No mês de agosto refletimos sobre as vocações. Não se trata somente de vocações para padres, religiosos e religiosas, mas também da vocação matrimonial e laica. Não há vocação melhor que a outra, pois todas tendem a viver o Evangelho e anunciá-lo. Por que essa preocupação com as vocações? Jesus disse claramente: “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da colheita que envie operários para a sua colheita” (Mt 9,37-38). Todos são chamados pelo Pai. Hoje tratamos da vocação sacerdotal. Infelizmente a figura do sacerdote é vista mais a partir de tradições e leis do que a partir do Evangelho. Há uma ojeriza contra padres. Isso é um atestado claro da realização da profecia de Jesus: “Se eles Me perseguiram, também vos perseguirão” (Jo 15,20). No caminho da vocação encontramos um distintivo claro: Jesus “chamou a si os que Ele quis, e foram até Ele. E constituiu Doze, para que ficassem com Ele, para enviá-los a pregar” (Mc 3,3-14). O primeiro aspecto da vocação sacerdotal é para estar com Jesus. O segundo: ser enviado a pregar. Pedro na escolha dos diáconos disse que eles cuidarão da assistência e “nós permaneceremos assíduos à oração e à pregação da Palavra” (At 6,4). A oração compreende também os sacramentos. Volta ao tema de estar com Ele. A primeira experiência dos discípulos com Jesus foi quando João indicou-lhes Jesus que lhes perguntou: “‘Que estais procurando?’ Disseram-Lhe: ‘Mestre, onde moras? ’ Disse-lhes: ‘Vinde e vede’. Eles foram e viram onde morava e permaneceram com Ele aquele dia’” (Jo 1,35-39). Estar com Ele! Somente o encanto por Cristo pode justificar uma vocação sacerdotal.
Estar com a gente
Estar com Jesus significa estar onde Ele está e como Ele agia. Jesus estava com o povo. Se O vemos sozinho é porque Se retirara para a oração. O relacionamento com seu Pai tinha um motivo: Rezar por seus discípulos, e por nós também (Jo 17,1-26). Já é um traço dessa vocação: Orar ao Pai pelos seus. Jesus estava no meio do povo que O seguia, apertava, queria tocá-LO, se deliciava com suas palavras e se alegrava com os milagres. Jesus tinha o cheiro do povo. Amava todos com grande misericórdia. Tinha compaixão e Se compadecia: Sabia que “eram como ovelhas sem pastor” (Mc 6,34). Seus milagres nasceram de Sua compaixão. Não queria ver ninguém sofrer. Rompia com tudo que era escravizador do povo. Por isso não se envolveu com os opressores do povo. As atitudes de Jesus falavam mais que Suas palavras. Temos tantos livros de teologia e espiritualidade do ministério. Jesus é o maior deles. Ensina humildade, simplicidade, desapego, linguagem fácil, profundidade de ensinamento! Isso faz do sacerdote um homem que não é diferente do povo nem de Jesus. Por isso se diz que é outro Cristo, não no poder, mas no ser.
Sabia que viria
Ele estava sempre presente e chegava sempre a tempo de dar vida. As ressurreições não foram um atraso, mas um adiantamento da verdade de Sua ressurreição. As pessoas tinham a sensação que Ele viria. É um aprendizado muito grande dar sempre a certeza que não esquecerá aqueles que o Senhor amou. A presença do sacerdote em todos os momentos é a certeza que o povo tem a presença de Jesus. Temos os sacramentos que testemunham esta certeza. Dizemos que o povo é clerical. Na verdade ele sabe que esta união a Jesus traz uma força que cura a todos. A maior cura é sentir-se amado. O amor a seu pastor deve ser claro e convincente. “Quem vos recebe a mim recebe” (Mc 9,37). Amemos nossos padres!
ARTIGO PUBLICADO EM AGOSTO DE 2013
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