O tempo pascal é uma catequese sobre o Ressuscitado e orientação para a Vida Nova. Os apóstolos tinham consciência de Sua presença no meio deles e razão do sucesso de suas pregações. A Palavra de Deus era como uma rede que pegava grande quantidade de peixes para dentro da barca do Reino. Na reflexão deste 4º Domingo da Páscoa conhecemos Jesus como o pastor que guia suas ovelhas. A Carta aos Hebreus reflete o que Jesus disse de si: “Jesus, o pastor das ovelhas” (Hb 13,20). As ovelhas escutam sua voz (Jo 10,27). A liturgia do 3º domingo refletiu sobre os anunciadores da Palavra. Neste domingo reflete sobre os que a ouvem. Voltamos ao simbolismo do pastor e do rebanho, como lemos no Antigo Testamento e que Jesus descreve no capítulo 10 de S. João: “Eu sou o bom pastor;” (Jo 10,14). Estabelece-se entre o pastor e as ovelhas uma relação de conhecimento: “Conheço minhas ovelhas e elas me conhecem”(14). Este conhecimento não é só intelectual, mas de vida, como experiência de uma pessoa com a qual se une como vida. Por isso o Pastor lhes dá a vida eterna que é a participação na vida divina, já na atual condição. E elas não se perderão (28). Este conhecimento dispõe a ovelha ao seguimento. Todo fiel que conhece a Cristo segue-O até à cruz para chegar à Ressurreição. A unidade com Cristo é também unidade com o Pai, pois Jesus diz: “Eu e o Pai somos um” (30). As comunidades sofriam a insegurança de sentir a ausência do Pastor. O evangelho continua dizendo que “as ovelhas jamais se perderão e ninguém vai arrebatá-las de minha mão... e ninguém poderá arrebatá-las das mãos do Pai” (Jo 10,26-27). Estamos garantidos por Jesus, o Pastor. Deus cuida bem de seu rebanho através de seu Filho e através de nós que cremos.
Sim é bom o Senhor
Rezamos no salmo 99 que “é bom o Senhor nosso Deus”. Nós somos o seu rebanho e vivemos sua bondade. Neste tempo pascal vivemos nas belezas e certezas do amor de Deus manifestas em Cristo. A leitura do Apocalipse revela a vida no Reino futuro. A partir do batismo vivemos a vida nova do Reino. A felicidade dos mártires que Nero matou é um estímulo aos batizados a suportar as contradições, como Paulo suportou. Eles “lavaram suas vestes no sangue do Cordeiro”... “Nunca mais sentirão fome, nem sede. O Cordeiro será seu pastor e os conduzirá às fontes da água da vida. E Deus enxugará as lágrimas de todos os olhos” (Ap 7,14b.16-17). Não se trata só de um futuro, pois a vida eterna começa agora. Somos alimentados, dessedentados e não seremos deixados à sorte, pois Jesus é o pastor que nos guia e estabelece conosco um relacionamento de unidade, como ele tem com o Pai. Em nossa fraqueza temos a fortaleza do Pastor (coleta).
Mistério da recusa
Os anunciadores da Palavra recebiam a recusa dos judeus: “Era preciso anunciar a Palavra de Deus primeiro a vós. Mas, como a rejeitais e vos considerais indignos da vida eterna, sabei que vamos dirigir-nos aos pagãos” (At 13,46). A recusa se transforma em perseguição. Os inimigos envolvem mulheres piedosas e homens influentes que os expulsam do território. Há gente que participa da Igreja e é piedosa, enquanto não se lhes toca a ferida. Em nome de Deus perseguem quem proclama o Evangelho com clareza e sem compromissos. As perseguições contra a Igreja movidas pelos meios de comunicação dirigidos por inimigos ou falsos irmãos, continuam a perseguição contra Jesus.
Leituras: At s 13,14.43-52; Salmo 99;
Apocalipse 78,9.14b-17; João 10,27-30.
1. O tempo pascal é uma catequese sobre o Ressuscitado e uma orientação para a Vida Nova. Os apóstolos recebiam a força de Jesus para sua pregação. O Evangelho deste domingo mostra não o pregador do evangelho, mas a vida das ovelhas. O simbolismo do pastor e do rebanho percorre a Escritura. Deus é o pastor de seu povo. Jesus é o bom pastor. Entre Ele e o fiel há um relacionamento de conhecimento e de vida. O conhecimento dispõe ao seguimento. A insegurança da comunidade encontra força na presença do Pastor que as garante.
2. O Senhor é bom e nós vivemos de sua bondade manifestada em Cristo. O Apocalipse revela a vida no Reino futuro. A partir do batismo vivemos a vida nova do Reino. Os mártires suportaram as contradições, como Paulo e Barnabé. Nós somos alimentados, dessedentados e não seremos deixados à sorte, pois, Jesus é o pastor que nos guia e estabelece conosco um relacionamento de unidade.
3. Os anunciadores recebiam a recusa dos judeus. Esta recusa se transforma em perseguição e expulsão. As piedosas e influentes são exemplo do que acontece quando se prega o Evangelho com clareza e sem compromisso. Essa perseguição continua.
Tocando berrante
No tempo das boiadas, antigamente, o tocador de berrante ia tocando e a boiada seguindo. Jesus fala das ovelhas que seguem sua voz. A voz era uma música própria de cada pastor. Eles conheciam a música. Assim também os fiéis ouvem a Palavra anunciada e seguem Jesus. A quem Jesus acolhe, não pode haver quem lhe tire das mãos.
Seguir Jesus não é fácil. Vemos Paulo e Barnabé sendo perseguido pelos judeus. Os pagãos se alegraram porque lhes foram abertas as portas da fé. Assim se mostra que o Evangelho é para os que querem, não para um povo em particular.
Há uma curiosidade: os judeus instigam mulheres piedosas e ricas, como também homens influentes, contra Paulo e Barnabé. Assim expulsaram-nos da cidade. Isso acontece sempre assim: os donos do poder querem controlar a Palavra dos pregadores do Evangelho. Se lhes toca a ferida, eles viram bicho. Por outro lado, não podemos pregar o evangelho para agradar a certas pessoas que colocam o Evangelho a seu serviço. Usar a religião em proveito próprio é a pior forma de idolatria. Olhemos em volta e dentro da Igreja.
Homilia do 4º Domingo da Páscoa (25.04.2010)
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