domingo, 24 de setembro de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “Fazer a vontade do Pai”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Casa sobre a rocha
O “Sermão da Montanha” é uma síntese da nova lei. Jesus o conclui dizendo que é discípulo quem vive os ensinamentos. Não basta só dizer Senhor! Senhor! É preciso por em prática a palavra. Assim se cumpre a vontade do Pai. Esta é a atitude fundamental de Jesus em todo seu projeto de vida. Ele o realiza como entrega total ao Pai. Assim é o discípulo que Deus quer. A vontade de Deus é sempre muito clara e não precisa ser buscada longe (Dt 30,11). Para Jesus, cada um deve passar da religião exterior para a fé interior que move e modela a vida. A religião exterior consiste em palavras ou milagres que não atingem o coração. Jesus explica com uma parábola que, para entrar no Reino é preciso fazer a vontade do Pai (Mt 7,21): Quem ouve a palavra e a realiza é como o homem sábio que construiu sua casa sobre a rocha que é Jesus. Ele é a rocha, pedra de fundamento do alicerce (Mt 21,42); é a pedra viva (1Pd 2,4), a pedra espiritual (1Cor 10,1-4), a “pedra de tropeço e, quem nela crer, não será confundido” (Rm 9,33); é a pedra rejeitada: “Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta como pedra angular... em nenhum outro há salvação” (At 4,11-12). Moisés conclama o povo para dar sua resposta a Deus: “Eis que ponho diante de vós bênção e maldição; bênção se obedecerdes aos mandamentos do Senhor Deus que hoje vos prescrevo” (Dtt 11,26-27). A obediência é dada à Palavra que se identifica com Jesus. Quem ouve suas palavras e as põe em prática, constrói a vida sobre a rocha que é Jesus e tem toda bênção, isto é, faz parte do Reino. Rezamos no salmo: “Deus é minha rocha de proteção” (Sl 30). Assim se constrói sobre a rocha e nada pode abalar. Jesus, ensina a religião baseada na fé que penetra a vida e não fica só nas palavras.
Casa sobre a areia 
Quem ouve a palavra e não põe em prática é como o homem que construiu a casa sobre a areia. Qualquer intempérie a destrói completamente. O termo ruína completa explicita a palavra que Jesus dissera pouco antes: “não podeis servir a dois senhores” (Mt 6,24). Não pode haver meio termo e compromisso com outro ‘reino’. Mesmo se falarmos em seu nome e fizermos prodígios e expulsarmos demônios em nome dEle, não vale. São Falsos profetas desconhecidos para Ele: “Jamais vos conheci. Afastai-vos de mim, vós que praticais o mal” (22-23). É a mesma condenação do Juizo final (Mt. 25,41). O caminho será de maldição se desobedecerem os preceitos, se se distanciam do caminho que é dado pelo Senhor, se seguem deuses que levam alianças de morte. Não são suficientes para o Reino. 
Ponho diante de ti 
Moisés convoca o povo a colocar as palavras de Deus em seu coração e até fisicamente em sua vida, escrevendo em faixas para colocar na testa. É uma escolha e bênção ou maldição de acordo com a obediência aos mandamentos (Dt 11,18.26-27). É a escolha de viver sob os mandamentos. Jesus ensina que fazer a vontade de Deus não é cumprir a lei porque é lei, mas porque se funda na fé em Jesus e em Sua palavra. Deus põe diante de nós a possibilidade de uma escolha. Vivendo os mandamentos vivemos o dom da aliança. Cada celebração é um momento de escolha. Participar do sacrifício da missa é unir-se à vontade de Cristo. Não é só uma oração ou um rito. Ficar só no rito é matar sua finalidade. Somos chamados a cumprir os preceitos que hoje o Senhor nos dá para termos a bênção 
Leituras: Deuteronômio 11,18.26-28; 
Salmo 35; 
Romanos 3,21-25a.28; Mateus 7,21-27 
1. Discípulo é quem cumpre os mandamentos com o coração, não só com palavras. Jesus ensina a passar a palavra para a vida, isto é, cumprir a vontade do Pai e entrar no Reino. Jesus faz a comparação com a casa feita sobre a rocha e resiste. A rocha é Jesus. Quem obedece à palavra tem a bênção. A religião baseada n fé penetra a vida e não fica só nas palavras. 
2. Construir a casa sobre a areia é ouvir a Palavra e não pô-la em prática. Ruína completa se explicita pelas palavras: “não podeis servir a dois senhores”. A falta de compromisso destrói tudo. Não adiantam palavras e mesmo milagres feitos em nome de Jesus se não vive a fé. Afastai-vos de mim são as palavras do juizo final. É a maldição. 
3. Moisés coloca o povo diante de uma opção: obediência à Palavra – Mandamentos para a bênção ou desobediência para a maldição. Cada celebração é um momento de se fazer a escolha. Rito pelo rito esvazia a celebração. O importante é unir-se à vontade de Cristo. 
Pedreiro meia colher 
Não criticamos a fragilidade do pobre. A pobreza é tanta que não se desenvolve. Aí entra nossa missão de dar oportunidades e ensinar. Ninguém é tão incapaz que não aprenda. Estamos lidando com outra situação. Para construir a vida cristã é preciso trabalhar como mestre, não como meia colher. Não é preciso um estudo especial, mas sabedoria de ouvir a Palavra e pô-la em prática. Isso é construir sobre a pedra. Sem isso se constrói sobre a areia. Vemos os resultados de uma construção sem alicerce. O alicerce desta construção é Jesus, pois Ele é a pedra que sustenta o edifício da fé. Construir sobre a areia é levar uma vida cristã pela metade, não assumindo os mandamentos de Deus que são uma bênção e beliscando em tudo o que existe de religião. Então se dá a desculpa de que todas as religiões são boas, isto é, não me comprometo com nenhuma. É o que diz Jesus: não pode servir a dois senhores. Abaixa a cabeça ora para um, ora para outro. Estamos diante da opção. Cabe a nós escolher a bênção ou a maldição. 
Homilia do 9º Domingo Comum (06.03.2011)

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