sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Santos André Kim Taegon e companheiros

Tudo começou no Século XVII, com o interesse pelo Cristianismo por parte de um grupo de letrados que ao lerem o livro do missionário Mateus Ricci com o título “O verdadeiro sentido de Deus”, tiveram a iniciativa de encarregar o filho do embaixador coreano na China, na busca das riquezas de Jesus Cristo.
Yi Sung-Hun dirigiu-se ao Bispo de Pequim que o catequizou e batizou, entrando por aí a Boa Nova na Coréia, ou seja, por meio de um jovem e ousado leigo cristão que, com amigos, fundaram uma primeira comunidade cristã.
Com a eficácia do Espírito, começaram a evangelizar de aldeia em aldeia ao ponto de somarem, em dez anos, dez mil testemunhas da presença do Ressuscitado.
Várias vezes solicitaram do Bispo de Pequim o envio de sacerdotes, a fim de organizarem a Igreja. Roma, porém, era de difícil acesso e o Papa sofria com a prepotência de Napoleão, resultado: somente a Igreja pôde socorrer aos cristãos coreanos, trinta anos depois, quando os cristãos coreanos tinham sido martirizados aos milhares, juntamente com os 103 mártires, dentre estes: André Kim, o primeiro padre coreano morto em 1845; dez clérigos e 92 leigos.
André Kim Taegon nasceu em 21 de agosto de1821 — Seul, numa família nobre coreana, aos quinze anos converteu-se, com seus país, ao Catolicismo e foi enviado pelos fiéis coreanos para Macau, para estudar teologia no centro asiático de formação de missionários e padres. Durante os seus estudos em Macau, frequentou como fiel a Igreja de Santo António.
Ele foi o primeiro sacerdote e missionário de etnia coreana e dedicou a sua vida inteira para cristianizar a sua Pátria. Foi decapitado em 1846, aos 25 anos de idade, tornando-se assim o primeiro sacerdote mártir coreano.
Ele e os seus 102 companheiro, que foram igualmente martirizados nessas paragens, foram canonizados por João Paulo II, durante a sua viagem à Coreia, no dia 6 de Maio de 1984.
Alguns testemunhos ficaram gravados, e dentre tantos:
 “Dado que o Senhor do céu é o Pai de toda a humanidade e o Senhor de toda a criação, como podeis pedir-me para o trair? Se neste mundo aquele que trair o pai ou a mãe não é perdoado, com maior razão, não posso nunca, trair aquele que é o Pai de todos nós!” (Teresa Kwon).
Os primeiros mártires coreanos escreveram, com sangue, as primeiras páginas da história na Igreja da própria pátria. Na data da canonização, bicentenária do início da evangelização da Coréia, esta nação contava com 1.4000.000 católicos, 14 Dioceses, 1.200 sacerdotes, 3.500 religiosos e 4.500 catequistas, atestando mais uma vez a frase de Tertuliano:
“O sangue dos mártires é sangue de novos cristãos!”
A Igreja coreana foi fundada por leigos: eis a peculiaridade que a distingue das demais Igrejas. Segundo o Missal Romano, o Espírito sopra onde quer. Por isso, naquela estreita península, na extremidade oriental do mundo, o mesmo Espírito inspirou o coração de alguns homens, que abriram suas almas à nova fé, transmitida pelas delegações eclesiásticas chinesas, que visitavam a Coreia, anualmente, desde o início do século XVII. 
Uma Igreja "entrante" 
Todos os anos, um grupo de sacerdotes chineses de Pequim visitava a Coreia, para levar a fé àqueles povos. Eles levavam consigo um livro do Padre Matteo Ricci, intitulado: “A verdadeira Doutrina de Deus”. Um leigo, Lee Byeok, ficou encantado com aquelas páginas do grande missionário Jesuíta, a ponto de aderir à nova fé e fundar a primeira comunidade cristã no país. Tal comunidade permanecia ativa, mesmo na ausência daqueles sacerdotes, que, antes de voltarem para o seu país, a China, administravam o Batismo aos fiéis da localidade. Transcorria o ano de 1780. Com o passar do tempo, os sacerdotes iam à Coreia e levavam consigo escritos religiosos e livros apropriados para aprofundar a fé. No entanto, a comunidade nascente, cada vez mais fecunda e prometedora, começou a pedir a Pequim para mandar mais missionários às suas terras e foi atendida. O Padre Chu-mun-mo chegou à Coréia e, assim, tiveram início as celebrações litúrgicas. 
Início das perseguições 
Entretanto, a prosperidade da fé da nova comunidade não passou despercebida. O governo coreano não via com bons olhos o novo culto, que levou ao país novos ritos, bem diferentes dos tradicionais. Assim, em 1802, foi promulgado um édito estatal, que não proibia apenas a crença cristã, mas também mandava exterminar os cristãos. O primeiro a ser assassinado foi o único sacerdote chinês. Mas, em 1837, chegaram mais dois, acompanhados por um Bispo, pertencentes às Missões Estrangeiras de Paris, embora houvesse ainda perseguições. Por isso, dois anos depois, os três missionários foram martirizados. Não obstante, outros sacerdotes e Bispos intrépidos conseguiram entrar às ocultas na Coréia, apesar das proibições e perseguições, que continuaram até 1882, ano em que a liberdade religiosa foi decretada. 
André Kim Taegon, primeiro sacerdote mártir da Coreia
André foi um dos primeiros sacerdotes coreanos, nascidos e criados no país: nasceu em 1821, em uma família convertida e muito fervorosa, tanto que seu pai transformou sua casa em igreja doméstica, onde se reuniam muitos fiéis para ser batizados. André respirava a fé, desde criança, e conheceu de perto o martírio precoce com a morte do seu pai, assassinado aos 44 anos. Tais episódios, porém, fortaleceram ainda mais a sua fé, a ponto de ir a Macau para receber a ordenação sacerdotal. Ao regressar à Coreia como diácono, em 1844, favoreceu, às ocultas, a entrada no país do Bispo Ferréol. Juntos, trabalharam como missionários, sempre em segredo, apesar do eterno clima de perseguição. André, de modo particular, conhecendo os costumes e a mentalidade locais, obteve resultados extraordinários em seu apostolado, até quando foi descoberto e preso, por tentar enviar documentações e testemunhos para a Europa. Padre André Kim Taegon foi martirizado em 16 de setembro de 1846.
Paulo Chong Hasang, catequista peregrino 
A história de Paulo é a de um herói da fé, pois, ainda jovem, presenciou ao martírio de metade da sua família. Paulo Chong, natural de Mahyan, nasceu em 1795; foi preso, com sua mãe e irmã, e privado de todos os seus bens. Ao readquirir a sua liberdade, sua fé ficou mais forte do que nunca; transferiu-se para Seul, onde se uniu à comunidade cristã local, com a qual trabalhou muito, obtendo novas conversões. Sozinho e a pé, apesar das enormes dificuldades, fez pelo menos 15 peregrinações à China, comprometendo-se para levar sacerdotes e missionários às terras coreanas de Pequim. Hospedado na casa do Bispo francês de Imbert, que ajudou a entrar na Coréia, recebeu o convite para ser sacerdote. Porém, Paulo foi preso, durante as perseguições anticristãs, e martirizado em 22 de setembro de 1839.

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