Godoleva, oriunda de nobre família francesa, possuidora de excelentes qualidades físicas e morais, era casada com Bertoldo, nobre fidalgo da Holanda. Fidalgo de nome e de sangue, não o era de coração. O amor e a amizade, que aparentava antes, logo depois do dia do casamento transformaram-se em antipatia e ódio. Neste ódio via-se secundado pela mãe, que tudo fazia para amargurar o coração da jovem nora, a ponto de expulsá-la de casa. tendo todo o apoio do filho, aconselhou-o que desse a Godoleva uma moradia própria, á parte, que a obrigasse a viver inteiramente separada do marido e da família do mesmo.
Godoleva, educada na escola de Cristo, embora sofresse profundamente com um tratamento tão injusto e ímpio, levou a cruz com a resignação, oferecendo os sofrimentos pela conversão daqueles que a maltratavam. A malvadez do marido, inspirado diabolicamente pela mãe, chegou a ponto de atentar contra a vida da esposa. Esta conseguiu livrar-se das mãos assassinas de Bertolfo e voltou para a casa paterna.
Os pais assustaram-se com a chegada inesperada da filha, mas o pasmo transformou-se-lhes em indignação, quando souberam os motivos que determinaram, a fuga de Godoleva. Como era seu dever, tomaram a defesa da perseguida, cuja causa confiaram a Balduíno, conde de Flandres e ao Bispo de Nimega.
Bertolfo foi obrigado a receber a mulher e prometeu, sob juramento, tratá-la com toda a dignidade. Tendo estas garantias, os pais de Godoleva consentiram que a filha voltasse para a casa do marido. Bertolfo, porém, não cumpriu a palavra. Recomeçou os maus tratos, e não satisfeito com isto, concebeu o plano sinistro de livrar-se da esposa de qualquer forma.
Godoleva, entretanto, resolvera não abandonara o marido, ainda que lhe custasse a vida. Não se iludiu quanto às intenções do mesmo e da sogra, e preparou-se para a morte. Tomada a resolução de fazer desaparecer a mulher, Bertolfo contratou dois empregados, que se incumbiram da execução da ordem criminosa. Bertolfo, para dissipar qualquer suspeita que contra ele pudesse surgir, aparentou a necessidade urgente de uma viagem a Bruxelas e despediu-se de Godoleva com fingida amizade. Godoleva, porém, não confiou nas palavras mentirosas do marido e continuou a encomendar a alma a a Deus. Mal Bertolfo tinha partido , quando os assassinos contratados, por horas mortas da noite, penetraram nos aposentos de Godoleva e estrangularam-na.
O crime não foi descoberto, acreditando todos que Godoleva tivesse morrido naturalmente, em consequências dos sofrimentos morais por que passara. Bertolfo, porém, mais tarde, atormentado pelos remorsos de consciência, tirou o véu do mistério e confessou publicamente a culpa, entrando numa ordem de rigorosa penitência. Godoleva fora assassinada no ano de 1070. O seu túmulo foi glorificado por muitos milagres, que Deus se dignou fazer por intercessão da Santa Serva.
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