e esposo de Santa Sinforosa
Seus Atos são muito antigos, não mais de 250, e verdadeiros, com toda a probabilidade, embora os diálogos tenham sido reescritos posteriormente.
Segundo estes, Getúlio viveu no início do século II, e era um cristão íntegro, reconhecido pela comunidade cristã de Gabii, Roma, onde suas decisões eram consideradas e seus ensinamentos seguidos por muitos, conseguindo conversões à fé de Cristo. Quando estourou a perseguição a Adriano, o vice-cônsul Cereal foi enviado a Gabii para interrogá-lo e obrigá-lo a abandonar a fé cristã. Chegando à sua casa, que talvez servisse de basílica, encontrou-o a instruir os catecúmenos. Cereal entrou e desenvolveu-se esse diálogo que, como observei antes, teve que ser reconstruído posteriormente:
-Cereal: "Você ouviu as ordens do imperador?"
-Getulio: "Por que as ordens do imperador devem ser obedecidas?"
-Cereal: "Não, diga-me por que eles não devem ser obedecidos."
E eles foram para fora. Lá Cereal tentou "ajudá-lo", propondo que ele mesmo pegasse sua mão e sacrificasse aos deuses por ele, ao que Getúlio recusou.
-Getulio: "Devemos adorar a Deus, o Filho de Deus, que é o Rei dos reis, e a quem todos devem obedecer em vez de um mortal, alimento para vermes."
-Cereal: "Que Deus tem um Filho ?
”
-Getulio: “Certamente Ele tem Aquele que era e é, porque Ele é o começo.”
-Cereal: “Como posso ter certeza de que suas palavras são verdadeiras, prove-me que o Filho de Deus é Deus?”
- Getulio: "Eu sei que isso é verdade porque o Verbo de Deus, o mesmo Deus, encarnou, não do homem, mas de Deus, no ventre de Maria, a Virgem, por operação do Espírito Santo, e Ele declarou homens esta verdade, e a confirmaram por muitos sinais maravilhosos, fazendo mudos falar, surdos ouvir e curando leprosos”.
Aí apareceu Amâncio, irmão de Getúlio. Cereal ficou feliz, pensando que Amâncio faria Getúlio reagir, mas Amâncio, que era um cristão oculto por sua condição de tribuno, fez o contrário: juntou-se a Getúlio para fazer Cereal abandonar o paganismo e abraçar a Cristo. E tão ardentes foram as palavras de ambos, que Cereal se converteu a Jesus Cristo, e em vez de prender Getúlio, instalou-se entre seus catecúmenos para ser formado na fé.
Logo depois ele foi batizado e recebeu a Eucaristia. Roma enviou um oficial para perguntar sobre o Cereal desaparecido, e ele voltou escandalizado para contar que o Cereal acreditava em Cristo e havia abandonado os deuses. O imperador ordenou que Cereal, Getúlio, Amâncio e todos ao seu redor fossem presos e levados à sua presença, assim prenderam também o Cristão Primitivo, que estava ao lado de Getúlio naquela época. Chegados a Roma, foram examinados pelo cônsul Licínio (as datas não coincidem aqui, Licínio foi cônsul no início do século II. Ou é um erro, ou seria outro Licínio) E novamente as atas trazem-nos uma diálogo:
-Licínio: "Cereal, se você quer viver ou morrer, me diga."
-Cereal: “Se eu quisesse viver, não seria cristão. Quanto aos seus sacrifícios, os tenho como nada.”
-Licínio: "Getúlio, sacrifique aos deuses Júpiter e Marte, ou pedirei sua morte."
-Getúlio: "Minha vida não se extinguirá, regozijo-me com alegria inefável por me recusar a sacrificar a seus ídolos."
-Licínio: "Não despreze as ordens do imperador, mas obedeça aos deuses poderosos."
-Getúlio: "Agradeço a meu Deus, Pai Todo-Poderoso, e a Jesus Cristo, por poder oferecer-lhe um sacrifício agradável."
-Licínio: "O que você sacrifica?"
-Getulio: "Um coração contrito e humilhado."
Licínio ordenou que fossem levados para os arredores da cidade e queimados vivos. Os soldados o fizeram, mas a lenha da pira havia sido recolhida às pressas e estava molhada, de modo que Getúlio sofreu queimaduras, mas não morreu. Diante disso, os algozes pegaram em paus preparados para sustentar os cepos de videira e bateram-lhe na cabeça até morrer a 10 de Junho de 120. A sua mulher, de nome Sinforosa, levou o corpo e enterrou-o nas catacumbas da Via Salário. Uma lenda posterior faz de Getúlio um soldado aposentado, e faz de Primitivo um dos oficiais que foram aprendê-lo e teriam sido convertidos à fé por Getúlio.
O martirológio de Santo Adon de Vienne (16 de dezembro) acrescenta "consumati sunt beati Martyres Gethulii in fundo Capriolis, viam Salariam, ab urbe Romam, plus minus miliario decimotertio, supra flumium Tiberim, in partem Savinensium" sendo "Capriolis, viam Salariam ” um local conhecido na Idade Média como “corte de São Getúlio”, ou seja, como sua terra natal, mas na verdade havia uma igreja dedicada à sua memória e onde seu corpo esteve até o século IX quando foi trasladado para Farfa, exceto algumas relíquias que foram para a igreja do Santo Anjo em Pescheria, Roma, devido ao perigo dos sarracenos.
Em 752, o Papa Estêvão II transferiu para esta igreja em Pescheria as relíquias de Santa Sinforosa e seus sete filhos mártires Crescente, Julián, Nemesio, Primitivo, Justino, Estracteo e Eugenio (todos em 18 de julho).
Este fato, a antiguidade da inscrição de Getúlio no martírio romano e seu culto o tornaram marido de Santa Sinforosa e pai dos sete mártires, mas isso apenas pela coincidência dos nomes de sua esposa e do mártir, e por dar importância para a lenda deste. Em 1610 foi encontrado um túmulo de mármore no qual estavam misturadas todas as relíquias de Getúlio e companheiros e Sinforosa e filhos, e cuja inscrição certificava a tradução feita por Esteban II. Eles foram colocados em uma caixa de vidro.
Em 1584, Gregório XIII doou parte das relíquias aos jesuítas, que por sua vez doaram partes a alguns colégios espanhóis e americanos. Em 1587, para evitar mais saques, as relíquias foram colocadas no sarcófago de mármore e seladas.
Fontes:
-"Os verdadeiros atos dos mártires". THEODORIC RUINART. Volume III. Madri 1776.
-"Vidas dos Santos". Albano Butler. REV. S. BARING-GOULD. 1916.
Retirado de: preguntasantoral.blogspot.com.es
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