O seu nome de batismo lhe foi dado em consideração à avó materna, Mafalda de Saboia, filha do rei Amadeu III e esposa de Afonso Henrique, primeiro rei de Portugal, que se tornou independente em 1145.
Era filha de D. Sancho I (1154-1211) segundo rei português, que ao morrer deixou a regência aos cuidados da rainha viúva e o poder efetivo ao ministro Nunes de Lara. Neste ponto entra em cena a jovem Mafalda.
Portugal estava empenhado na guerra de reconquista contra os árabes e era absolutamente indispensável fazer um estreito laço de amizade com o reino de Castela. Este bom relacionamento deveria ser selado com um matrimônio, e o ministro Nunes de Lara decide que Mafalda deve esposar Henrique I de Castela, que era um rapaz mais jovem do que ela.
O Papa Inocêncio III, por meio de seu legado papal, anulou o matrimônio porque Henrique e Mafalda eram parentes. Esta intervenção papal era devida a uma declaração de vassalagem de Afonso Henrique à Santa Sé durante a guerra de independência de Portugal, buscando proteção de Roma contra Castela e Leão. Entrementes, o jovem rei morreu prematuramente, em 1217, deixando Mafalda livre.
O que pareceria uma saída de cena da princesa tornou-a protagonista de uma belíssima página da história portuguesa. Mafalda escolheu o recolhimento da vida do claustro retirando-se no Mosteiro de Arouca. Vendo ali muitas coisas a restaurar, decidiu chamar monjas cistercienses para reformar o convento beneditino em crise. Ela mesma tomou o hábito da Ordem de Cister.
Depois, com todos os seus bens ela se põe a criar hospitais e casas religiosas nos territórios devastados pela guerra, participando do grandioso esforço coletivo para restabelecer a vitalidade das regiões abandonadas. Deixou o mosteiro somente para uma peregrinação a cidade do Porto, onde sua avó havia iniciado a construção de uma catedral.
Foram beneficiados por sua distribuição testamentária os mosteiros de Arouca, Tuias, São Tirso, Paço de Sousa, Vila Boa do Bispo e Alcobaça, mais as Ordens do Templo, Hospital e Avis, Dominicanos do Porto e as sés do Porto e Lamego.
A Beata Mafalda morreu no Mosteiro de Arouca numa total humildade, deitada sobre cinzas e com o cilício. Logo foram relatados milagres ocorridos próximo de seu túmulo. Uma exumação feita em 1617 mostra seu corpo ainda intacto.
Com tantas obras de piedade e misericórdia, a sua memória ficou abençoada pela devoção dos fiéis. Seu culto desde tempos imemoriais foi reconhecido por Pio VI em 27 de junho de 1793.
Martirológio Romano: Dia 2 de maio - Em Arouca, localidade de Portugal, a Beata Mafalda de Portugal, virgem, cuja memória se celebra em Portugal no dia 20 de junho, juntamente com a das suas irmãs Sancha e Teresa.
Suas Santa Irmãs
Além da Beata Mafalda, mais duas filhas de Dom Sancho I – Beata Sancha e Beata Teresa – nascidas e educadas na corte, alcançaram a honra dos altares.
A Beata Sancha (1180-1229), nascida em Coimbra, foi, como suas irmãs, educada na piedade e austeridade dos bons tempos. Seu pai lhe legara a Vila de Alenquer, e, ao tomar posse do seu legado, o primeiro cuidado seu foi fundar, na Serra de Montejunto, um convento de Dominicanos, e outro de Franciscanos na mesma vila. Mandou também edificar a igreja de Redondo. Construiu o Convento de Celas, em Coimbra, onde tomou o hábito da Ordem de Cister. Sob aquela regra viveu uma vida de oração e de austeridade até à morte em 13 de março de 1229. Ela foi a primeira a renunciar ao mundo e às comodidades que sua posição lhe oferecia, para se consagrar à perfeição religiosa.
A 13 de dezembro de 1705, através da bula “Sollicitudo Pastoralis Offici”, o Papa Clemente XI beatificou-a ao mesmo tempo que sua irmã Teresa.
A Beata Sancha é celebrada em 11 de abril)
A Beata Teresa (1177-1250) casou-se com o rei de Leão, de quem teve três filhos. O Papa Celestino III declarou a nulidade do matrimônio e Da. Teresa regressou a Portugal. O mosteiro de Lorvão foi o local escolhido para ela retirar-se. Tomou o hábito cisterciense naquele mosteiro. Restaurou o velho convento e acolheu outras companheiras.
Mas, a sua tranquilidade foi quebrada pelas calamidades da guerra originada nas exigências do rei de Leão, Afonso IX. Este se apoiava em direitos de um matrimônio desfeito e em litígios de herdeiros sobre direitos de sucessão. Nos últimos anos de vida, ela teve que se afligir ainda com as contendas de seus sobrinhos, D. Sancho II e D. Afonso II. Entretanto, nada abalou sua piedade e a contínua caridade com os humildes e desprotegidos.
O Martirológio Romano comemora a Beata Teresa no dia 17 de junho.
Fontes: Pe. José Leite, S.J.,
Santos de Cada Dia, http://www.santiebeati.it/
Nenhum comentário:
Postar um comentário