horas, sem conseguir parar; quantos o ouviam estavam estupefactos e muitos arrependeram-se de terem marchado contra um ancião tão santo.
Quando terminou a oração, na qual fizera memória de todos aqueles que tinha conhecido do decurso da sua longa vida – grandes e pequenos, pessoas ilustres ou obscuras – e de toda a Igreja, espalhada pelo mundo inteiro, chegou a hora da partida. Fizeram-no montar um asno e conduziram-no para o centro de Esmirna. Era o grande dia de sábado.
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