Evangelho segundo São Mateus 5,33-37.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Ouvistes que foi dito aos antigos: "Não faltarás ao que tiveres jurado, mas cumprirás diante do Senhor o que juraste".
Eu, porém, digo-vos que não jureis em caso algum: nem pelo Céu, que é o trono de Deus;
nem pela Terra, que é o escabelo dos seus pés; nem por Jerusalém, que é a cidade do grande Rei.
Também não jures pela tua cabeça, porque não podes fazer branco ou preto um só cabelo.
A vossa linguagem deve ser: "Sim, sim; não, não". O que passa disto vem do Maligno».
Tradução litúrgica da Bíblia
(1786-1859)
Presbítero, Cura de Ars
Sermão para o 7.º Domingo depois do Pentecostes
Feliz aquele que falar em verdade!
Jesus Cristo recomenda-nos que tenhamos o cuidado de não nos associarmos a ninguém que seja enganador por palavras ou por obras. De facto, meus irmãos, vemos que nada é mais indigno de um cristão, que deve ser fiel imitador do seu Deus, que é a própria justiça e a verdade, do que pensar uma coisa e dizer outra. É por isso que Jesus Cristo nos recomenda no Evangelho que nunca mintamos: «A vossa linguagem deve ser: "Sim, sim; não, não"». E São Pedro diz-nos que sejamos como as criancinhas, simples e sinceras, inimigas da mentira e da dissimulação (cf 1P 2,2).
Consideremos a mentira em relação à nossa dignidade de cristãos: pelo batismo, tornámo-nos templos do Espírito Santo, inimigo de toda a mentira; ora, infelizmente, quando temos a desgraça de mentir, o Espírito Santo abandona-nos e o demónio toma o seu lugar, tornando-se nosso senhor. São estes, meus irmãos, os tristes efeitos e os terríveis estragos que a mentira produz naqueles que são tão cegos que a cometem. E, no entanto, meus irmãos, estes pecados são comuns no mundo.
O que devemos concluir de tudo isto? O seguinte. Nunca nos habituarmos a mentir, porque, uma vez adquirido o hábito, já não conseguimos corrigir-nos; temos de ser sinceros e verdadeiros em tudo o que dizemos e fazemos. Se as pessoas não querem acreditar em nós, pois paciência! Meus irmãos, como podemos usar a nossa língua, que foi aspergida com o precioso sangue de Jesus Cristo, e a nossa boca, que tantas vezes serviu de tabernáculo ao adorável corpo de Jesus Cristo, para mentir? Oh meu Deus, se pensássemos em tudo isso, seríamos capazes de o fazer? Feliz, meus irmãos, o homem que age com simplicidade e diz sempre a verdade! É essa a felicidade que vos desejo.
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