Evangelho segundo São Mateus 17,1-9.
Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e levou-os, em particular, a um alto monte
e transfigurou-Se diante deles: o seu rosto ficou resplandecente como o Sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz.
E apareceram Moisés e Elias a falar com Ele.
Pedro disse a Jesus: «Senhor, como é bom estarmos aqui! Se quiseres, farei aqui três tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias».
Ainda ele falava, quando uma nuvem luminosa os cobriu com a sua sombra, e da nuvem uma voz dizia: «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência. Escutai-O».
Ao ouvirem estas palavras, os discípulos caíram de rosto por terra e assustaram-se muito.
Então, Jesus aproximou-Se e, tocando-os, disse: «Levantai-vos e não temais».
Erguendo os olhos, eles não viram mais ninguém, senão Jesus.
Ao descerem do monte, Jesus deu-lhes esta ordem: «Não conteis a ninguém esta visão, até o Filho do homem ressuscitar dos mortos».
Tradução litúrgica da Bíblia
Abade(1858-1923)
Transfiguração
«E transfigurou-Se diante deles»
Esta transfiguração de Jesus, inesperada para os discípulos e cheia de mistério, foi, sem dúvida, fonte de uma graça singular para eles: a graça do reforço da sua fé na divindade de Jesus. Ficaram assim a saber, sem qualquer dúvida, que, sob a aparência do homem com quem conversavam todos os dias (cf Fil 2,7), estava velada a suprema dignidade do verdadeiro Filho de Deus. Esta fé foi confirmada pela vinda do Espírito Santo no dia de Pentecostes.
Mas a palavra do Pai ouvida pelos discípulos não desceu da nuvem apenas para eles; todas as gerações cristãs a receberam. Cristo está sempre pronto a transfigurar-Se por cada um de nós, e a voz do Pai não cessa de proclamar, através do magistério da Igreja, a filiação divina de Jesus. É certo que Cristo não muda, mas permanece imutável para sempre (cf Heb 13,8), apresentando-Se-nos sempre como «constituído por Deus, para nós, como sabedoria, justiça, santificação e redenção» (1Cor 1,30). Mas só a pouco e pouco descobrimos a divindade da sua Pessoa, o valor incomparável da sua redenção, a imensidade dos seus méritos, o dom de amor feito aos homens pela sua vinda. Somos assim iniciados no conhecimento eminente de Cristo (cf Fil 3,8) de que fala o Apóstolo.
Mas deveis compreender que este conhecimento não é puramente intelectual; ele consiste numa iluminação interior da fé. Perante esta revelação profundamente íntima e sobrenatural, o cristão sente nascer em si o desejo de tornar a sua alma e a sua vida cada vez mais conformes às de Jesus.
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