sábado, 11 de maio de 2024

REFLETINDO A PALAVRA - “Bendito o que vem”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Uma escola para nós
 
A celebração do Domingo de Ramos tem dois momentos: O primeiro é a procissão jubilosa que lembra a entrada de Jesus em Jerusalém sendo acolhido pelo povo. É o Rei que vem a sua cidade para dela tomar posse. Preanuncia Sua definitiva glória na Jerusalém Celeste. Com esta glorificação iniciamos as celebrações da Semana Santa, de modo particular do Tríduo Sacro da Morte, Sepultura e Ressurreição do Senhor, celebrando com Ele a Páscoa. No segundo momento, temos a Missa que já apresenta a temática da Paixão. Nela contemplamos o Cristo em sua dor. Ele é o Servo sofredor que abre os ouvidos para prestar atenção como discípulo (Is 50,4). Em todo Seu mistério de Paixão não se sente humilhado, porque tem a confiança e a certeza que Deus está com Ele, “pois ao Senhor se confiou” (Sl 22,9). E em suas últimas palavras faz a declaração final de amor no total abandono: “Pai, em vossas mãos entrego meu Espírito” (Lc 2,46). A lição da Paixão é a humildade. Cristo já o demonstrou na atitude de lavar os pés dos discípulos na Ceia. Somente na chave da humildade podemos entender o Mistério do sofrimento de Cristo e de sua Ressurreição. Foi aí que o Pai o acolheu. Ele se fez escravo vencendo toda vaidade e prepotência. O Cristo que foi humilhado ao extremo na cruz vence pela glorificação. A morte pela cruz não é só sofrimento. É a maior prova pela qual passou Jesus. Morrer na cruz significava a rejeição feita por Deus, pois diz a Escritura: “Maldito (rejeitado por Deus) o que morre pelo madeiro da cruz”. Por isso clama: “Meu Deus, Meu Deus, por que me abandonastes” (Sl 22,1). É uma escola para nossos momentos de desespero. 
O Universo não se cala 
O universo geme como em dores de parto (Rm 8,22). A natureza sofre, o homem e a mulher sofrem dores cruéis diante das dificuldades da fome, sede, doença, violência e humilhações por parte dos deuses do mundo. Mas o Universo não se cala. Jesus disse que se os discípulos se calassem, as pedras gritariam (Lc 19,39-40). Estão unidos à dor de Cristo. Há também os gritos de glorificação que surgem da natureza. Mesmo sofredores sabem abrir o coração para Deus. O Universo, em sua beleza, é uma grandiosa glorificação de Deus, pois Cristo participou da matéria que foi o seu corpo. Ao acolher Cristo, o homem dá voz ao universo e louva, como as crianças em Jerusalém. O Sangue de Cristo molhou a terra para fecundá-la e fazer germinar um mundo novo. 
Domingo de Ramos hoje 
Rezamos na bênção dos ramos pedindo para “frutificar em boas obras”. Não nos desiludamos porque alcançamos o que buscamos (Pós-Comunhão). Não podemos perder de vista a condição de humildade que Cristo assumiu encarnando-se. É o caminho para viver hoje o mistério de Jesus. O mundo só terá sua exaltação no dia que a humanidade compreender que é necessário se abaixar e para servir os humilhados. Não basta, aos que têm fé, crer e admirar o mistério, mas, “com humildade e retidão de espírito para acolher o Verbo de Deus que se aproxima” (S. André de Creta). Sempre estamos acolhendo Aquele que vem, como rezamos: Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas! Vemos por outro lado a rejeição dos chefes do povo. Se eles rejeitaram Jesus é porque rejeitavam o projeto de Deus para o povo e todo o Universo. É o mesmo que acontece hoje pelo mundo que recusa o evangelho e a Igreja que o anuncia. Este sacrifício da Cruz que nós celebramos na Eucaristia, nos traz o perdão dos pecados. Por suas chagas fomos curados (Is 53,5). 
Leituras:Lucas 1928-40;Isaias 50,4-7;
Salmo 21;
Filipenses 2,6-11; Lucas 23,1-49 
1. A celebração de Ramos tem dois momentos: A exultação do ingresso de Jesus na cidade e a Paixão dolorosa. É uma síntese da Semana Santa. Mesmo humilhado, Ele confia em Deus que o glorifica. Ele nos ensinou a humildade de servir, que é o sentido de sua Paixão. Na profunda dor sente-se abandonado por Deus, mas entrega-se a Ele. 2. Neste Domingo de Ramos podemos entender que o Universo e a Humanidade, mesmo no sofrimento glorificam a Deus, pois participa do mistério de Cristo no seu Corpo que é matéria de nossa matéria. 3. A Paixão nos estimula a frutificar em boas obras e não desanimar. A exaltação do mundo se dará quando a humanidade se abaixar par servir os humilhados. A rejeição dos chefes do povo era contra o projeto de Deus para o Universo. Hoje o evangelho e a Igreja que o anuncia, é rejeitado, porque se é contra o projeto de Deus. 
Tem pedra gritando 
Quando os fariseus disseram a Jesus que mandasse os discípulos calarem a boca, pois o declaravam Messias, respondeu: “se eles se calarem, as pedras gritarão”. É verdade. O universo reconhece que Jesus é o Senhor de tudo, pois por nós, foi da dor à glória por nós. A celebração da Paixão de Jesus é uma escola para nós. Por ela aprendemos como viver. No domingo de Ramos compreendemos que o sentido da Paixão é para ir à glória da Ressurreição. Contemplamos sua entrada na cidade e depois o vemos na dor da Paixão. Somos discípulos e aprendemos. Paulo nos ensina que Jesus se humilhou ao estremo em sua encarnação e se fez escravo no aspecto humano. Por isso Deus o exaltou e glorificou. Ao nos unirmos a Ele em nossa vida, sentiremos sua humilhação e passaremos com Ele à glorificação. Todo universo testemunha a glória de Jesus.
Homilia do Domingo de Ramos (24.03.2013)

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