A 2 de Maio de 1907, Dina Bélanger faz a primeira comunhão, já com dez anos, segundo as regras do tempo, pois havia nascido a 30 de Abril de 1897. Desde então, desenvolve-se nela, cada dia, ‘a fome do Corpo e Sangue de Cristo’ numa escuta contínua de um chamamento interior.
Até aos 16 anos, estuda no Colégio de Bellevic das Religiosas de Nossa Senhora e, depois, volta para a sua casa em Québec, Canadá. Nessa altura, comunica ao pároco o desejo de entrar num convento, vontade que ele manda deferir, pois a julga ainda demasiado jovem. Tal conselho em nada muda o plano de sua vida espiritual da rapariga, muito embora continuasse a sua formação artística, estudando piano. Com grandes elogios da parte de seus professores, obtém altos títulos acadêmicos e, em 1917, muda-se para Nova York, com a intenção de formar-se em música, no Conservatório da mesma cidade.
Um ano volvido, ei-la de novo em Québec, onde experimenta grande aridez espiritual. Mais tarde, como ela própria conta (escreveu a sua autobiografia, a mando das superioras que conhecendo a sua intensa união com Deus e alguns fenômenos místicos por ela experimentados, lhe mandam refundir a história da sua vida) “Jesus começou a incendiar-me interiormente com suas chamas de amor. Num colóquio de amor, abrasou o meu coração com uma delas... A reparação ao Coração Divino ultrajado, o zelo pela salvação das almas convertiam-se em mim em deveres imperiosos”.
Dá concertos variados, por diversas terras, com muito agrado e deleite do público. Continua, porém, o mesmo desejo de sempre: entrar numa comunidade religiosa. A inquietação dessa época é assim contada: “Não tinha apetite senão de Deus. Serei contemplativa? Educadora? Uma voz me segreda interiormente: ‘Não ensinarás por muito tempo’”.
Em 11 de Agosto de 1921, retira-se com sua amiga Bernardita no convento de Sillery, Canadá, da Congregação das ‘Irmãs Jesus Maria’ fundada por Claudina Thévenet, na época do Terror, em França. Pediu, nesse dia, duas graças: união íntima com Deus e contínuo aperfeiçoamento.
No dia dos seus votos, feitos juntamente com Bernardita, “Jesus desejava entregar-me um presente para a minha alma” – como anota mais tarde. Vai a Saint Michel dar aulas de piano. Um mês depois, regressa com escarlatina, essa doença contagiosa, da qual jamais se livrará, embora tivesse melhorado.
Recuperada, retoma as suas aulas. As alunas e seus pais admiram tanta abnegação cheia de doçura e firmeza. Foi nessa altura que as superioras lhe pediram para escrever a vida, cientes da sua íntima união com Deus. Por obediência, cumpre esta difícil tarefa, a mais penosa de sua existência, começando em Fevereiro de 1924.
Os anos seguintes passam entre luzes e trevas, quase sempre invadida por fortes indisposições. Todavia continua a ensinar, na medida das possibilidades. Em 1927, recebe os estigmas das santas chagas, embora permaneçam invisíveis, segundo pedira. Em 15 de Agosto do ano seguinte, emite votos perpétuos. Em Setembro de 1929, sente-se no seu fim e pergunta a Jesus quem pagará tantos favores a ela dispensados. “No céu pagarás todas as dívidas” – responde-lhe Jesus. Recebidos os sacramentos, adormeceu no Senhor.
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