No Tempo de Natal ouvimos que Jesus nasceu em Belém. Ele é o Filho de Deus que se fez carne no seio da Virgem Maria. Há belas imagens do Menino Jesus e tantas músicas e cerimônias para este momento. Mesmo que a sociedade já desista de pensar no nascimento do Filho de Deus e preferir ficar com o Papai Noel, nós estamos diante do maior acontecimento da História do Universo. A celebração do Natal envolve Céu e terra. É a celebração de uma presença; Há os que não creem. A partir da Encarnação de Jesus participamos da divinização do ser humano. Podemos dizer também deificação. Esta temática é muito desconhecida na reflexão ocidental, na Igreja Católica Romana, como também nas outras Igrejas. Na Igreja Oriental ela é muito refletida, sobretudo a partir dos Santos Padres (escritores santos antigos). Está presente também na Liturgia Romana, mas não se dá atenção. Nossa espiritualidade se resume mais no fazer do que no ser. Não se dá o fundamento. Mesmo que a reflexão da “antropologia sobrenatural” nos pareça difícil, e não seja tratada nas escolas de teologia, temos que enfrentá-lo. Não é uma novidade, pois tem origem na Palavra de Deus. Paulo ensina que somos Corpo de Cristo, Ele cabeça e nós, os membros (1Cor 12,27); Somos Templos do Espírito Santo (1Cor 6,19). Podemos encontrar na liturgia do Tempo do Natal palavras que nos instruem: “Fizestes de nós uma nova criação”; “Renovará o corpo de nossa humildade para configurá-lo a seu Corpo de Glória”; “Participar da Eternidade Daquele que com Sua mortalidade curou nossa mortalidade”; “Recriados pela Eucaristia, tenhamos os dons eternos”; “Como brilhou como homem nascido e como Deus, assim dê à nossa natureza o que é divino”. Como vemos, temos uma participação na divindade. A comunicação de Deus é uma participação de Sua Vida.
Transformados
O que a Divindade faz em nós? Pela Encarnação, a natureza humana se uniu à Divindade a ponto de não poder se separar do Filho de Deus O que é Divino e o que é humano. Ele é Homem-Deus. Em Jesus estamos unidos ao Deus que Ele é. Essa participação que se dá, também pelos sacramentos, é uma transformação. Pela Eucaristia entramos em comunhão com Cristo, não como um pedaço de pão que é consumido, mas uma transformação de nosso ser no Ser de Cristo. Mesmo sem ter essa consciência, a transformação se realiza como o alimento que se transforma em nós e nós nos transformamos Nele que é o alimento. “Participemos da Divindade daquele que se dignou participar de nossa humanidade”. Pedro escreve: “A fim de que vos tornásseis participantes da Natureza Divina” (2Pd 1,4). Comunhão não é só ato piedoso. É ação de Deus que nos diviniza. Passamos a ter os sentimentos e a mentalidade de Jesus e fazer como Ele fazia.
Árvore que dá frutos
Como vamos perceber? Deus é Puro Espírito e só pode mostrar-se através de nosso modo de expressar. Por isso nos mandou seu Filho Deus que se manifestou em nossa carne. Como estamos unidos a Jesus pela fé e o amor, Ele age em nós de tal modo que suas virtudes, seu modo de ser transparece através de nós. Virtude não é em primeiro lugar uma busca de perfeição, mas o acolhimento de um dom que temos e fazemos o empenho que se traduza em ações. Vivamos a Divindade que está em nós, quando produzimos frutos. É a diferença da árvore de Natal onde penduramos as bolas, e as frutas que nascem da seiva viva da planta. Produzir frutos é deixar Cristo transparecer em nós. Como não aprofundamos nossa fé, nossas atitudes podem não corresponder ao que cremos.
ARTIGO PUBLICADO EM DEZEMBRO DE 2013
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