O profeta Isaías foi um dos escritores do Antigo Testamento que profetizou em Judá entre os séculos 8 e 7 a.C. Isaías escreveu o livro profético mais extenso da Bíblia. O nome Isaías significa “o Senhor é salvação”, do hebraico Yesha’yahu. Apesar de ele ser um dos profetas mais conhecidos da Bíblia, nem todos já leram a história de Isaías.
Quem foi Isaías?
Isaías foi filho de Amós, mas que não deve ser confundido com o profeta de mesmo nome. Na verdade o nome de seu pai em hebraico é ‘amots, enquanto o do profeta Amós é ‘amos. Isaías era casado, e sua esposa é chamada em seu livro de “a profetiza” (Isaías 8:3), talvez indicando que ela também profetizava.
A Bíblia menciona que Isaías era pai de pelo menos dois filhos, Sear-Jasube e Maer-Salal-Hás-Baz (Isaías 7:3; 8:1-4). Esses nomes eram simbólicos, e tinham um significado que se referia a própria mensagem do profeta.
O primeiro, Sear-Jasube, significa “um remanescente voltará”, apontando para o juízo iminente que o povo seria submetido devido ao ataque assírio, mas também apontava para a promessa de restauração . Já o segundo, Maer-Salal-Hás-Baz, significa algo como “rápido até os despojos, veloz é a presa”, fazendo referência a devastação que Deus traria sobre a Síria, Israel e Judá.
Provavelmente Isaías morava na cidade de Jerusalém, apesar do texto não esclarecer esse ponto de forma explicita (cf. Isaías 7:3). A tradição judaica afirma que Isaías era de linhagem real. Por pelo menos treze vezes, o profeta Isaías é designado como “o filho de Amoz”, o que talvez possa indicar que seu pai era um homem importante naquela época.
O ministério do profeta Isaías
O profeta Isaías foi chamado para exercer seu ministério em aproximadamente 739 a.C., no ano em que morreu o rei Uzias. O relato bíblico não informa se antes disso Isaías já pregava publicamente.
Também não é possível saber com exatidão quanto tempo durou seu ministério profético, tanto de forma oral como de forma escrita. Alguns estudiosos sugerem que ele tenha profetizado por cerca de 60 anos.
A convocação de Isaías como profeta
O relato de sua convocação para profetizar é um dos mais extraordinários registrados no Antigo Testamento. Na ocasião, Isaías teve uma visão do trono de Deus, e contemplou serafins que proclamavam a santidade de Deus.
Diante de tamanha glória, o profeta assumiu sua própria pecaminosidade. Ele se considerou impróprio para a função de profeta ao dizer: “sou um homem de lábios impuros” (Isaías 6:5). Mas um dos serafins tocou sua boca com uma brasa viva e lhe purificou.
Depois disso, o profeta escutou a voz do Senhor que dizia: “A quem enviarei, e quem há de ir por nós?”. O profeta então respondeu: “Eis me aqui, envia-me a mim” (Isaías 6:8). Mais tarde, a convocação do profeta Ezequiel lembrou em certos aspectos esse episódio esplendoroso do chamamento do profeta Isaías (Ezequiel 1,2,3).
A atuação de Isaías como profeta
No primeiro capítulo de seu livro, temos a informação de que o profeta Isaías teve visões da parte de Deus durante os reinados dos reis de Judá: Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias.
O profeta Isaías foi contemporâneo do profeta Miqueias (cf. Isaías 1:1; Miqueias 1:1). É bem possível que ambos estivessem familiarizados com a mensagem um do outro, já que o texto de Isaías 2:2-4 e Miquéias 4:1-3 são muito semelhantes.
O ministério do profeta Isaías foi precedido pelo ministério do profeta Amós e pelo ministério do profeta Oseias; apesar de que Oséias também foi seu contemporâneo durante algum tempo. Amós e Oséias profetizaram, principalmente, sobre o Reino do Norte. Já Isaías e Miquéias se concentraram mais no Reino do Sul.
Com base em seus escritos, é possível perceber que o profeta Isaías foi um homem culto e muito capacitado. Ele tinha uma habilidade analítica notável e um senso poético apurado. Ele é considerado por muitos como o maior escritor hebreu.
