Evangelho segundo São Marcos 7,31-37.
Naquele tempo, Jesus deixou de novo a região de Tiro e, passando por Sidónia, veio para o mar da Galileia, atravessando o território da Decápole.
Trouxeram-Lhe então um surdo que mal podia falar e suplicaram-Lhe que impusesse as mãos sobre ele.
Jesus, afastando-Se com ele da multidão, meteu-lhe os dedos nos ouvidos e com saliva tocou-lhe a língua.
Depois, erguendo os olhos ao céu, suspirou e disse-lhe: «Effathá», que quer dizer «Abre-te».
Imediatamente se abriram os ouvidos do homem, soltou-se-lhe a prisão da língua e começou a falar corretamente.
Jesus recomendou que não contassem nada a ninguém. Mas, quanto mais lho recomendava, tanto mais intensamente eles o apregoavam.
Cheios de assombro, diziam: «Tudo o que faz é admirável: faz que os surdos oiçam e que os mudos falem».
Tradução litúrgica da Bíblia
(1786-1859)
Presbítero, Cura de Ars
Sermão para o 11.º Domingo depois do Pentecostes
«Imediatamente se abriram os ouvidos do homem,
soltou-se-lhe a prisão da língua
e começou a falar corretamente»
Que desejável seria, meus irmãos, que se pudesse dizer de cada um de nós o que o Evangelho diz do mudo que Jesus curou: que ele falava bem. Infelizmente, meus irmãos, não poderemos, pelo contrário, ser censurados por falarmos quase sempre mal, sobretudo quando falamos do nosso próximo?
De facto, qual é o comportamento da maior parte dos cristãos de hoje? É criticar, censurar, denegrir, condenar o que o próximo faz e diz; este é o mais comum de todos os vícios, o mais universalmente difundido, e talvez o pior de todos. É um vício que nunca é demais detestar, um vício que tem as consequências mais desastrosas, que traz problemas e desolação por todo o lado.
Oh, que Deus me desse um daqueles carvões que o anjo usou para purificar os lábios do profeta Isaías (cf Is 6,6-7), para eu purificar a língua de todos os homens! Quantos males seriam banidos da terra se fosse possível banir os mexericos! Pudesse eu, meus irmãos, dar-vos tal repugnância por esse vício que tenhais a felicidade de o corrigir para sempre!
Termino dizendo que não só está mal caluniar e difamar, mas também ouvir com prazer a calúnia e a difamação; porque se ninguém ouvisse, não haveria caluniadores Digamos muitas vezes: «Meu Deus, dai-me a graça de me conhecer tal como sou». Feliz, mil vezes feliz o homem que usa a sua língua apenas para pedir a Deus perdão pelos seus pecados e cantar os seus louvores!
Nenhum comentário:
Postar um comentário