Evangelho segundo São Mateus 9,14-15.
Naquele tempo, os discípulos de João Batista foram ter com Jesus e perguntaram-Lhe: «Por que motivo nós e os fariseus jejuamos e os teus discípulos não jejuam?».
Jesus respondeu-lhes: «Podem os companheiros do esposo ficar de luto enquanto o esposo estiver com eles? Dias virão em que o esposo lhes será tirado e nessa altura hão de jejuar».
Tradução litúrgica da Bíblia
Sermão 28, PL 57, 587-590
A origem da Quaresma:
acompanhar os catecúmenos
até ao seu batismo, na Páscoa
Depois deste tempo consagrado à observância do jejum, a alma chega, purificada e esgotada, ao batismo. Recobra então as forças mergulhando nas águas do Espírito; tudo o que tinha sido queimado pelas chamas das doenças renasce do orvalho da graça do céu. Abandonando a corrupção do homem velho, o neófito adquire uma nova juventude. Com o novo nascimento, renasce outro homem, sendo embora o mesmo que tinha pecado.
Por meio de um jejum ininterrupto de quarenta dias e quarenta noites, Elias mereceu pôr fim, graças à água que veio do céu, a uma seca longa e penosa em toda a terra (cf 1Rs 19,8; 18,41): extinguiu a sede ardente do solo trazendo-lhe uma chuva abundante. Estes factos produziram-se para nos servirem de exemplo, a fim de merecermos, após um jejum de quarenta dias, a chuva bendita do batismo, para que a água que vem do céu regue a terra árida dos nossos irmãos do mundo inteiro. O batismo, qual rega de salvação, porá fim à longa esterilidade do mundo pagão. Com efeito, todo aquele que não foi banhado pela graça do batismo sofre de seca e de aridez espiritual.
Através de um jejum com o mesmo número de dias e noites, o santo Moisés mereceu falar com Deus, ficar, permanecer com Ele, receber das suas mãos os preceitos da Lei (Ex 24, 18). Também nós, irmãos muito queridos, jejuamos com fervor durante todo este período, para que se nos abram os céus e se nos feche o inferno.
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