O caminho vocacional do jovem Luca Antônio foi marcado por muitas incertezas: por duas vezes, pediu para entrar para os frades capuchinhos e, em ambos os casos, saiu confuso, deixando o convento. Ainda com tantas incertezas, regressou pela terceira vez e pediu para vestir o hábito de São Francisco e recomeçar o noviciado.
Ele vivia um profundo conflito em seu ânimo: por um lado, nutria um profundo afeto pela mãe, que tinha ficado viúva, e não desejava desiludir as expectativas do tio sacerdote, que o convidava a estudar para poder dar à mãe sustento adequado; por outro, sentia-se fortemente atraído pelo exemplo e pela palavra do pregador capuchinho Antônio de Olivadi. O futuro Frei Ângelo experimentava dentro de si o sentimento de quem sinceramente quer bem à mãe e ao tio, mas, ao mesmo tempo, sente outro chamado. A vocação para se consagrar ao Senhor pede para doar a si mesmo sem reter nada.
O Beato Ângelo nasceu em Acre, na Calábria, em Itália, no dia 19 de Outubro de 1669, sendo batizado com o nome de Luca Antônio. Foram seus pais Francisco Falcone e Diana Enrico. Quando tinha 18 anos pensou ser capuchinho. Entrou no noviciado em Acre, na Província de Cosenza.
Invadido por dúvidas e incertezas com medo de não conseguir observar o ideal da Ordem, deixou duas vezes o noviciado. Entrou uma terceira vez e conseguiu vencer as suas dúvidas e fez a profissão religiosa em 1691. Concluídos os estudos, foi ordenado sacerdote.
Como sacerdote entregou-se à pregação, simples e fervorosa, despida de retórica, mas acompanhada de milagres, exercendo um grande e benéfico impacto, sobretudo, no meio das pessoas do campo, no sul da Itália. Como recordação das suas missões, era seu costume levantar um calvário constituído por três cruzes. A sua vida de contínua oração e a sua austeridade eram a melhor confirmação de tudo aquilo que recomendava aos fiéis. Toda a região da Calábria se sentiu invadida por uma onda de fé e de fervor.
O início deste seu apostolado foi de desilusão. Por isso mesmo, depois de um primeiro fracasso, frei Ângelo pediu ao Senhor que lhe desse o dom da palavra. O Senhor ouviu-o. Quando estava no púlpito, as ideias surgiam-lhe com tal abundância que parecia estar a ser inspirado por Deus. As primeiras dioceses a serem evangelizadas por ele foram: Cosenza, Rossano, Bisignano, São Marcos, Nicastro e Oppodo Lucano. Quando pregava nesta última, apareceu sobre a sua cabeça uma estrela luminosa que foi vista com admiração por todos os presentes. As conversões foram tantas que o demônio, invejoso de tais êxitos, muitas vezes tentou conseguir que ele interrompesse a pregação.
Em 1771, o cardeal Pignatelli convidou Frei Ângelo a pregar a Quaresma na Catedral de Nápoles. Começou na Quarta-feira de Cinzas e a Catedral estava repleta. Este irmão pregou com simplicidade; os ouvintes, primeiramente, sorriam; depois, perante a santidade da sua vida e a profundidade das suas palavras, os milagres que se sucederam durante toda a Quaresma e as numerosas conversões, a assembleia compreendeu que a pregação estava a ser orientada por um santo. Os temas das suas pregações eram os novíssimos e as demais verdades da fé.
Na sua vida, foram frequentes os êxtases. Foi visto diversas vezes elevado da terra. Quando pregava, uma ou outra vez aparecia rodeado de luz celestial. Outras vezes, foi vista uma pomba branca que pousava sobre a sua cabeça.
Foi eleito pelos seus irmãos Ministro Provincial. Pela forma como conduzia o seu ministério foi designado o anjo da paz. Dizia: É uma grande graça e uma grande glória ser capuchinho e verdadeiro filho de São Francisco. Mas é necessário conhecer e levar sempre conosco cinco pedras preciosas: a austeridade, a simplicidade, a fiel observância das Constituições e da Regra de São Francisco, a inocência de vida e uma caridade sem limites.
No ano de 1739, foi enviado para o Convento de Acre, sua terra natal. Já era de avançada idade e estava cansado pelas atividades apostólicas. Os seus conterrâneos tinham medo que ele morresse longe da sua terra. Ele, porém, queria morrer no seu campo de trabalho. Seis meses antes da sua morte, foi acometido de cegueira.
Com 70 anos de idade, no dia 30 de Outubro de 1739, com os nomes de Jesus e de Maria nos lábios, expirou serenamente. Morreu na sua terra – Acre – onde um grande santuário conserva o seu corpo venerável. Foi beatificado pelo Papa Leão XII, no dia 18 de Dezembro de 1825.
O Milagre para sua Canonização foi a cura milagrosa de um jovem. O evento ocorreu na Calábria. O jovem com idade de cerca de dezoito anos, enquanto viajava em sua própria moto sem usar o capacete, perdeu o controle do veículo e bateu violentamente contra um poste de madeira da rede telefônica, caindo no chão com um impacto terrível do crânio no asfalto. Ele foi levado à sala de emergência do hospital de Cosenza em estado muito grave. Era 23 de março de 2010. Nos dias seguintes, a situação estava piorando, ao ponto de os médicos se pronunciarem por um prognóstico muito grave, não apenas do estado de saúde do paciente, mas também do risco de sua própria vida.
Nesse contexto, a mãe do menino, devota do Beato Ângelo, voltou-se para o frei capuchinho. Além de invocar pessoalmente o Beato, ela envolveu muitas pessoas em uma oração comunitária para pedir a cura do enfermo, cuja cama também tinha uma relíquia. De repente, em 30 de março, a evolução voltou-se para o melhor, os sinais vitais começaram a cair dentro da normalidade e o menino foi transferido para a enfermaria e depois para um centro de reabilitação. Dentro de algumas semanas, sua recuperação tornou-se plena, sem sequelas, e o paciente conseguiu voltar para casa e para a escola. Os controles clínicos subsequentes encontraram condições físicas normais e sua saúde completamente restabelecida.
A coincidência cronológica e a conexão entre a invocação ao Beato e a cura do jovem, que mais tarde desfrutou de boa saúde e foi capaz de voltar a ter uma vida normal, é evidente.
Assim, o Beato Ângelo foi Canonizado em 15 de outubro de 2017 pelo Papa Francisco.
ORAÇÃO
Senhor, nosso Deus e nosso Pai, que destes ao Santo Ângelo D’Acri a graça de chamar os pecadores à penitência e à conversão do coração, mediante o anúncio gozoso da Vossa palavra, fazei que o Evangelho de Cristo, de que ele foi insigne pregador, continue a ser hoje por nós proclamado em palavras e obras. Por nosso Senhor Jesus Cristo, na Unidade do Espírito Santo. Amém.
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