segunda-feira, 6 de maio de 2024

Santo André Kim e 102 companheiros, mártires coreanos (de 1791 à 1866).

O testemunho dos santos celebrados deve suscitar em cada um de nós a intercessão pela Igreja no continente asiático. Santo André Kim e mais 102 cristãos regaram com seu próprio sangue a semente da Igreja na Coréia do Sul, no século XIX. Martirizado aos 25 anos, Santo André Kim foi escolhido um dos intercessores da Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro. A história teve início ainda no século XVII, quando um grupo de coreanos teve acesso ao livro do missionário Mateus Riccci “O verdadeiro sentido de Deus”. Yi Sung-Hun, filho do embaixador coreano na China, dirigiu-se ao bispo de Pequim, que o catequizou e batizou. Assim, por meio da ousadia do jovem leigo, o Evangelho adentrou a Coreia. Uma década depois, os cristãos já eram em número de 10 mil, apesar de sofrerem grandes perseguições e martírios. A comunidade clamava por sacerdotes. A esse pedido, correspondeu o seminarista coreano na China, André Kim. Filho e neto de mártires, já ordenado diácono, conseguiu entrar no país para fazer ingressar, mais tarde, outros dois missionários: Pe. Antoine Daveluy e Jean Férreol. André Kim ordenou-se sacerdote, tornando-se o primeiro padre coreano. Ao organizar a entrada de mais dois sacerdotes na Coreia, padre Kim foi preso e executado em 16 de setembro de 1846, com mais oito cristãos. Em 1866, houve perseguição ainda maior. No dia 13 de dezembro, o número de martirizados chegou a 103. Em 6 de maio de 1984, o papa João Paulo II canonizou os 103 mártires, dentre eles André Kim, dez clérigos e 92 leigos. Confira trecho da homilia do Papa João Paulo II, realizada em março de 2001, na inauguração do Pontifício Colégio Coreano. Aqui ele se refere ao testemunho de André Kim: “Pai Santo, guarda em Teu nome aqueles que Me deste, para que sejam um, assim como Nós” (Jo 17, 11). Na nossa assembleia ressoaram, ricas de conforto, estas palavras de Jesus, que nos conduzem ao Cenáculo, à dramática vigília da sua morte na cruz. São palavras que continuam a ser proclamadas na Igreja ao longo dos tempos; palavras que sustentaram numerosos mártires e confessores da fé nos momentos da dificuldade e da prova. Penso nesta tarde nos santos da amada Coreia e, entre eles, em Santo André Kim Tae-gon, escolhido por vós como padroeiro. Podemos imaginar que ele se tenha detido com frequência a meditar estas palavras do Mestre divino. No momento decisivo, encorajado pela invocação do Senhor, não hesitou em “perder” tudo (cf. Fl 3, 8) por Ele. Foi fiel até à morte. Conta-se que, enquanto aguardava a sua execução, encorajava os irmãos na fé com expressões que faziam eco de maneira impressionante da oração que Jesus dirigiu ao Pai pelos seus Discípulos. “Não vos deixeis impressionar pelas calamidades – suplicava ele -, não percais a coragem e não volteis atrás no serviço de Deus, mas antes, seguindo as pegadas dos santos, promovei a glória da sua Igreja e mostrai-vos verdadeiros soldados e súbditos de Deus. Mesmo se sois muitos, sede um só coração; recordai-vos sempre da caridade; apoiai-vos e ajudai-vos uns aos outros, e esperai pelo momento em que Deus terá piedade de vós”. “Sede um só coração!”. Santo André Kim Tae-gon exortava os crentes a haurir da divina caridade a força para permanecer unidos e resistir ao mal. Como a comunidade primitiva, dentro da qual todos eram “um só coração e uma só alma” (Act 4, 32), também a Igreja coreana devia encontrar o segredo da própria união e do seu crescimento na adesão aos ensinamentos dos Sucessores dos Apóstolos, na oração e na fracção do pão (cf. Act 2, 42). 
Santo André Kim e companheiros mártires, rogai por nós!

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