No Brasil houve grandes mártires no Rio Grande do Norte na época (1630-1654) em que os holandeses protestantes calvinistas ocuparam alguns lugares no país e quiseram obrigar o povo católico a se tornar calvinistas.
Morreram em defesa da fé católica e por isso os que foram identificados foram beatificados pelo Papa.
O primeiro grupo de católicos massacrados pelos calvinistas, cerca de 70 pessoas aproximadamente, foi trucidado na capela da Vila de Cunhaú, Rio Grande do Norte. O segundo grupo de mesmo número foi chacinado em Uruaçu. Esses mártires foram beatificados no ano 2000.
Os holandeses invadiram o Nordeste do Brasil e dominaram a região desde o Ceará até Sergipe, de 1630 a 1654. Eram protestantes calvinistas e vieram com seus pastores para doutrinar os índios. Isso gerou uma situação difícil para os católicos da região, porque foi proibida a celebração da Santa Missa. Em Cunhaú, RN, um pastor protestante prometeu poupar a vida a todos, caso negassem a fé católica, o que a população não aceitou. Então, no domingo, 16 de julho de 1645, festa de Nossa Senhora do Carmo, na capela da Vila de Cunhaú concentravam-se aproximadamente setenta pessoas para participar da Santa Missa.
Padre André de Soveral, com seus noventa anos de idade, iniciou a Santa Missa. Os soldados holandeses, armados de baionetas, chefiando um grupo de índios canibais invadiram a capela, em grande algazarra, logo após a consagração do pão e do vinho. Fecharam-se as portas da capela e começaram a massacrar os fiéis, impossibilitados de fugir. O sacerdote foi morto a golpes de sabre. O chefe da carnificina foi um alemão a serviço dos holandeses com o nome de Jacob Rabbi. Terminado o massacre, os algozes se retiraram, deixando os cadáveres estendidos no chão da capela. Um relato da época diz que os índios canibais devoraram as carnes das vítimas.
Outro grupo, mais numeroso, cerca de setenta pessoas, sem contar os escravos e as crianças, foram para um local às margens do Rio Grande (Rio Uruaçú), onde construíram um abrigo fortificado e tomaram o nome de Comunidade Potengi.
Essa comunidade foi atacada por índios armados, comandados por Jacob Rabbi e um famoso chefe indígena e acompanhados por soldados holandeses. Mataram todos os habitantes da fortaleza, inclusive padre Ambrósio Ferro e muitas pessoas de Natal.
Relatam os cronistas que a uns cortaram os braços e as pernas, a outros degolaram, a outros arrancaram as orelhas ou arrancaram a língua antes de os matarem. Alguns cadáveres foram esquartejados:
Padre Ambrósio Ferro foi mais barbaramente atingido por causa de sua condição de sacerdote. Em um relato o cronista diz: “Ao Padre fizeram tantas coisas, ainda vivo, que tenho pejo de escrevê-las, e bem se pode coligir que fariam hereges a um sacerdote tão honrado e virtuoso, em ódio e opróbrio da religião católica romana.”
Santo Mateus Moreira |
Mateus Moreira teve o coração arrancado pelas costas; antes de morrer ainda pôde gritar em alta voz: “Louvado seja o Santíssimo Sacramento!”.
Ele é o Patrono dos Ministros Extraordinários da Comunhão Eucarística.
Antônio Baracho foi amarrado a uma árvore, e ainda vivo, teve a sua língua arrancada, “pondo-lhe na boca em lugar dela as partes pudentas que lhe cortaram”. Depois de açoitado, queimaram-no com ferro em brasa.
Estevão Machado de Miranda foi executado diante de uma filha de sete anos que suplicava, abraçada ao pai, que fosse poupada a vida dele. Depois do pai morto, cobriu-lhe o rosto com a saia, chorando e pedindo que também a matassem.
Duas filhas de Estevão Machado foram mortas junto com ele. A uma terceira “que era uma galharda donzela venderam-na aos índios por um cão de caça.”
Uma filha de Antonio Vilela, ainda criança pequena teve morte desapiedada, “dando-lhe com a cabeça em um pau, a fizeram em dois pedaços.”
A esposa de Manuel Rodrigues, após a morte do marido, teve as mãos e os pés cortados, sobrevivendo ainda por três dias.
João Martins, um dos últimos a ser martirizado, disse antes de ser morto: ”não me desampara Deus desta maneira. Matem-me logo porque estou invejando as mortes de meus companheiros, e a glória que receberam”.
Foram canonizados pelo Papa Francisco em 15 de outubro de 2017.
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