Celebramos neste segundo domingo da Páscoa o “Domingo da Misericórdia”. A Misericórdia de Deus tem sua expressão máxima na Ressurreição de Jesus que é vida onde há morte. Essa misericórdia chega a nós através dos sacramentos pascais que celebramos. Pedimos a Deus que aumente os dons da graça para compreendermos as riquezas do “batismo que nos purificou, do Espírito que nos regenerou e do Sangue que nos remiu” (Oração). Assim fortalecidos proclamamos nossa fé no Cristo vivo, como Tomé. O Evangelho de S. João ensina-nos o crescimento no conhecimento de Jesus por uma fé cada vez mais pura. No Evangelho são várias as profissões de fé, sempre mais puras, como Natanael, Nicodemos, Samaritana, Marta etc.... e Tomé. Na liturgia de hoje ouvimos sua profissão de fé no Cristo Ressuscitado. É uma caminhada que passa pelas falsas seguranças para chegar à entrega de fé. Quando Jesus aparece pela primeira vez, Tomé não estava com os outros apóstolos. Ao receber a notícia de que estava Jesus vivo, diz: “Se eu não vir em suas mãos o lugar dos cravos e se não puser o meu dedo no lugar dos cravos e minha mão no seu lado, não acreditarei” (Jo 20,24-25). Queria segurança humana. Exige a prova pessoal não só o testemunho da comunidade de Jesus. Oito dias depois, Jesus aparece novamente e Tomé estava com eles. Jesus convida-o a fazer o que pedira: por a mão no lugar das chagas para saber que este que está vivo e é o mesmo que estivera morto. Tomé vê a fragilidade de sua fé e diz: “Meu Senhor e meu Deus”. Faz uma declaração de fé, reconhecendo Jesus como Deus. Jesus, referindo-se a nós, que não precisamos tocar para crer, diz: “Por que me viu acreditou. Felizes os que não viram e creram” (Jo 20,29).
Misericórdia que cura
A Ressurreição de Jesus expressa a Misericórdia de Deus no cuidado com os sofredores. Ao inaugurar sua missão, assumiu sobre si a missão do serviço de libertação de todos sofrimentos para uma vida plena (Lc 4,18-19; Is 61.1-2). Por isso os apóstolos continuam sua missão realizando os milagres que Ele fazia. A misericórdia se faz milagre para que as pessoas vivam. Dar vida é testemunhar que Ele está vivo, como escreve João no Apocalipse: “Estive morto e eis que estou vivo pelos séculos” (Ap 1,18). A fé em Cristo como Deus, como faz Tomé, se fortalece no gesto amoroso de dar vida para que a Ressurreição não seja só um ato de fé em algo espiritual, mas penetre as estruturas do mundo e as conduza à vida. A própria celebração é presença da misericórdia. Em Garça-SP, em uma Eucaristia celebrada para pacientes de hospitais psiquiátricos, uma senhora, ao fazer as preces acrescentou a prece: “a missa é minha ressurreição”. Percebeu a força de Cristo.
Misericórdia como missão
A Ressurreição é missão. Jesus, naquela primeira noite, diz aos apóstolos: “Recebei o Espírito Santo! A quem perdoardes os pecados, os pecados serão perdoados” (Jo 20,22-23). O perdão dos pecados não é uma acusação em voz baixa. É a missão de reconciliar o mundo. Certo que vai também perdoar os pecados individuais. A missão maior é de implantar a paz e ser paz a todos os homens e à natureza. Essa reconciliação vem do acolhimento da fé, como Tomé acolheu. A celebração da comunidade é um momento de abrir os olhos à fé em sua dimensão de entrega.
Leituras: Atos 5,12-16 - Salmo 117 -
Apocalipse 1,9-11a.12-13.17-19 - Jo 20,19-31
1. Celebramos neste domingo o Domingo da Misericórdia cuja expressão máxima é a Ressurreição que celebramos nos sacramentos pascais. Há um crescendo nas profissões de fé até chegar a Tomé: “Meu Senhor e meu Deus!”. Supera a falsa segurança de tocar com o dedo. Jesus considera feliz quem crê sem ver.
2. A Ressurreição de Jesus expressa a Misericórdia de Deus no cuidado com os sofredores. Ele assumiu a missão de libertar para uma vida plena. Os apóstolos continuaram sua missão. A fé fortalece o gesto amoroso de dar a vida para que a Ressurreição penetre as estruturas do mundo. A celebração é presença da misericórdia.
3. Ressurreição é missão. Jesus diz: recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, os pecados serão perdoados. É missão de reconciliar o mundo. A missão maior é implantar a paz e ser paz para todos os homens. A reconciliação vem da fé. A celebração é um momento de abrir os olhos à fé em sua dimensão de entrega.
Ter fé sem dedo
Jesus manifestou-se aos discípulos no primeiro dia da semana, no dia da Ressurreição, primeiro dia da nova criação, dia da comunidade. Jesus inicia um tempo novo. Esse tempo inicia para cada um quando Ele crê que Jesus é o Filho de Deus vivo. Ele é o Senhor glorioso.
Jesus aparece e dá a vida do mundo novo que é o Espírito Santo, para a remissão dos pecados. Os discípulos não tiveram dúvidas sobre quem era aquele que estava ali, entrando sem precisar de porta. Em outro lugar se diz que estavam tão felizes que não acreditavam. Ele até pediu um pedaço de peixe para comer, para provar que estava vivo.
Tomé não estava e só acreditava se tocasse com o dedo o lugar dos cravos. No outro domingo, veio novamente e Tome estava. Jesus o convida a tocar nele. O discípulo que fora descrente diz a maior profissão de fé: “Meu Senhor e meu Deus”. Jesus diz que felizes são os que vão acreditar sem precisar tocar com o dedo. Somos nós.
Os que acreditaram reuniam-se em comunidade. A fé não é algo individual, íntimo. É para ser vivida numa comunidade que continua a força e a missão de Jesus.
Homilia do 2º Domingo da Páscoa (11.04.2010)
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