segunda-feira, 15 de maio de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “Rezar pelos mortos”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Nas mãos de Deus
 
Hoje, todos os cemitérios tornam-se templos de prece, de saudade e de amor. As preces são feitas pelas lágrimas da saudade, pelas flores da esperança e pela fé da luz das velas. A oração vai além das palavras. Visitar um cemitério é um ato de fé na Ressurreição. Se acreditássemos que tudo acaba com a morte, não nos preocuparíamos em estar ali. É um tipo de presença. O fato de citarmos os nomes das pessoas falecidas nas missas é uma demonstração de que a vida continua. Elas não desapareceram. A celebração litúrgica do dia, acentua a fé na Ressurreição e a certeza de que nossa oração é frutuosa pelos mortos. Eles estão nas mãos de Deus, como lemos em Sabedoria: “A vida dos Justos está nas mãos de Deus e nenhum tormento os atingirá” (Sb 3,1). Temos a grande esperança em nosso coração: Na casa do Pai há muitas moradas...vou preparar um lugar para vós e, quando eu tiver ido preparar-vos um lugar, voltarei e vos levarei comigo, a fim de que onde, eu estiver estejais também vós” (Jo 14,2-3). A vida após a morte é garantida por Jesus. “Se morremos com Cristo, cremos que também viveremos com Ele’ (Rm 6,8), pois “somos cidadãos do céu... Ele transformará o nosso corpo humilhado e o tornará semelhante a seu corpo glorioso” (Fl 3.20-21). Pela fé podemos ter a certeza da vida: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e crê e em mim, não morrerá jamais” (Jo 11,25-26).
O Senhor é o Bom Pastor 
“A esperança não decepciona porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5-11). A morte de Cristo por nós é a prova e a garantia de que Deus nos quer consigo, além do mais, Ele nos reconciliou quando ainda éramos inimigos (8-10). Reconciliados seremos salvos. Ele é nosso descanso: “Vinde a mim todos vós que estais cansado e fatigados ... e eu vos darei descanso” (Mt 11,28). O salmo 22, de um modo místico, coloca-nos diante da certeza de um futuro maravilhoso expresso na abundância das águas e na tranqüilidade de prados verdejantes para o repouso e a restauração das forças. Nesta bela parábola tão antiga, Jesus encontra a definição de sua própria identidade como Pastor de seu povo, suas ovelhas, que Ele conduz para a vida eterna, libertando-as e dando-lhes vida. 
Rezemos pelos mortos 
Santo Agostinho, relatando a morte de sua mãe, recorda suas últimas palavras: “Não vos preocupeis com meu corpo. Só vos peço que vos lembreis de mim no altar de Deus, onde quer que estiverdes” (Confissões 9,10-11). Isso foi no ano de 387. Já era então um costume já bem arraigado de se rezar pelos mortos, nos inícios da Igreja. Por que rezamos, de modo particular na missa? A pós-comunhão da 2ª missa reza: Nós vos rogamos em favor de nossos irmãos já falecidos, a fim de que, purificados pelos mistérios pascais, se alegrem com a futura ressurreição”. Rezamos pedindo a fé na esperança da ressurreição. Pela oração da comunidade, na celebração da Eucaristia, mistério pascal, nós pedimos: “Por este sacrifício. Livres dos laços da morte, obtenham a vida eterna” (Oferendas). Toda a oração se torna um ato de caridade que se une na purificação dos falecidos, realizada por Cristo 
Leits:1ª missa: Sb 3,3-6.9;Sl 22;Rm 5,5-11;Mt 11,25,-30;
(2ª ) Is 25,6ª7-9;Jo 14,1-6; 3ª:Jo 19,1.23-37;
Rm 6,3-4.8-9;Fl 3,20-21;Jo 11,21-27 
1. Hoje os cemitérios tornam-se templos de prece, de saudade e de amor. Rezamos de forma simbólica: luzes, flores e lágrimas. Visitar um cemitério é crer na ressurreição. A liturgia da Palavra acentua a fé na Ressurreição e a oração frutuosa pelos mortos. Eles estão em Deus. Cristo garantiu: vou preparar-vos um lugar, pois quem crê em mim, viverá. 
2. A esperança não decepciona, pois o amor foi derramado em nossos corações. A morte de Cristo por nós é a prova de que Deus nos quer consigo. Reconciliados, somos salvos. Ele é nosso descanso. Jesus se identifica com o Pai dando-se o nome de Bom Pastor. Ele liberta, sustenta, e conduz à vida eterna. 
3. Há quem não entenda porque rezamos pelos mortos. Santo Agostinho relata que sua mãe, no ano 387, pede que se lembrem dela no altar de Deus. Já era conhecimento comum, rezar pelos mortos. Rezamos para que o sacramento do Mistério de Cristo os purifique e alegre na Ressurreição. A oração é um ato de caridade que se une à purificação dos falecidos, realizada por Cristo. 
“Morro de medo de morrer!” 
Por que a gente tem medo de defunto? Tudo isso vem do folclore e do medo cultural de espíritos que vagam. Diferente é nossa visão sobre a morte. Esta não nos assusta, mas deixa uma profunda desilusão. Quando eu era quase jovem, li uma definição de vida que ficou fixada em minha mente; “Vida são as forças que resistem à morte” (Bichat - 14.11.1771 – 22.7.1802). É pouco, mas indica a luta que temos para viver. É da vontade de Deus a luta pela vida. Jesus também teve medo da morte. Basta ler o relato da cena do Horto das Oliveiras. Ele suou sangue de pavor. Por que? Ele carregava nossa frágil natureza. A Palavra de Deus, neste dia de Finados, é abundante. Ela quer aliviar nosso coração, lembrando a verdade da esperança na Ressurreição. Isso pode nos ajudar a dar sentido à vida. Ele é o Pastor que nos conduz para campos verdes, cheios de fontes e amenos, reza o salmo. Não sabemos como é o Céu. Uma coisa é certa: é melhor do que pensamos, pois Paulo nos diz: que ninguém imaginou o que Deus prepara para aqueles que Ele ama, isto é, todos. Não vamos pensar que o céu é como apresentam algumas novelas. Que falta de imaginação! Aquele eu dispenso. Rezar pelos mortos é um ato de amor. É a única maneira que podemos usar para falar com eles, pois estão em Deus e a língua de Deus é o amor em oração. 
Homilia de Finados (02.11.2009)

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