sexta-feira, 7 de junho de 2024

ANA DE SÃO BARTOLOMEU Carmelita descalça, Beata 1549-1626

Ana nasceu em Almendral (Ávila), aos 10 de Outubro de 1549, numa família pobre em bens materiais, mas riquíssima em virtudes cristãs. Ingressou no Carmelo de São José de Ávila em 1570. Foi a primeira “leiga” da Reforma de Santa Teresa. Desde o início foi muito amada pela Santa Doutora, em cujas mãos fez seus votos no dia 15 de Agosto de 1572. Por graça de Deus, méritos de Santa Teresa e obediência da própria beata, passou de simples irmã conversa e analfabeta a secretária particular da doutora mística. Deste modo chegou a ser discípula predilecta e herdeira do espírito de Teresa, como o foi Eliseu do grande profeta Elias. Isto vem afirmado os processos da causa da beata Ana. Como secretária, acompanhou Santa Teresa em suas peregrinações fundacionais. A Santa, reconhecendo o valor de sua colaboração e sua extraordinária santidade, chegou a dizer-lhe: Ana aprendeu a escrever de modo milagroso. Destacou-se sempre por sua imensa caridade, tanto para Deus quanto para com o próximo. Através de sua autobiografia ficamos sabendo que ela desejava ansiosamente morrer de amor e suspirava por esta felicidade. É sua esta frase: “Ah, como me pesa este corpo! Eu estou cansada de cuidar dele. Meu desejo é ver-me livre destas correntes”. Quando morreu Santa Teresa, Ana foi para a França, onde fundou vários conventos, dando maravilhosos exemplos de todas as virtudes. Em sua autobiografia, escrita por obediência, deixou-nos o registro das muitas graças místicas que experimentou durante sua vida, como fruto de seu grande amor à Humanidade de Jesus e ao mistério da Santíssima Trindade. Foi admirável seu zelo pela salvação das almas, manifestado nas relações impostas por seu cargo de priora e fundadora. A fecundidade de sua vida encontra sua base e explicação em sua comunicação assídua com Deus pela oração e em seu espírito de penitência. Pregando mais pelo exemplo que pelas palavras, formou muitas e santas filhas, que foram sua melhor coroa neste mundo e espelhos de suas virtudes diante de Deus e dos homens. Pode-se dizer que esta beata passou pela terra fazendo o bem, pensando mais nos outros que em si mesma. Desprendia-se de tudo o que pudesse distraí-la de fixar os olhos no céu. Faleceu no Carmelo de Amboise, aureolada de glória e de santidade. Suas palavras eram ouvidas com veneração pelos príncipes do mundo e pelos prelados da Igreja. Suas qualidades eram as de uma verdadeira e genuína carmelita: adesão inquebrantável à Igreja, entranhado amor à sua Ordem e ardente zelo pela salvação das almas. Desde o começo até o fim de sua vida destacou-se pela humildade, seja como superiora ou mesmo aconselhando aqueles que lhe pediam orientação espiritual. A vida espiritual da beata Ana foi totalmente centrada na vontade de Deus, a quem sempre buscou, amou e serviu com generosa fidelidade. Morreu em 1622 e foi beatificada em 1917, pelo papa Bento XV. 