A mensagem do profeta Isaías
A mensagem do profeta Isaías mesclou repreensões e anúncios de maldições pela infidelidade do povo, com conforto e esperança pela restauração futura. Desse modo, o profeta Isaías pregou sobre a importância da fidelidade ao Senhor.
Além disso, sua mensagem escrita também focava os judeus exilados, conclamando-os ao arrependimento e os exortando a confiarem nas promessas de Deus. Após o período de cativeiro, o Senhor abençoaria o remanescente fiel, trazendo restauração e bênçãos sobre as nações de uma forma nunca antes experimentada.
O pecado de Israel e Judá havia chagado a um nível tão abominável, que Deus usou o profeta para falar acerca de várias maldições que atingiriam os hebreus de forma geral. A maior delas, é claro, foi o exílio na Babilônia. Nesse contexto, Deus ordenou que o profeta Isaías profetizasse para que o coração daquele povo rebelde fosse endurecido, seus ouvidos e olhos fechados, a fim de que o juízo de Deus sobre eles não fosse evitado.
O profeta Isaías também falou sobre as bênçãos futuras que seguiriam após o exílio. Ele profetizou que um remanescente sobreviveria a esse período tão difícil, e retornaria à Terra Prometida.
Isaías, o profeta messiânico
Já na época dos pais da Igreja o profeta Isaías era conhecido como o “evangelista do Antigo Testamento”. Tal designação se dá pelo modo detalhado e completo com que ele descreveu a pessoa e obra do Messias.
Muitos julgamentos profetizados por Isaías foram cumpridos no ministério de Jesus (cf. Isaías 53:4-6; 2 Coríntios 1:15; Hebreus 9:26). Além disso, o profeta Isaías apresentou Jesus como “o Servo” que traria justiça as nações; que restabeleceria a aliança; que iluminaria os gentios (no sentido de prover salvação a eles); que expiaria o pecado de seu povo e, finalmente, ressuscitaria dos mortos (Isaías 42:1-7; 49:1-7; 52:13-53:12).
É por isso que as profecias do profeta Isaías registradas em seu livro, são as mais referenciadas no Novo Testamento quando o objetivo é apontar sobre como a pessoa de Jesus cumpre com perfeição todas as promessas do Antigo Testamento em relação ao Messias prometido.
A profecia de Isaías também alcança um cumprimento ainda futuro. Ele profetizou acerca da restauração após o exílio falando sobre as maravilhas que aconteceriam, e chamou esse nova realidade de vida de “os novos céus e a nova terra” (Isaías 66:22; 65:17). Essa promessa que foi inaugurada no ministério terreno de Cristo, e que atravessa a História da Igreja, encontrará seu cumprimento pleno no maravilho retorno de nosso Senhor Jesus (2 Coríntios 4:6; 5:17; Gálatas 6:15; Tiago 1:18; Apocalipse 21:1-3).
A morte do profeta Isaías
Não se sabe com precisão quando e como foi a morte do profeta Isaías. O que se sabe é que a última menção ao seu ministério público ocorreu na época das campanhas de Senaqueribe, entre 701 a.C. e 686 a.C.
Com base no relato descritivo de Isaías 37:38 sobre a morte de Senaqueribe, alguns estudiosos acreditam que ele ainda poderia estar vivo nessa ocasião, o que data o ano de 681 a.C. Outros, porém, sugerem que esse trecho do texto pode ter sido incluído por um seguidor de Isaías que resolveu documentar tal profecia que havia se cumprido.
Seja como for, geralmente se assume que Isaías morreu durante o reinado do rei Manassés. Se for esse o caso, então o nome de Manassés não aparece na relação de reis em Isaías 1:1 porque talvez o profeta Isaías não desempenhasse mais nenhuma atividade pública nessa época.
Uma antiga tradição afirma que o profeta Isaías sofreu martírio sendo serrado ao meio por ordem do próprio Manassés, mas não há muitas evidencias a esse respeito. Caso de fato tenha ocorrido isso com o profeta, então talvez o escritor do livro de Hebreus tenha mencionado seu martírio na galeria dos heróis da fé (Hebreus 11:37).
Daniel Conegero Daniel Conegero
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