Josefa Saturnina Garcia Rodriguez de Zavalía, ou Madre Catarina de Maria, viúva e fundadora de ordem religiosa, nasceu em Córdoba, Argentina, no dia 27 de novembro de 1823. Foi batizada na Catedral de Córdoba no mesmo dia de seu nascimento. Pouco depois do nascimento da última filha, sua mãe morreu com apenas 23 anos.
O pai, não desejando casar-se novamente, entregou as filhas a uma tia, Teresa Orduña, viúva de 66 anos. Esta senhora tinha acolhido em sua casa uma jovem, Eustaquia, a qual passou a cuidar das órfãs, que a chamavam “mãezinha”.
Saturnina, como era chamada, cresceu em um ambiente profundamente religioso, marcado por devoções como o Natal e o Nome de Maria. Suas tias e a “mãezinha” Eustaquia, também se dedicavam a obra dos Exercícios Espirituais.
Sua formação religiosa foi muito boa, mas a cultural nem tanto. Segundo o uso da época, as filhas de famílias aristocráticas recebiam a educação rudimentar: ler e escrever as primeiras letras e as destrezas na culinária e nos afazeres domésticos para ser uma boa dona-de-casa.
Sua vocação despertou quando aos 17 anos fez seus primeiros Exercícios Espirituais, pregados pelo Padre Fermin Moreno. Para ela foi uma experiência perturbadora, se sentiu como Moisés, maravilhada que Deus pudesse falar com ela e descobriu sua vocação de consagrar sua vida a Deus.
Saturnina, porém não pode seguir com sua vocação porque na Argentina de então, só havia conventos de clausura, e não existia naquele momento a opção de vida religiosa apostólica para as mulheres. Ela se dedicou então a promover e sustentar a obra dos Exercícios Espirituais. Continuou a frequentar os jesuítas para receber direção espiritual, até que eles fossem novamente expulsos por causa de desentendimentos com o governador da província de Buenos Aires.
Aos 29 anos, após muita relutância e premida por seu confessor, que a incentivava a se casar, obedece, mesmo sentindo que era contrária aos desejos de sua alma. O casamento com o Coronel Manuel Antonio de Zavalía, viúvo, pai de dois filhos, foi celebrado no dia 13 de agosto de 1852. Com o tempo ela aceitou a sua nova condição como parte da vontade de Deus. Chegou a engravidar, mas a menina morreu ao nascer. Nos treze anos que durou seu casamento foi modelo de esposa e mãe. Depois do falecimento do esposo, em 1865, conservou com seus filhos do coração, Benito e Deidamia, uma relação afetuosa e próxima.
Em 15 de setembro de 1865, quando ia rezar no Mosteiro das Dominicanas, ela teve uma intuição, reforçada por uma visão: deveria fundar uma comunidade feminina que com o mesmo espírito dos jesuítas se dedicasse a difusão dos exercícios espirituais e à educação das crianças, mas também das jovens. Aquele pensamento nunca mais a abandonou.
Seu sonho dourado não nasceu sem sofrimentos e tribulações. Finalmente, em 29 de setembro de 1872, o Pe. David Luque inaugurou a primeira sede da comunidade, em uma casa alugada. Era formada de Catarina e outras 4 companheiras. Em 17 de outubro ele distribuiu os encargos entre elas, Catarina foi nomeada sacristã. Em abril do ano seguinte a comunidade se mudou, já eram nove, e ela foi eleita superiora. Na ocasião, ela e as companheiras começaram a vestir um hábito sobre o qual era aplicada uma imagem do Coração de Jesus e o nome da comunidade: Escravas do Coração de Jesus. Assim, era fundada em Córdoba o Instituto das Irmãs Escravas do Sagrado Coração de Jesus (Escravas Argentinas), dedicado à educação e promoção da mulher e atenção às casas de exercícios espirituais. Foi a 1ª congregação feminina de vida apostólica da Argentina.
Saturnina e as Irmãs começaram seu trabalho: no domingo ensinavam o catecismo às crianças, enquanto as pessoas assistiam à Missa em sua capela. Acolheram também alguns alunos internos gratuitamente devido sua pobreza. Sua casa chegou a hospedar mais de 400 pessoas que faziam o curso. Saturnina, já considerada a fundadora da comunidade, era a primeira nos serviços mais humildes.
Em março de 1875, as Irmãs de transferiram para a Casa Mãe. Em 8 de dezembro de 1875, o primeiro noviciado foi inaugurado e as primeiras dez Irmãs fizeram os votos religiosos. Foi então que ela passou a ser chamada Madre Catarina de Maria: o seu “sonho dourado” se tornava uma realidade.
Em 1877, convidada pelo Pe. José Gabriel Brochero, o “Cura Brochero” (canonizado em 2016), se instalou em Villa del Tránsito (Córdoba), e ambos tiveram uma fecunda missão na Igreja em fins do século XIX, sobretudo na evangelização e difusão dos exercícios espirituais.
Após a comunidade de Villa del Transito, floresceu a comunidade de Santiago del Estero. Depois vieram as de Rivadavia, San Juan, Tucumán. Voltando de uma peregrinação a Roma pelo 50º ano de ordenação episcopal de Leão XIII, Madre Catarina recebeu o convite do Arcebispo de Buenos Aires, para fundar uma casa ali. Houve muita oposição de homens e mulheres de uma posição elevada na sociedade, que não suportavam a chegada de uma congregação “provinciana”, mas finalmente a escola foi inaugurada.
A uma Irmã que sofria por causa de uma contrariedade, escrevia em 15 de janeiro de 1880: “Seria uma vergonha que uma esposa de Cristo se apegasse às coisas vis do mundo, depois de ser confiada e escravizada ao Sagrado Coração de Jesus. Nunca deixe isso acontecer conosco como com as virgens tolas, que não tinham óleo quando o noivo chegou”.
Durante a Semana Santa de 1896 a saúde da Madre Catarina decaiu. Após as funções da Quinta-feira Santa, fez sua última confissão. Permaneceu lúcida e serena naqueles últimos momentos.
No dia 4 de abril, Sábado Santo, ela recebeu os últimos sacramentos e deixou seu testamento espiritual para as Irmãs: "Recomendo-vos a paz, a obediência e a santa caridade". Finalmente, no domingo de Páscoa, ela ordenou que o chocolate fosse distribuído para as Irmãs, pois elas tinham que estar felizes, já que era grande aquela solenidade. Ela então morreu às 8 da noite de 5 de abril de 1896. Seus restos mortais foram enterrados no coro da capela da Casa Mãe das Escravas do Coração de Jesus.
Em 25 de novembro de 2017 foi beatificada em Córdoba pelo Prefeito da Congregação da Causa dos Santos, o Cardeal Angelo Amato, como delegado do Santo Padre.
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