sexta-feira, 14 de abril de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “Jesus teve compaixão”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Missão feita com o coração 
Quando os apóstolos retornaram de sua primeira experiência apostólica (Mc 6.6-13), “reuniram-se com Jesus e contaram tudo que haviam feito e ensinado” (Mc 6,30). Podemos perceber a atenção de Jesus escutando as narrativas da experiência pastoral de seus “meninos”. A compaixão de Jesus não significa só cuidado dos sofredores, mas é também a capacidade de estar junto e escutar cada um. Referindo-nos a sua compaixão para com o povo, aprendemos que sua metodologia na pregação é a capacidade de amar de coração. Os evangelistas colhem esse sentimento que move Jesus em seu ministério. Foi isso que aprendeu do Pai que O enviou ao mundo. Sua missão é mostrar o coração do Pai aberto a todos. Por isso, no momento de sua morte, seu coração é aberto pela lança para significar que, por aí, temos acesso ao Pai. Jesus convida os discípulos a saborear, na solidão do descanso, as delícias de seu ministério. Vão descansar com Ele e Nele: “Vinde a um lugar deserto e descansai um pouco (v.31). Lembremo-nos que um dos temas da Escritura é entrar no descanso de Deus (Hb 3 e 4). O repouso não é só não ter o que fazer, mas é ter a capacidade de acolher os que necessitam de repouso: “Saindo de toda as cidades, correram a pé e chegaram lá antes deles” (Mc 6,33). O que vai repousar o apóstolo será a compaixão que vêem em Jesus. O povo sofrido, refugiava-se nos desertos para fugir das violentas atitudes e Herodes que há pouco matara João Batista (Mc 6,11-29), e corria para Jesus. Deus é o meu repouso. Não poderemos jamais repousar tranqüilos se a compaixão não nos leva a acolher os sofredores. Não nos dói o coração ver tantos povos distantes do amor de Cristo? Para trabalhar com o coração é preciso o repouso no Senhor. Por isso, a compaixão será um privilégio do apóstolo. “Os que choram serão consolados” (Mt 5,5). 
Ele é nossa paz 
Paulo proclama que a missão de Jesus é unir os povos e romper com toda a divisão. No templo havia divisão entre os homens judeus e os pagãos. Jesus aboliu a separação. Essa atitude de Jesus faz dele a Paz. Quando levantamos tantos muros e fazemos tantas leis e decretos, colocamos fora os amados de Cristo, os abandonados. Entre os abandonados estão os que não têm fé. Cristo quer unir e reunir. Sentimos que tantos pastores do povo, tanto na sociedade civil como na religiosa, dispersam as ovelhas. São incompetentes na missão de promover paz. A profecia de Jeremias provoca a esperança de um pastor, descendente de Davi, que reinará como rei e será sábio, fará valer a justiça e a retidão na terra. Naqueles dias Judá será salvo e Israel viverá tranqüilo”(Jr 23,5-6). Podemos realizar esta esperança dos povos. Felizes os que promovem a Paz porque serão chamados filhos de Deus. (Mt 5,9). 
Ser pastor em Cristo 
Cristo é o bom pastor. Todos os que anunciam ou dirigem o povo de Deus são pastores, mas em Cristo. Ele continua de pastor. Quantas ovelhas perdidas pelo mundo enquanto os pastores engordam e se refestelam à custa de sua lã e seu leite. Jesus fez o contrário, deu a vida o sangue para que todos tivessem vida. As autoridades são chamadas a serem pastores do povo. Agradarão a Deus se praticarem a justiça (Jo 10,10). Sem isso, sua autoridade não tem consistência. Cada Eucaristia é uma oportunidade de nos concentrarmos no único necessário e assumir nosso lugar no mundo e ser sustentados por Ele. Ser líder do povo de Deus é ter sua compaixão. O abraço da paz na Eucaristia promove a compaixão, a paz e missão do bom Pastor de conduzir às águas tranqüilas (Sl 22,2).
Leituras:Jeremias 23,1-6; Salmo 22; 
Efésios 2,13-18; Marcos 6,30-34 
1. Os apóstolos, depois da missão, contam a Jesus suas experiências. Ele os convida a um lugar sossegado. Sua compaixão é também ouvir e cuidar. O método pastoral de Jesus é a capacidade de amar de coração. Sua missão é mostrar do Pai coração aberto a todos. Em seu coração aberto pela lança temos acesso ao Pai. Convidando os discípulos a um lugar sossegado, lembra que Deus é nosso descanso. A tranqüilidade do apóstolo é ter sempre diante dos olhos a necessidade de repouso que tem o povo. 
2. Paulo proclama que a missão de Jesus é unir e romper a divisão. Jesus aboliu a separação entre judeus e pagãos. Esta atitude faz dele a Paz. Quando levantamos muros, separamos os amados de Deus, os abandonados. Tantos pastores do povo não sabem promover a paz. 
3. Cristo é o bom pastor. Todos os que dirigem o povo são pastores em Cristo. Há ovelhas perdidas e pastores que engordam. Jesus deu a vida para que tivessem vida. Agradarão a Deus se praticarem a justiça. O abraço da paz promove a compaixão, a paz e a missão do Pastor de conduzir às águas tranqüilas. 
O coração de Jesus era mole 
A experiência do Antigo Testamento, como relata o profeta Jeremias, foi a incapacidade de os pastores cuidarem do povo de Deus. Por isso promete descendente de Davi que vai cuidar do povo, como ele precisa. Quando vem Jesus, conhecemos seu carinho para com o povo sofrido. Mesmo na hora do descanso ele atende o povo. Não ouviu aquela frase: agora o padre não pode atender. Jesus viu o povo que vinha a Ele e “teve compaixão porque eram como ovelhas sem pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas” (Mc 6,34). O povo sempre saia ganhando com o coração mole de Jesus. Por que vemos tantos corações duros na Igreja que não tem pena do povo? Ele quis, como explica Paulo fazer a unidade de todos, anunciando a paz. 
Homilia do 16º Domingo do Tempo Comum(19.07.2009)

Nenhum comentário:

Postar um comentário