A vida espiritual só tem uma direção seja qual for o ponto de partida: A Ressurreição de Cristo. Cristo vivo é nossa vida. Não se trata só de uma atividade espiritual, mas do ser espiritual. Espiritualidade não é um sentimento bom. É também, mas é a união que Cristo faz conosco, unindo-nos a sua Vida, Morte e Ressurreição. Trata-se de vida. Paulo diz, e lemos na Vigília Pascal: “Se morremos com Cristo, cremos que também viveremos com Ele... considerai-vos mortos ao pecado e vivos para Deus em Jesus Cristo” (Rm 6,8.11). Viver ressuscitado é viver para Deus, como Cristo que viveu para Deus, morreu e ressuscitou. “Vós morrestes e vossa vida está escondida, com Cristo em Deus” (Cl 3,1-4). O que acontece em nós é uma mudança de patrão, como se pudesse dizer: De escravos do mal, fomos “comprados” por Cristo para nos dar a liberdade de viver para Deus. “Por isso foi dito: “Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro” (Ef 4,8). Ele nos conquistou para si. A espiritualidade será sempre colocar a Ressurreição de Cristo em tudo, quer dizer, sempre passando da morte para vida. No momento em que faço um gesto de amor, passei da morte para a vida, como escreve João: “Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama permanece na morte”(1Jo 314). Temos clara a dimensão do amor, mas não temos claro que isso seja a Ressurreição atuando em nós. O que em nós é bom é porque passamos da morte para a Vida. Ressuscitamos em Cristo. Pascal não é só a missa ou os sacramentos, mas também nosso cotidiano. O amor é pascal, pois leva-nos à vida. O simples gesto humano voltado à vida e ao bem, é Páscoa. A Páscoa invadiu o universo, criando um novo céu e uma nova terra (Ap 21,1).
Vida de redimidos
Os apóstolos e as comunidades apostólicas são o modelo cristão para viver a Páscoa. Não existem mistérios, não é uma vida ou um caminho espiritual reservado a poucos privilegiados ou iniciados. Todos podem fazer esse caminho. Eles assumiram os ensinamentos de Jesus, como nós assumirmos. S. Lucas apresenta a vida da comunidade em poucos pontos: “Eles se mostravam assíduos aos ensinamentos dos apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações” (At 2,42). “A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava seu o que possuía, mas tudo era comum entre eles” (At 4,32). É tudo muito simples: Atenção à Palavra de Deus; desejo de viver a unidade na caridade; a participação na Eucaristia e manter viva oração particular ou comum. Cada um viva como pode esta realidade. A comunidade não era um ideal irrealizável nem pensemos que não havesse dificuldades ou pecados.
Redenção como missão
O que os apóstolos mais faziam era contar que Jesus estava vivo. Essa era sua pregação para a conversão. Os que os ouviam teriam também conhecido Jesus. A prova era o testemunho que davam e os sinais que realizavam. “Com grande vigor, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus e todos eles tinham grande aceitação” (At. 4,33). O Espírito Santo tocava os corações com sua graça. E aqueles que não conheceram pessoalmente, como os pagãos? A missão que realizavam era o mandato de Jesus que disse: “Ide por todo mundo e fazei que todas as nações se tornem discípulos meus.... Eis que estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt 28,19-20). Quem crê na Ressurreição anuncia pela vida e pela Palavra, que Jesus vive e é o Senhor.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM ABRIL DE 2010
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