quinta-feira, 4 de maio de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “Um Deus para todos”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Um Reino que se expande?
 
A Igreja é uma estrutura humana e espiritual de grande perfeição. As leituras deste domingo, contudo, mostram claro que Deus não vive de estruturas. A oração da missa revela como Deus é: “Deus que mostrais vosso poder sobretudo no perdão e na misericórdia” (coleta). Não dispensamos as estruturas, mas não podemos querer colocar Deus e sua ação sob nosso comando. A liturgia apresenta dois casos: Primeiro, o fato dos anciãos do tempo de Moisés: Eles fizeram uma profunda experiência de Deus com Moisés. Estavam profetizando. Dois deles estavam fora, no acampamento, e profetizavam também. Josué disse a Moisés que os proibisse. Este responde: “Oxalá todo o povo fosse profeta” (Nm 11,25-29). Segundo: Pessoas estavam fazendo milagres em nome de Jesus, sem estar com Ele. João proíbe e conta a Jesus. Este responde: “Quem não é contra nós, é a nosso favor” (Mc 9,39). Não é possível ser neutro diante de Jesus. Se falo dele é porque sou por ele. Há um ministério de Jesus que não é institucional, mas dom do Espírito. Gandhi disse: “A verdade é uma só, mas tem muitas faces, como um diamante”. Pascal dizia: “Todo homem é um portador de Deus e da verdade”. Na Igreja há a tentação nos movimentos e grupos de monopolizar Deus. O jardim é belo na variedade das flores. É preciso dar espaço a outras modalidades. Busquemos a unidade na diversidade. O ecumenismo existirá, não quebrando as diferenças, mas procurando o bem, o amor e a verdade. Jesus ensina a sermos abertos. 
Uma Igreja aberta 
Onde se faz o bem ali está o Reino de Deus. A Igreja reconhece o bem existente fora dela. A Igreja não perde seu valor se vemos que outros também tem verdades. A Igreja penetra em outras instituições. É como uma água pura que vai saneando outros banhados. Podemos aprender de outros que possuem a verdade. Isso é maturidade. Ninguém é totalmente errado. Um conferencista, professor de ciência das religiões de Marseille, França, e vive num meio muçulmano, afirma para os outros: “Em seu jardim ainda há flores que não desabrocharam”. Se não são capazes de acolher e juntos pensar, têm muito ainda a crescer. O cristão não pode ser cego à presença de Jesus fora dos muros da Igreja. O Espírito Santo, é como o vento que sopra onde quer (Jo 3,8). Podemos encontrar coisas boas fora da Igreja. É a pregação do Evangelho que se implantou. Deus não se limita à instituição. Rendemos graças a Deus por todo o bem que realiza em sua Igreja. 
Os adversários de Deus 
Temos que ser responsáveis e não escandalizar e conduzir ao mal e ao pecado os pequeninos e fracos. É necessário eliminar o mal pela raiz. Jesus disse que é preciso arrancar o olho, cortar a mão e o pé que nos levam ao mal. Significa: controlar as ações, o modo de proceder, e velar sobre os desejos (E.Balancin). Vemos aqui as tentações que atacaram Jesus e são a síntese de todos os males que atingem o discípulo. S. Tiago explica como a opção pela riqueza desenfreada desenvolve uma série de males que nos prejudicam, inclusive os pobres trabalhadores. Jesus apresenta um caminho saudável: “Quem vos der a beber um copo d’água, porque sois de Cristo, não ficará sem receber sua recompensa” (Mc 9,41). O bem que fazemos não é esquecido. Deus é para todos. Nós que escolhemos Jesus faremos o bem que ele fez. A Palavra de Deus na Eucaristia é sempre uma alerta para retomarmos o verdadeiro caminho. 
Leituras:Números 11,25-29;Salmo 18; 
Tiago 5,1-6; Marcos 9,38-43.45.47-48 
1. A Igreja tem uma estrutura, mas não controla Deus. A liturgia apresenta dois casos: Primeiro os anciãos de Moisés que estavam profetizando. Dois deles não estavam com o grupo. Josué diz a Moises que responde: “Oxalá todo o povo de Deus profetizasse”. Não restringe a ação do Espírito. O segundo ocorre com João que proíbe pessoas fazerem milagres em nome de Jesus. Jesus é claro: “Quem não é contra nós é a nosso favor”. Na Igreja há também movimento e atividades que tem a tentação de pensar que só eles tem a verdade. Não é um bom caminho. 
2. Onde se faz o bem ali está o Reino de Deus. A Igreja reconhece que Deus age onde quer. Ela se vê expandida além de seus muros. Pode aprender dos outros as verdades do Reino presentes onde Deus age pois é aberta. Ex.: a guerra já não é mais aceita como justa. Isso é fruto da evangelização. Isso não empobrece a estrutura da Igreja, mas a confirma. 
3. Temos a responsabilidade de não escandalizar os pequenos. É necessário eliminar o mal pela raiz. Jesus fala em arrancar o olho, cortar a mão e o pé que levam ao pecado. Isso significa que devemos controlar as ações, o modo de proceder e velar sobre os desejos (são as tres tentações que Jesus passou). Jesus apresenta uma saída: fazer o bem. 
Deus não é ridico. 
Dois casos que têm o mesmo assunto: Deus dá o Espírito onde quer. Moisés não acha ruim que o Espírito de Deus estivesse agindo nos dois anciãos que não estavam com os outros 68 que também viram Deus. Não proibiu. Disse que seria melhor ainda se todo o povo recebesse o Espírito. Não era ciumento. Jesus não aceita a proposta de João e Tiago que queriam proibir um homem que curava em nome de Jesus e não andava com Ele. O Espírito de Deus é para todos e não só para uns poucos. Nesta temática, devemos reconhecer que Deus age também fora do quintal da Igreja. É certo também que, quem age por Deus, deve purificar suas ações, para que sejam feitas em Deus. O que Deus não quer é o espírito de exploração que fazem os poderosos e ricos fazem sobre os pobres, como escreve S. Tiago. Isso tem preço. Tudo o que fazemos por Jesus, é como feito para Ele. Tudo o que, em nós, leva ao pecado deve ser cortado fora. Ich! Vai sobrar pouco! Jesus diz que é melhor chegar no Céu faltando pedaço, do que ir para o inferno de corpo inteiro. Claro que no Céu não vai ter aleijado. É um modo de dizer. O melhor mesmo é não deixar o pecado tomar conta. 
Homilia do 26º Domingo do Tempo Comum (27.09.2009)

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