Evangelho segundo São João 15,9-17.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Assim como o Pai Me amou, também Eu vos amei. Permanecei no meu amor.
Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como Eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor.
Disse-vos estas coisas, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja completa.
É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei.
Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos.
Vós sois meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando.
Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas chamo-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi a meu Pai.
Não fostes vós que Me escolhestes; fui Eu que vos escolhi e destinei, para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça. E assim, tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vo-lo concederá.
O que vos mando é que vos ameis uns aos outros».
Tradução litúrgica da Bíblia
Fundador de mosteiro em Marselha
«Sobre a perfeição», cap. XIII; SC 54
O temor do amor
Fundados na perfeição da caridade, elevar-nos-emos a um grau ainda mais excelente e sublime, que é o temor de amor. Este não nasce do medo do castigo ou do desejo de recompensa, mas da própria grandeza do amor. É a mistura de respeito e afeição atenciosa que um filho tem por um pai indulgente, um irmão por seu irmão, um amigo por seu amigo, uma esposa por seu marido. Não teme golpes nem censuras; o que teme é ferir o amor com a mais pequena injúria.
Assim, há uma distância considerável entre o temor ao qual nada falta, tesouro da sabedoria e da ciência, e o temor imperfeito. Este último é apenas «o princípio da sabedoria» (Sl 110,10) e, pois implica um castigo, é expulso do coração dos perfeitos quando chega a plenitude da caridade; porque «no amor não há temor, pois o amor perfeito expulsa o temor» (1Jo 4,18). De facto, se o princípio da sabedoria é o temor, onde estará a sua perfeição, senão na caridade de Cristo, que inclui em si o temor de amor perfeito, e por isso merece ser chamada, já não o princípio, mas o tesouro da sabedoria e da ciência?
Este é o temor do perfeito de que se diz estar cheio o Homem-Deus, que não vaio só para nos redimir, mas para nos dar, na sua Pessoa, o tipo da perfeição e o exemplo das virtudes.
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