Evangelho segundo São Marcos 12,1-12.
Naquele tempo, Jesus começou a falar em parábolas aos príncipes dos sacerdotes, aos escribas e aos anciãos: «Um homem plantou uma vinha. Cercou-a com uma sebe, construiu um lagar e ergueu uma torre. Depois arrendou-a a uns vinhateiros e partiu para longe.
Quando chegou o tempo, enviou um servo aos vinhateiros para receber deles uma parte dos frutos da vinha.
Os vinhateiros apoderaram-se do servo, espancaram-no e mandaram-no sem nada.
Enviou-lhes de novo outro servo. Também lhe bateram na cabeça e insultaram-no.
Enviou-lhes ainda outro, que eles mataram. Enviou-lhes muitos mais e eles espancaram uns e mataram outros.
O homem tinha ainda alguém para enviar: o seu querido filho; e enviou-o por último, dizendo consigo: "Respeitarão o meu filho".
Mas aqueles vinhateiros disseram entre si: "Este é o herdeiro. Vamos matá-lo e a herança será nossa".
Apoderaram-se dele, mataram-no e lançaram-no fora da vinha.
Que fará então o dono da vinha? Virá ele próprio para exterminar os vinhateiros e entregará a outros a sua vinha.
Não lestes esta passagem da Escritura: "A pedra rejeitada pelos construtores tornou-se pedra angular.
Isto veio do Senhor e é admirável aos nossos olhos"?» Procuraram então prender Jesus, pois compreenderam que tinha dito para eles a parábola.
Mas tiveram receio da multidão e por isso deixaram-no e foram-se embora.
Tradução litúrgica da Bíblia
Papa, doutor da Igreja
Livro XIII, SC 212
«Compreenderam que tinha dito para eles a parábola»
A Santa Igreja sabe manter o vigor da sua disciplina, temperando-a com suavidade: ora não poupando os maus, parecendo poupá-los, ora, pelo contrário, poupando-os, parecendo não os poupar. Mas demonstramo-lo melhor expondo o que acontece de ordinário. Proponhamos então aos olhares da nossa alma dois espíritos desviados vivendo no seio da Igreja: de um lado, um poderoso, um rebelde, e do outro um homem manso, um subalterno. Quando neste homem manso, neste subalterno, caminha surdamente um pecado, o pregador está lá para admoestar, atacar, acusar este pecado e, acusando o pecador, libertá-lo do pecado e restabelecê-lo no caminho da retidão.
Por outro lado, apercebemo-nos de que o poderoso, o rebelde, cometeu uma falta: procuramos a melhor hora da admoestação pelo mal que ele cometeu. Porque, se o pregador não sabe esperar a hora oportuna para apontar a falta, faz crescer no outro o mal que desejava atacar. Acontece muitas vezes, com efeito, que um homem assim não sabe escutar a mais pequena palavra de admoestação. Diante da sua falta, o dever do pregador será, pois, apresentar aos que o escutam, entre as admoestações para a salvação de todos, faltas parecidas com as do homem que está ali à sua beira e que ainda não consegue acolher uma crítica estritamente pessoal, não vá ele tornar-se ainda pior. Que a invetiva lançada contra a falta se mantenha genérica, a palavra de acusação seja introduzida na sua alma sem a ferir, porque este poderoso, este espírito desviado, não percebe que ela é dirigida particularmente a ele. Que lhe fez então pregador? Poupando-o, não o poupou, não lançou palavras de culpabilização contra a sua pessoa, e, no entanto, pela sua admoestação genérica, tocou na chaga.
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