Evangelho segundo São Lucas 12,13-21.
Naquele tempo, alguém, do meio da multidão, disse a Jesus: «Mestre, diz a meu irmão que reparta a herança comigo».
Jesus respondeu-lhe: «Amigo, quem Me fez juiz ou árbitro das vossas partilhas?».
Depois disse aos presentes: «Vede bem, guardai-vos de toda a avareza: a vida de uma pessoa não depende da abundância dos seus bens».
E disse-lhes esta parábola: «O campo dum homem rico tinha produzido excelente colheita.
Ele pensou consigo: "Que hei de fazer, pois não tenho onde guardar a minha colheita?
Vou fazer assim: deitarei abaixo os meus celeiros para construir outros maiores, onde guardarei todo o meu trigo e os meus bens.
Então poderei dizer a mim mesmo: minha alma, tens muitos bens em depósito para longos anos; descansa, come, bebe, regala-te".
Mas Deus respondeu-lhe: "Insensato! Esta noite terás de entregar a tua alma. O que preparaste, para quem será?"
Assim acontece a quem acumula para si, em vez de se tornar rico aos olhos de Deus».
Tradução litúrgica da Bíblia
Monge do Egipto(390)
Paráfrase de Simeão, o Metafrasto, sobre os
Discursos de São Macário, o Egípcio,cap.148
A alma, mais preciosa que o mundo inteiro
Comparados com a eternidade do mundo incorruptível, mil anos deste mundo são como um grão de areia tirado do mar. Peço-te que reflitas nisto: supõe que te tornavas o único rei de toda a terra, o único dono de todos os tesouros do mundo. Se te fosse dado escolher, trocarias por eles o Reino verdadeiro e certo, que não tem em si absolutamente nada que passe e se dissolva? Posso afirmar que não, se o teu juízo for sólido e fores sábio em todas as coisas.
«Que aproveitará ao homem, se ganhar o mundo inteiro, mas arruinar a sua vida?» (Mt 16,26), essa vida [da alma] que aprendemos que não pode ser trocada por coisa alguma? Pois só esta vida - já para não falar do Reino dos Céus - é, em si mesma, muito mais preciosa que o mundo inteiro e o reino deste mundo. A alma é mais preciosa pelo seguinte: a nenhum outro ser criado é mais conveniente que Deus conceda a união e a comunhão com a sua própria natureza, a natureza do Espírito, nem ao céu, nem ao sol, nem à lua, nem às estrelas, nem ao mar, nem à terra, nem a qualquer criatura do mundo visível, mas apenas ao homem, que O ama acima de todas as coisas.
Se, pois, na retidão do nosso juízo, não trocamos estas coisas do mundo - a riqueza e o reino de toda a terra - pelo reino eterno, que loucura é a da maior parte dos homens que o consideram comparável a coisas vis e comuns, como uma certa cobiça, a pequena glória, um lucro medíocre e coisas semelhantes?
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