Evangelho segundo São João 12,20-33.
Naquele tempo, alguns gregos que tinham vindo a Jerusalém para adorar nos dias da festa,
foram ter com Filipe, de Betsaida da Galileia, e fizeram-lhe este pedido: «Senhor, nós queríamos ver Jesus».
Filipe foi dizê-lo a André; e então André e Filipe foram dizê-lo a Jesus.
Jesus respondeu-lhes: «Chegou a hora em que o Filho do homem vai ser glorificado.
Em verdade, em verdade, vos digo: se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica só; mas, se morrer, dará muito fruto.
Quem ama a sua vida, perdê-la-á, e quem despreza a sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna.
Se alguém Me quiser servir, que Me siga, e onde Eu estiver, ali estará também o meu servo. E, se alguém Me servir, meu Pai o honrará.
Agora a minha alma está perturbada. E que hei de dizer? Pai, salva-Me desta hora? Mas por causa disto é que Eu cheguei a esta hora.
Pai, glorifica o teu nome». Veio então do Céu uma voz que dizia: «Já O glorifiquei e tornarei a glorificá-lo».
A multidão que estava presente e ouvira dizia ter sido um trovão. Outros afirmavam: «Foi um anjo que Lhe falou».
Disse Jesus: «Não foi por minha causa que esta voz Se fez ouvir; foi por vossa causa.
Chegou a hora em que este mundo vai ser julgado. Chegou a hora em que vai ser expulso o príncipe deste mundo.
E, quando Eu for elevado da Terra, atrairei todos a Mim».
Falava deste modo, para indicar de que morte ia morrer.
Tradução litúrgica da Bíblia
Abade(1858-1923)
Ex fide vivit
Olhar para Cristo com o olhar do Pai
Acreditar é participar no conhecimento que Deus tem de Si próprio e de todas as coisas que nele existem. Através do exercício desta virtude, a nossa vida é como um reflexo da sua vida. Quando a alma está cheia de fé, vê, por assim dizer, com os olhos de Deus. E o que contempla o Pai eternamente? O seu Filho, no qual tudo conhece e tudo ama. Este olhar e este amor são-Lhe essenciais. Neste momento, o que vê Ele? O Verbo, seu igual, que Se fez homem por amor.
O Pai aprecia o seu Filho infinitamente, divinamente, como só Ele pode apreciá-lo; por isso, o Filho é inteiramente seu e tudo o que faz é ordenado à sua glória: «Já O glorifiquei e tornarei a glorificá-lo». Ele quer que o Filho seja reconhecido pelas criaturas racionais com a reverência devida à sua divindade. Quando O introduziu neste mundo, quis que todos os anjos O adorassem (cf Heb 1,6) e exige a mesma homenagem aos homens. O Pai quer «que todos honrem o Filho, como honram o Pai» (Jo 5,23) e, no Monte Tabor, exigiu que acreditassem nas palavras de Jesus, porque eram as palavras do seu Filho bem-amado(cf Mt 17,5).
Se olharmos para Cristo com o olhar do Pai, o valor que atribuiremos à dignidade da sua pessoa, à extensão dos seus méritos, ao poder da sua graça, será ilimitado. Por muito grandes que sejam as nossas faltas e a nossa pobreza, possuímos em Cristo um suplemento inesgotável de misericórdia. Na nossa miséria, somos ricos em Cristo (cf 1Cor 1, 5). A superabundância dos méritos de Deus é, para a Igreja que os possui, uma fonte inesgotável de gratidão, de louvor, de paz e de alegria indescritível.
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