Que Jesus tenha ressuscitado, para nós, não é problema em acreditar. A fé nos foi transmitida com tanta simplicidade que não ousamos desobedecer. Nós acreditamos que Ele está vivo porque acreditamos naqueles homens e mulheres que estiveram com Ele depois da Ressurreição. O Espírito fortalece seu testemunho. Ele apareceu diversas vezes como nos relatam os evangelhos: a Pedro, aos 12 reunidos e, mais de uma vez, aos dois discípulos de Emaús, a Maria Madalena, aos discípulos que pescavam, a mais de 500 como nos escreve S. Paulo (1Cor 15,3-7). Insiste que recebeu tudo isso por tradição. Ouviu e acreditou no que contaram os discípulos de Jesus. Ele O viu, por especial aparição, a ele que não merecia. Eles o viram e com ele mantiveram um contato tal, que não duvidavam, que não era um fantasma, pois provou que estava vivo comendo um pedaço de peixe assado (Lc 24,42). Comeu e bebeu com eles depois da Ressurreição (At 10,41), como diz Pedro. A comunidade dos convertidos aceitou a pregação sobre a Ressurreição porque viam os prodígios e milagres operados pelos apóstolos (At 2.43). Neste belo quadro surge-nos a pergunta: Como entendiam que Jesus não estivesse mais presente e o Evangelho fosse tão bem aceito? Eles não falam, no evangelho, uma saudade, mas de uma presença, como João diz na pesca milagrosa. Vendo o resultado da pregação ele diz: “É o Senhor!” (Jo 21,7).
Mas onde ele está?
Os primeiros cristãos tiveram uma experiência interessante: havia gente que conhecera Jesus pessoalmente (Lc 1,2) (deve ter sido fantástico) e outros que não O haviam conhecido. Estes fundamentavam sua fé no testemunho destas pessoas privilegiadas que Deus de antemão escolhera (At 10,41). Jesus disse: “Felizes os que creram sem ter visto” (Jo 20,29). Lentamente a comunidade, como lemos em Lucas narrando a aparição aos discípulos de Emaús, descobre Cristo ressuscitado em diversas modalidades: na fraternidade, estando juntos; nos acontecimentos do tempo presente; na Palavra de Deus, e na Eucaristia (Lc 24,13-35) . Disto segue a segurança do anúncio, pois voltaram a Jerusalém para contar aos discípulos o que havia acontecido pelo caminho. Veem Jesus no resultado da pregação. Eles não sentiram falta de Jesus, pois o tinham presente. A força de anúncio que os apóstolos tinham só pode ser resultado da certeza da Ressurreição.
Ele está no meio de nós
E nós podemos nos perguntar qual é nossa fé na Ressurreição. Sinto que tenho que entender a fé como crer numa Pessoa viva e concreta, não em numa idéia. O povo é mais realista neste ponto, pois a imagem o ajuda muito, embora não se possa parar na imagem. É mais fácil crer em milagres e manter uma fé devocional que assumir o compromisso com uma pessoa. Temos muito que aprender sobre a Ressurreição de Jesus. Ela é o fundamento de tudo. Se Jesus não tivesse ressuscitado, não haveria chances de uma fé cristã. Não temos fé em uma pessoa do passado que deixou uma doutrina, um caminho espiritual, mas acolhemos e entramos em comunhão com uma pessoa viva que vive em nós, em nosso meio. Ele continua falando, salvando, curando e oferecendo a mesma vida que oferecia aos seus. Aqui entra a função da Palavra dos Evangelhos, ao ouví-los, nós estamos nas mesmas condições dos que o ouviam pessoalmente e mais, pela fé acontece em nós a Palavra anunciada.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM ABRIL DE 2010
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