Cristo, vivendo a condição humana, sofreu a tentação e foi vítima da maldade que O levou ao sofrimento do Calvário. A Transfiguração vem nos confortar diante do mistério da fragilidade e do sofrimento da Cruz. Ela anuncia a Ressurreição de Cristo e nossa libertação de todo mal para vivermos na Glória de Deus. Nesse momento de glória, Jesus ensina aos discípulos que a Paixão não é o fim, mas a passagem para a glória da Ressurreição e da Glorificação junto do Pai. Jesus foi transfigurado diante dos discípulos manifestando Sua glória divina. Jesus está ladeado por Moisés e Elias, isto é, a Lei e a Profecia. O momento é de um precioso encontro com Deus descrito pela imagem da nuvem que é sinal da presença da Divindade. Da nuvem veio a voz: Este é o meu Filho Amado, no qual pus todo meu agrado. Escutai-o (Mt 17,5). Não é mais Moisés ou Elias que falam, mas o Dileto Filho de Deus. É a Ele que se deve ouvir e obedecer e viver Sua Palavra. As palavras de Jesus nos introduzem na Vida. Ao ouvirem a voz do Pai, os discípulos caíram por terra. Jesus é a presença de Deus. Jesus os tocou e os fez levantar. O verbo levantar é o mesmo que se usa para a Ressurreição. Nós participamos de Sua gloriosa Ressurreição. Paulo nos introduz nesta verdade ao ensinar: Ele não só destruiu a morte, como também fez brilhar a vida e a imortalidade por meio do Evangelho (2Tm 1,10). Os filhos da Ressurreição, transfigurados pela Palavra, formam o novo povo, como o Povo da Aliança que veio por Abraão. Por ele serão abençoadas todas as nações da terra (Gn 12,3). Esta bênção acontece em Jesus.
É bom estarmos aqui
As palavras de Pedro, é bom estarmos aqui, revelam também que estar na presença de Deus é muito bom para nós. O tempo que gastamos com Deus é muito frutuoso para nosso bem estar. Alimentar a vida espiritual requer, além da ação, a contemplação. A transfiguração de Jesus mostra o caminho da espiritualidade cristã e seu núcleo. Não somos nós que alcançamos Deus e Nele nos transfiguramos, mas Ele que nos alcança e nos dá o dom de Sua presença que nos diviniza. Voltamos assim aos termos da criação do homem: Façamos o homem como à nossa imagem, como nossa semelhança (Gn 1,26). Para que realizemos nossa missão recebemos também a chamada de Abraão: Sai de tua terra e vai para a terra que Eu te mostrar (Gn 12,1). A vida cristã é um contínuo caminhar. As formas humanas são passageiras e exigem um renovado esforço para corresponder à Palavra de Deus, como fez Abraão. Somos responsáveis pela Palavra de Deus que nos move a seguir Seu Filho. Abraão ouviu a voz de Deus e seguiu. Ele nos chama a seguir Jesus: "Escutai-o".
Dom que é um projeto
A Transfiguração de Jesus é um dom que recebemos de Sua Páscoa, mas ao mesmo tempo um projeto para a transformação de nossa vida na vida de Cristo e a transformação da realidade em mundo de Deus. Todo mistério celebrado é um projeto de transformação da pessoa e do mundo. O mundo querido por Deus é aquele que se espelha em Seu Filho. Mesmo passando pelas dificuldades, podemos levar as pessoas e a terra a caminhar ao encontro de seu original cujo modelo é o Filho, como diz Paulo, alcançar o estado do Homem Perfeito à medida da estatura da Plenitude de Cristo (Ef. 4,13). Ouvindo a Palavra na celebração, continuamos ouvindo a voz do Pai que nos convida a ouvir o Filho.
Leituras : Gênesis 12,1-4a; Salmo 32;
2Timóteo 1,8b-10; Mateus 17,1-9.
Cristo sofreu a tentação, mostrando sua fragilidade humana. Na Transfiguração mostra sua Divindade unida à Glória do Pai. A Paixão não é o fim. Moisés e Elias, representando a Lei e os Profetas só podem ser entendidas a partir de Cristo que é quem fala. Estão na presença de Deus. Como Abraão seguiu a voz do Pai, agora devemos ouvir o Filho, que é a Palavra.
Ao dizer "é bom estarmos aqui", revela-nos o caminho da transformação: estar na presença de Deus, ouvindo e contemplando para se transformar. Este é o núcleo da espiritualidade. Exige-se um renovado esforço para corresponder à Palavra de Deus como Abraão. Somos responsáveis pela Palavra de Deus.
A Transfiguração é um dom de Jesus que recebemos na Páscoa. É, ao mesmo tempo um compromisso para a transformação de nossa vida em Cristo e a transformação da realidade em mundo de Deus. Podemos levar as pessoas a seu original cujo modelo é o Filho até que todos cheguemos à estatura de Cristo.
Jeito de ficar bonito
Não está fácil manter a beleza. Com o tempo vamos perdendo a forma. A sociedade tem um padrão de beleza muito falho, pois todo o ser criado é belo na sua condição. Mesmo o doente, o envelhecido, o diferente e o pobre desgastado pela vida têm uma beleza própria.
No segundo domingo da Quaresma refletimos sobre a transfiguração de Jesus. No domingo passado vimos o mal que faz o pecado. Agora contemplamos o resultado da vida de Jesus em nós. Ela nos transforma. Esta é a meta de chegada da Quaresma: a Páscoa da Ressurreição que nos identifica cada vez mais com Jesus. Em Sua Paixão contemplamos Seu sofrimento. Sua Transfiguração nos encaminha para Sua Ressurreição.
Moisés e Elias, significando a Lei e os Profetas, mostram que Jesus é a nova Lei e a Palavra de Deus. A atitude de Pedro querendo segurar Moisés e Elias para que não fossem embora, significa que não podemos ficar presos no passado, mas seguir Jesus também em sua Paixão. Somos chamados à imortalidade.
Homilia do 2º Domingo da Quaresma (16.03.2014)
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