terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

REFLETINDO A PALAVRA - “Abbá, ó Pai!”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Mistério do Amor
 
Sempre nos ensinaram que o Mistério da SSma. Trindade é incompreensível à mente humana. Cita-se a lenda de S. Agostinho que, andando na praia, quando procurava entender este mistério: “Um menininho, com uma concha, buscava água do mar para colocar num buraquinho da areia. E o Santo perguntou o que fazia. Respondeu que ia colocar toda a água do mar ali dentro. Ao que responde o Santo: impossível! O menino respondeu: é o mesmo que o senhor quer fazer achando que vai colocar o mistério da Trindade em sua cabeça”. Poderíamos completar a história dizendo: não colocaremos a água no buraquinho na areia, mas poderemos nos lançar por inteiro na imensidão desse mar. A profundidade do mistério não é totalmente desvendada, mas para ser totalmente amada. Pelo amor podemos, como filhos de Deus, chamar Deus de Pai, unidos a Cristo seu Filho, conduzidos pelo Espírito. Este “mistério” da Santíssima Trindade, revelado no Novo Testamento, é a verdade fundamental de nossa fé revelada por Jesus à qual nos unimos pelo Espírito de Amor. O fato de não saber explicar, não significa que não é possível amar. Para o delineamento da fé, a Igreja, refletiu por séculos através dos concílios que definiram as verdades da fé. É o que chamamos o “Creio” da missa, em suas duas modalidades: apostólica e niceno - constantinapolitano. É o que cremos e a Igreja defende até a custa do próprio sangue, como vemos nos mártires. Esta fé tem que ser purificada também em nossas interpretações menos condizentes. Estamos sempre traçando o sinal da Cruz em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo para aprofundar nossa vida de união à Trindade Santa. 
Deus que salva 
Os hebreus conheceram a Deus através dos muitos gestos salvadores que Ele realizou em seu favor, como lemos no livro do Deuteronômio: “Terá algum Deus vindo escolher para si um povo entre as nações, por meio de provações, de sinais e prodígios, por meio de combates, com mão forte e braço estendido, e por meio de grande terror, como tudo o que por ti fez o Senhor vosso Deus fez no Egito?” (Dt 434). O conhecimento de Deus está, não está primeiramente em código de verdades, mas nas intervenções salvadoras de Deus em seu favor. Assim acontece conosco também, mas nos falta a consciência desta misericórdia salvadora de Deus em Cristo. Somos agraciados por estas maravilhas e ao mesmo tempo chamados a comunica-las. 
Ensinai e batizai 
Jesus, ao subir ao Céu diz: “Toda autoridade me foi dada no Céu e sobre a terra” Jesus é o Senhor, pois tem a autoridade que lhe foi conferida pelo Pai. Por isso envia. Os discípulos, enviados vão com a mesma autoridade que o Filho recebeu do Pai. Por isso diz que batizamos em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Nome é a essência, existência concreta de Deus, como disse: no Nome, não nos nomes. O Nome sagrado, impronunciável do Antigo Testamento, é agora colocado nos lábios dos filhos pequeninos. Fazer discípulos é criar uma comunidade, como a dos apóstolos com Ele, que é evangelizada. Urge a nós como cristãos assumir nossa dupla missão: viver em comunhão com a Trindade e levar aos outros esta vida. Somos chamados ao zelo ciumento de Deus que quer que O amemos sem dividir com outras divindades, aquelas que construímos com nossas mãos. Não mais deuses de ouro ou prata, mas o deus do dinheiro, do poder e do prazer que não nos dão a Vida.
Leituras:Deuteronômio 4,32-34.39-40;
Salmo 32;
Romanos 8,14-17;Mateus 28,16-20. 
1. O mistério da Trindade não é totalmente desvendado para que seja totalmente amado. Pelo amor podemos, como filhos de Deus, chama-lo de Pai unidos a Cristo seu Filho, conduzidos pelo Espírito. É a verdade fundamental revelada por Jesus. A Igreja refletiu por séculos e deu-nos as definições nos diversos concílios através da profissão de fé. Esta necessita ser sempre purificada. Fazemos o sinal da Cruz em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo para aprofundar nossa união à Trindade.
2. Os hebreus conheceram a Deus através dos gestos salvadores que realizou em seu favor, como lemos em Deuteronômio. O conhecimento de Deus não está primeiramente num código de verdades, mas na ação de Deus em nossa vida. Falta-nos a consciência da misericórdia salvadora de Deus em Cristo. Somos agraciados para anunciá-las. 
3. Jesus recebeu a autoridade do Pai e nos envia com a mesma autoridade para continuar sua missão de nos unir ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, fazer discípulos e ensinar o Evangelho. O nome impronunciável no Antigo Testamento agora é colocado na boca dos pequeninos. Deus urge de nós não dividir nossa fé com divindades que matam o ser humano e não dão vida. 
Chave do Tesouro 
Existe no coração de cada pessoa o desejo de encontrar um tesouro. Imaginamos uma arca cheia de pedras preciosas. Não sei se alguém já teve essa sorte. Mas há um tesouro que tem um mapa muito simples para encontrar. A chave está em nossa mão. De repente descobrimos que nosso Pai é dono do mundo e faz questão de reconhecer como filhos e com um processo rápido: “Quem crer e for batizado será salvo”. E podemos dizer a Ele: “Abbá”, que significa Paizinho. Esse Paizão é Pai, Filho e Espírito. Três Pessoas em um só Deus. Difícil de explicar, mas muito fácil para amar. A chave para o tesouro é amar para compreender. Esse Deus só fez maravilhas. Primeiramente se comunicou a nós de muitos modos, sobretudo através de Jesus. Ele tem carinho para com todos. Se nós o amamos de fato, vamos convidar outros a fazerem parte desta família através do batismo e do ensinamento de Jesus. Ele vai estar conosco até o fim dos tempos. 
Homilia da Sol. da Santíssima Trindade (03.06.2012)

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