segunda-feira, 3 de junho de 2024

REFLETINDO A PALAVRA - “Deus visita seu povo”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Condições humanas na fé
 
A liturgia da Palavra deste domingo traz a experiência da dor. Não queremos milagres, mas alguns casos nos mostram que Deus se faz presente a todos. Jesus veio para nos trazer uma mensagem do Pai: Deus ama todos e quer que todos estejam bem e se salvem. Deus não quer a dor. Mas esta existe. “Nessa ressurreição do jovem, filho da viúva, Jesus oferece um sinal de sua disponibilidade de libertar o homem de tudo o que o faz sofrer e que transforma a existência humana em um drama sem saída” (V. Pasquetto). As pessoas têm dificuldade de entender a morte, a dor e as situações de sofrimentos da vida. Tudo isso não deveria existir. A morte do filho desta viúva a deixa totalmente desamparada, sem afeto, sem sustento e sem futuro. Se por um lado há uma situação profundamente humana, há por outro, uma salvação. Jesus se faz o defensor da viúva sofredora. Mais que ressuscitar o morto, Jesus tem compaixão da viúva. É o mesmo caso da viúva que atendia o profeta Elias. Notemos que o sofrimento não é para pagar pecados, como diz a viúva de Sarepta. Eles podem ser consequências de nossos pecados, mas não uma cobrança. Os males podem provir da fragilidade da natureza humana. Somos assim. Se existem sofrimentos e morte, compete a nós elevar essas condições humanas a um modo de vivê-las em Deus. Jesus já venceu todos os males. Venceremos se formos capazes em ver Deus, não por trás destes males, mas junto conosco nos males que sofremos. Fé sem sensibilidade, não pode se chamar de cristã, pois Jesus se comoveu com a dor da viúva. É comum ver em igrejas e movimentos eclesiais a procura de milagres como que obrigando Deus fazê-los porque rezamos pedindo. A busca de milagres nem sempre é busca de Deus, mas de si mesmo. Jesus cita a Palavra de Deus: “Não tentarás o Senhor teu Deus” (Dt 6,6 –Mt 4,7). A dor se vive na fé. A dor se une aos sofrimentos de Cristo pela redenção do mundo (Cl 1,24).
Anunciar com critérios divinos 
Em Jesus, Deus visitou seu povo (Lc 7,16). Nossa pregação será consistente quando dermos testemunho de compaixão pelos necessitados. Compaixão não é dó, pois esta não resolve nada. Lembramos a parábola do Bom Samaritano. Sentiu compaixão, tomou atitude e resolveu. A ternura não é fragilidade, mas atitude forte de fazer de si mesmo como que o seio de Deus que se estremece de compaixão. Esta compaixão é o motivo da encarnação: “Graças ao misericordioso coração de nosso Deus, pelo qual nos visita o Astro (Messias) que vem do alto” (Lc 1,78). Seremos julgados pelas atitudes de misericórdia que tivermos para com os famintos, sedentos, doentes, prisioneiros, migrantes. Sendo atitudes movidas por Deus, se referem a Jesus, que está em cada sofredor e pequenino. 
Uma missão de dar vida 
O milagre de Jesus nos ensina que a Ressurreição não é só fato, mas é um modo de vida. Anunciamos o Evangelho dando vida às pessoas. Jesus, vendo a viúva sentiu compaixão. O egocentrismo que vivemos nos ensina que os outros devem cuidar de nós inclusive Deus e não nós dos outros. A compaixão unida à misericórdia é um dos nomes de Deus. Nossas celebrações talvez sejam frias porque não cultivamos o sentimento da compaixão que Jesus teve conosco para nos salvar. Nosso encontro com as pessoas devem sempre lembrar uma visita de Deus que enxuga as lágrimas de todos os olhos. Jesus quer continuar sua missão de misericórdia para com os sofredores. 
Leituras: 1Reis 17,17-24; Salmo 29; 
Gálatas 11,1.11-19;Lucas 7,11-17 
1. A liturgia da Palavra traz a experiência da dor. Jesus, em seus milagres mostrou que Deus ama a todos e não quer a dor. Na ressurreição do jovem de Naim oferece um sinal de seu desejo de libertar a todos. Jesus se comove de compaixão. O sofrimento não é para pagar pecados. Compete a nós elevar as condições humanas para serem vividas em Deus. Fé sem sensibilidade não é cristã. A busca de milagres nem sempre é busca de Deus, mas de si. A dor nos une aos sofrimentos de Jesus. 
2. No milagre de Naim, Deus visitou seu povo. Nossa pregação será consistente se der testemunho da compaixão, como o Samaritano. Ternura é a atitude forte de fazer de si o seio de Deus que se estremece de compaixão. Seremos julgados pelas atitudes de misericórdia. 
3. O milagre da ressurreição nos mostra que ela é uma atitude de vida. Anunciamos o Evangelho dando vida às pessoas. A compaixão unida à misericórdia é um dos nomes de Deus. Nossas celebrações são frias porque não cultivamos a compaixão que Jesus teve para nos salvar. Nossos encontros com as pessoas devem ser uma visita de Deus. Coração mole Paulo diz que o evangelho pregado por ele não foi por critérios humanos. Jesus não prega para satisfazer e mentalidade humana. Mas tinha um coração que sentia os sofrimentos das pessoas. Hoje temos o exemplo de duas viúvas sofridas. Chegando à cidade de Naim, vê o enterro de um moço, filho único de uma mãe que era viúva. Pobrezinha. Duas mortes: morre seu filho e a esperança de sua vida, pois a viúva era totalmente abandonada. Jesus não aguentou tanta dor. Mandou parar o cortejo, tocou no caixão e disse: “Moço, eu te digo, levanta-te”. O morto sentou-se e começou a falar e Jesus o entregou a sua mãe. Essa mulher deve ter ficado satisfeita demais. Em lugar de duas mortes ela recebeu duas vidas: a do filho e a dela. Agora tinha esperança de viver. Esse evangelho nos ensina que nossa missão é dar vida onde passarmos, levar a alegria, recuperar os corações sofridos, dar esperança aos desanimados. Tem gente que só leva dor, desgosto, amargura. Coitado, não aprendeu a viver. 
Homilia do 10º Domingo Comum (09.06.2013)

Nenhum comentário:

Postar um comentário