Temos diversos momentos na História da Salvação em que o patriarca comanda sua família e responde por ela. Josué diz ao povo que faça a opção: “Se vos parece bem servir ao Senhor, escolhei hoje a quem quereis servir: se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do Rio Nilo, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24,15). É o mesmo que lemos no capítulo 11 da carta aos Hebreus sobre a fidelidade dos que suportaram grandes provações, mas mesmo assim, mantiveram a fé. Citamos o caso dos perseguidos: “Eles de quem o mundo não era digno, erravam pelos desertos e pelas montanhas, pelas grutas e cavernas da terra” (Hb 11,18). Não há diferença de fé entre os homens e mulheres de hoje e os antigos que preferiram ver seus filhos mortos que negarem a Deus como lemos em 2º Macabeus 7, no martírio dos sete irmãos e sua mãe. Mais que um fato histórico é um princípio de fé. Podemos não chegar a casos tão dramáticos, mas o drama do fiel cristão no dia a dia é uma batalha de fé. Cercado por todos os lados, numa sociedade adversa, eles sabem manter sua fidelidade a Deus. A família é a igreja fundamental. Nela se apóia o edifício da Igreja. É ali que a fé é passada com o leite materno, com os carinhos do pai e dos irmãos. É ali, que gota a gota, vai sendo transmitida a verdade de Jesus. Tijolo por tijolo se constrói este edifício. Certamente não é só a família que transmite a verdadeira fé. Mas é o fundamental. Diz a catequista Zilda Ribeiro de Aparecida que, se dermos a formação até aos seis anos, podemos ter certeza, que, mesmo que se extravie, acaba voltando ao ensinamento que recebeu. Há muitos para destruir, mas há muitos para fortificar. A família é fermento que faz crescer a massa do Reino no mundo. A Igreja, por tantos séculos foi muito clerical. Agora o leigo assume o papel que teve desde os tempos apostólicos de ser fermento na massa, ser luz na sociedade, ser alicerce de um mundo novo, ser apóstolo que anuncia. Jesus era leigo, Maria era leiga, os primeiros eram leigos.
Igreja doméstica
Aprendermos muito sobre Igreja em sua totalidade, mas pouco sobre a igreja doméstica na qual acontece a vida de fé. Em nada desprezamos a doutrina sobre a Igreja, mas lembramos que a Igreja é feita de pessoas e de famílias que a constituem. Ser Igreja doméstica é crer na presença de Jesus em seu meio, pois matrimônio é a realização da promessa de Jesus: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, Eu estarei no meio deles” (Mt 18,20). Na família, mesmo no quadro das dificuldades e dos pecados, se realiza o mandamento do amor: amar a Deus de corpo e alma. O segundo mandamento é amar o próximo de corpo e alma. Nela existe a continuação da Eucaristia na vida doada. É fácil amar à distância, mas amar dia e noite é divino.
Missão além muros
A família não se fecha. Ela é sacramento também de fraternidade. A família vive no meio de outras famílias, de outras pessoas. A tendência do mal é justamente distanciar as pessoas. Aqui entra a grande missão de família, testemunhar o amor de família para que se viva o amor. O primeiro anúncio evangélico que a família dá é sua própria vida de amor. Depois poderão vir as palavras, poderão vir as atividades pastorais e os empreendimentos. Mas primeiro e necessário é ser família para que as famílias descubram que se pode viver o Reino de Deus. O mundo só será renovado se renovarmos as famílias como Deus quis.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM OUTUBRO DE 2011
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