segunda-feira, 5 de junho de 2023

São Doroteu de Tiro, bispo e mártir 5 de junho

São Doroteu, bispo de Tiro na Fenícia, logo que foi ordenado sacerdote, sofreu inúmeros sofrimentos no tempo do imperador Diocleciano e, finalmente, tendo sobrevivido até o tempo de Juliano, pôde coroar sua venerável velhice na Trácia com o martírio, aos cento e sete anos de idade. 
Martirológio Romano: Em Tiro na Fenícia, hoje Líbano, São Doroteu, bispo, que já como sacerdote sofreu muito sob o imperador Diocleciano e, que sobreviveu até a época de Juliano, sob o império deste último, com a idade de cem e sete anos de idade, diz-se que ele honrou sua venerável velhice com o martírio na Trácia. 
Ele é lembrado no Martirológio Romano em 5 de junho. como aquele que, depois de ter sofrido muito sob Diocleciano, foi martirizado aos cento e sete anos (cerca de 362?) sob Juliano, o Apóstata. Mas este personagem é, na realidade, um pequeno enigma da antiga hagiografia e realmente não sabemos como chegar a dar-lhe uma consistência segura. Eusébio (Hist. Eccl, VII, 32) fala de um sacerdote Dorotheus de Antioquia, erudito e apreciado, nomeado (ao que parece) administrador das tinturarias de púrpura em Tiro; porém, apesar de tê-lo conhecido pessoalmente, ele nunca afirma ser um mártir. Novamente Eusébio fala de um Doroteu que não diz nem bispo nem padre, mas um dignitário da corte, condenado à morte sob Diocleciano em Nicomédia, portanto não identificável com o anterior. Tardiamente e mal, ao que parece, Teófanes (Chronographia, ed. Boor, I, 24) no sec. IX ecoa Eusébio falando de um bispo Doroteu de Tiro que sofreu sob Diocleciano e foi martirizado no final da vida sob o Apóstata. Mas como aceitar com certeza um bispo de Tiro chamado Doroteu enquanto para o sec. IV a lista episcopal da cidade a ignora, e Eusébio e Jerônimo também a ignoram? Os compiladores do Martirológio Romano preferem Eusébio a Teófanes, dando a Doroteu o título de presbítero; mas, como vimos, Eusébio não os consola, pois, falando de presbítero, não afirma que foi mártir. Portanto, não é de admirar que os estudiosos atualmente estejam divididos em duas correntes: uma, daqueles que acreditam ser provável a existência do bispo Doroteu; o outro, daqueles que tendem a negá-lo. Entre os primeiros estão os Bollanditsi e G. Bareille; entre os últimos, especialmente P. Batiffol e G. Bardy. 
Autor: Pietro Bertocchi 
Fonte: Bibliotheca Sanctorum
“Imaginai que o mundo é um círculo, que o centro é Deus, e que os raios são as diferentes maneiras de viver dos homens. Quando estes, desejando aproximar-se de Deus, caminham para o interior do círculo, aproximam-se uns dos outros ao mesmo tempo que se aproximam de Deus. Quanto mais se aproximam de Deus, mais se aproximam uns dos outros. E quanto mais se aproximam uns dos outros, mais se aproximam de Deus.” (Doroteu de Gaza, Instruções VI) Originário de Antioquia, Doroteu viveu em Gaza durante o século VI, proveniente de uma família abastada, muito culto e apreciador da leitura ao ponto de fazer chegar a sua biblioteca pessoal ao mosteiro. Doroteu entra jovem para a comunidade do abade Seridão, perto de Gaza, na Palestina, onde se torna o filho espiritual de Barsanúfio e de João, o Profeta, dois pensadores conhecidos pela profundidade das suas trocas epistolares. Os grandes anciãos, como foram chamados pela tradição monástica, moderaram o seu desejo de contemplação absoluta e propuseram-lhe a construção de um hospital para os monges doentes ou idosos. Esta experiência conduziu-o, pouco a pouco, ao afastamento das suas propriedades, dos seus livros e das suas vestes ricas. Veio a tornar-se enfermeiro chefe do hospital, construído com os fundos da sua família. A sua correspondência com Barsanúfio é célebre pelo “contrato” entre os dois: Barsanúfio aceita carregar sobre si os pecados de Doroteu (atormentado por uma afetividade mal controlada), enquanto Doroteu o protege do orgulho, dos escândalos e das palavras inúteis. Num momento de dúvida em que considera abandonar o mosteiro, Doroteu recorda as palavras esclarecedoras de Barsanúfio: “como a âncora segura o navio, assim fará por ti a oração dos que estão aqui contigo”. Destas dificuldades viriam a nascer uma grande atração pela vida comunitária e a certeza de que a oração dos outros pode apoiar uma vocação para toda a vida. Recordou-se do acompanhamento delicado oferecido pelos dois “anciãos” quando, após a morte destes, fundou a sua própria comunidade a alguns quilômetros do seu primeiro mosteiro. Por vontade dos que aí se reuniram, redigiu as Instruções, que chegaram até nós. Marcado por um realismo que não exige o impossível, propõe uma vida feita de uma renúncia tranquila, sem excessos e com sentido comunitário. Para ele, a comunidade forma um verdadeiro corpo, em que cada membro exerce uma função particular. A solidão do monge não implica o seu isolamento. Escreveu: “devemos fazer o que se diz do abade Antônio: recebia e guardava o bem que via naqueles que visitava: de um, a doçura; do outro, a humildade; de outro ainda, o gosto pela solidão. Desta forma, tinha nele as qualidades de cada um. É também isto que nós devemos fazer e, para isso, visitamo-nos uns aos outros”. Doroteu coloca ênfase em guardar os mandamentos, para ele a única coisa capaz de conduzir a graça recebida no batismo até à origem do mal em nós, e na abertura de coração àqueles que nos acompanham. Denuncia particularmente o orgulho monástico, a competição ascética entre monges, e coloca a humildade no topo da vida espiritual. O conselho que dá aos seus monges, de resistirem às tentações sem caírem no desespero, mas antes com calma e doçura, permanece pleno de atualidade nos dias de hoje. Numa altura em que muitos se sentem paralisados pelo medo do fracasso ou pelas dúvidas, é necessário compreender novamente as palavras encorajadoras de Doroteu: “No momento da prova, permanece paciente, ora e não procures controlar os pensamentos de tentação com os modos humanos. O abade Peomen passou por isso e disse que o conselho ‘não vos preocupeis com o dia de amanhã’ se dirige a quem está a ser tentado. Convencido de que isto é verdade, abandona os teus próprios pensamentos, mesmo que sejam bons, e mantém firme a esperança em Deus ‘que pode fazer imensamente mais do que pedimos ou imaginamos.” Ele morreu entre 560 e 580; de seu corpo, sua tumba e seu mosteiro não resta mais nada, provavelmente tudo foi destruído pelos árabes quando eles tomaram Gaza em 634. Dele permanece a vasta coleção de escritos, conferências espirituais, homilias, instruções ascéticas, exortações escritas diretas para os monges.

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