A Palavra de Deus é viva e eficaz (Hb 4,12). Por isso a Bíblia não pode ser simplesmente colocada na biblioteca dos antigos livros sagrados. Do ponto de vista histórico pode ser, mas sua origem é divina. O Cristianismo não é religião do Livro, mas da Palavra. Deus é o autor da Sagrada Escritura. Assim lemos no documento Dei Verbum do Vaticano II: “As coisas divinamente reveladas, que se encerram por escrito e se manifestam na Sagrada Escritura foram consignadas sob a inspiração do Espírito Santo” (DV 11). Assim lemos ainda: “Na redação dos livros sagrados, Deus escolheu homens, dos quais Se serviu fazendo-os usar suas próprias faculdades e capacidades, afim de que, agindo Ele próprio neles e através deles, escrevessem, como verdadeiros autores, tudo e só aquilo que Ele próprio quisesse” (DV 11). A ação do Espírito Santo é a mesma na encarnação de Jesus e na escritura do texto santo. A Igreja ensina “que o Verbo de Deus Se fez carne por obra do Espírito Santo no seio da Virgem Maria; assim também a Sagrada Escritura nasce do seio da Igreja por obra do mesmo Espírito” (VD 19). Ao nos aproximarmos das Sagradas Escrituras temos que ter a abertura para ouvir o que Deus quer falar. O valor da Palavra de Deus é eterno. A Palavra de Deus é para ser ouvida e não para provar nossas ideias. Como sabemos que estamos ouvindo Deus falar por ação do Espírito Santo? Uma coisa é ler como outro livro, outra é ler como Palavra de Deus sendo guiado pelo Espírito Santo. O Espírito Santo coloca em nosso coração a Palavra. Quando lemos para ouvir Deus falar e encaminhar nossa vida, modificando nosso proceder somos guiados pelo Espírito Santo. Ouvimos Deus que comunica Sua Vida e Seu Ensinamento. Não somos donos da Palavra.
Obras de duas mãos
Deus assumiu a pessoa humana em sua condição para que escrevesse sob a ação do Espírito Santo. “Deste modo se reconhece toda a importância do autor humano que escreveu os textos inspirados e, ao mesmo tempo, do próprio Deus como verdadeiro autor” (VD 19). A Palavra de Deus não foi ditada nem entregue como um documento vindo da parte de Deus através de um anjo. Deus e a pessoa humana concorreram juntos para a composição do texto sagrado. A pessoa escreveu em sua realidade, num tempo determinado, num tipo próprio de conhecimento: “E assim, como tudo quanto afirmam os autores inspirados ou hagiógrafos deve ser tido como afirmado pelo Espírito Santo, por isso mesmo se deve acreditar que os livros da Escritura ensinam com certeza, fielmente e sem erro a verdade que Deus, para nossa salvação, quis que fosse consignado nas sagradas Letras. Por isso, “toda a Escritura é divinamente inspirada e útil para ensinar, para corrigir, para instruir na justiça: para que o homem de Deus seja perfeito, experimentado em todas as boas obras (2 Tm 3, 16-17 gr.)
Ler como foi escrito.
Não se pode tomar o texto tão antigo como se fosse escrito hoje, mas deve ser lido para ser entendido hoje. Sua validade é permanente. Diz sempre a verdade. Por isso, para interpretar, temos que entender que não basta ler, é preciso levar em conta a compreensão do texto como foi escrito. Não é o mesmo que modo de escrevemos agora. Não basta abrir a Bíblia e ler. Podemos trair o sentido do texto. Mas não se deve parar de ler só porque não tem o estudo. Podemos ter certeza que muito ajuda a leitura, pois a bíblia explica a bíblia. À medida que vamos lendo, vamos compreendendo mais.
ARTIGO PUBLICADO EM NOVEMBRO DE 2012
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