     Nascida a 1º de outubro de 1549, em Almendral, aldeia pertencente à diocese de Ávila, na Velha Castela, era filha de ricos lavradores, modelos de vida cristã, caridosos para com a pobreza e altamente piedosos.
     Órfã aos dez anos, para ganhar a vida fez-se pastora, o que a impediu de estudar. Embora os irmãos se opusessem, Ana, aos 2 de novembro de 1570, procurou o convento das carmelitas descalças, que Santa Teresa fundara em Ávila. Primeira postulante conversa, Ana foi humilde, profundamente humilde, obedientíssima e serviçal. E a afeição que se estabeleceu entre Ana de São Bartolomeu e Santa Teresa foi rápida e profunda, afeição que havia de durar até a morte, sem que jamais sofresse o mínimo declínio.
     Ana principiou a profissão a 15 de agosto de 1570. Pouco depois, teve uma visão, na qual Nosso Senhor lhe mostrou as devastações que o calvinismo fazia na França. Sequiosa de salvar almas, impressionada, entrou a praticar severas mortificações.
     No Natal de 1577, Deus concedeu-lhe uma grande delicadeza: Santa Teresa quebrara o braço, e Ana, desolada por ver a Madre impossibilitada de responder a imensa correspondência, trabalho estafante que era, obteve, miraculosamente, a graça de saber escrever; desde aquela época, tronou-se secretária oficial da santa fundadora. E, de 1579 a 1582, ano em que Santa Teresa faleceu, foi companheira inseparável nas viagens que a venerável Santa teve que empreender, no curso dos trabalhos que exigia o estabelecimento da reforma do Carmelo.
     "Às vezes – escreveu a Beata Ana de São Bartolomeu – ela viajava dias inteiros sob a chuva e a neve, não encontrando aldeia alguma por muitas e muitas léguas, não fazendo outra coisa senão tremer até os ossos. À noite, nas hospedarias, não havia fogo, nem meios de o entreter, nem coisa alguma para comer. Os alojamentos eram tais que, das camas, podia-se perceber o céu, e a chuva caía cômodo adentro, Muitas vezes, o hábito de nossa Santa Madre encontrava-se gelado" ...
     Alquebrada pela idade (naquela época era raro uma mulher viver além dos 60 anos) pelos duros trabalhos e a oposição dos adversários, faleceu Santa Teresa no mosteiro de Alba de Tormes, a 15 de outubro de 1582, nos braços da bem-amada filha Ana que jamais lhe negou a mais terna afeição.
     Considerada a herdeira espiritual da santa fundadora, Ana exerceu no Carmelo uma profunda influência. O Carmelo reformado, foi Ana enviada a Madri e, depois, à fundação de Ocaña, na região de Toledo.
     Ali Nosso Senhor revelou-lhe, pela primeira vez, o desejo de que fosse para a França, então assolada pelo protestantismo. Na França, quando se dirigiu às religiosas, falou-lhes na língua natal, porque só conhecia a língua materna, mas todas a entenderam perfeitamente, como se tivesse expressado no melhor francês: era o milagre do Pentecostes que se renovava. E Ana de São Bartolomeu exprimia-se tão apropriadamente que ninguém duvidava de que o Espírito Santo estivesse falando por sua boca.
     Fundadora do mosteiro de Tours, depois de ter sido priora de Paris, sofreu toda sorte de opressão. Invencível, porém sempre confiando em Deus, continuou a combater para manter a reforma francesa no espírito de Santa Teresa.
     Vencida – que a luta fora desigual –, tomou o caminho da Bélgica, refugiando-se no mosteiro de Mons. Escolhida, pouco mais tarde, para governar o mosteiro de Anvers, fundado pelo arquiduque Alberto e a arquiduquesa Isabel, ali encontrou verdadeiro paraíso na terra.
     "Deus – escreveria depois – ali concedeu-me uma paz e uma consolação inefáveis. Minha oração era mais intensa e mais eficaz. Era mais ardorosa pelo ofício divino que na minha juventude".
     Simples e humilde, no convento exercia os ofícios menores. E as mais altas personalidades do tempo, contritas, procuravam-na para aconselhar-se. Henrique IV venerava-a, e Maria de Médicis e a infanta Isabel amavam-na sobremodo.
     Quando o arquiduque Carlos partiu para a expedição de Breda, foi vê-la, com a bem-aventurada palestrando durante muitas horas.
     Suportando com imensa paciência as cruéis enfermidades todas que a acometeram no fim da vida, faleceu santamente no dia 7 de junho de 1626, na festa da Santa Trindade, com setenta e seis anos, sendo enterrada no Carmelo de Anvers.
     A vida da Beata Ana de São Bartolomeu foi toda voltada para o cumprimento da vontade de Deus, aceita com generosidade. Atingiu as mais altas vias de união com a Santíssima Trindade. Sua espiritualidade pode ser admirada na Autobiografia escrita por obediência. Deixou também alguns opúsculos espirituais formativos para as noviças carmelitas.
     Foi beatificada em 6 de maio de 1917 pelo Papa Bento XV. Sua festa litúrgica é 7 de junho.
Fonte: (Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume X, p. 138 a 141).
http://www.santosebeatoscatolicos.com/2015/06/beata-ana-de-sao-bartolomeu-virgem.html

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